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Feito o nome do Parque Araxá
Vida & Arte

Feito o nome do Parque Araxá

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Tipo Notícia

No caminho de casa até o curso de Informática da UFC, nos idos anos 1980, Ruy Vasconcelos passava diariamente pela Praça José de Alencar, onde tomava o ônibus para o Campus do Pici. "Perto da parada, do lado oposto ao Theatro (José de Alencar), ficava o ônibus do Parque Araxá", recorda. A cena repetida todos os dias não só ficou gravada na parede da memória, como também foi parar nos versos de Parque Araxá, canção que fala de "um bairro que só existe na mente" de Ruy.

 

Isso porque, de fato, ele nunca morou no Parque Araxá, tampouco era de circular por lá. "Não sei se a vida é bela feito o nome do Parque Araxá no letreiro do ônibus" é o verso que dá início à música que, mais adiante, confessa "não sei se quem mora lá pode ser feliz". A curiosidade sobre o bairro rendeu os versos e acordes da canção que, anos mais tarde, tornou-se popular na voz de Idilva Germano, artista cearense.

 

Quando a letra de Parque Araxá começou a ser escrita o ano era 1986 - época em que ele estudava horas de violão e harmonia todo dia. Nessa época, um comercial de uma antiga companhia de gás surpreendeu Ruy com nomes de bairros até então pouco conhecidos por ele - um deles, Parque Araxá. "Dia após dia, a gente assistia a uma nova coleção de endereços da Cidade onde a empresa fazia o serviço. Não havia rastro desses bairros no jornal, no rádio, na TV. Parece que só existiam ali, na propaganda", conta. Entre os primos e amigos de Ruy, alguns desses bairros até viravam motivo de pilhéria - Varjota, Papicu, Castelo Encantado, Carlito Pamplona - teria este último "alguma coisa de Carlitos?".

 

Ele bem sabia, obviamente, que o Castelo Encantado não era propriamente um castelo. Muito menos, encantado. "Quando compus Parque Araxá, pensei estar explorando uma defasagem semelhante", brinca. Compositor, poeta e cineasta, Ruy deixou a capital cearense algumas vezes ao longo da vida, mas confessa ter com Fortaleza um vínculo misterioso, firme. "Não só com Fortaleza, mas com todos os lugares por que passo ou vivo. Impossível não se impregnar desses lugares. No íntimo, quem não adora esta cidade?", finaliza.

 

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