Logo O POVO+
Bum bum bum Castelo Rá-tim-bum
Vida & Arte

Bum bum bum Castelo Rá-tim-bum

| INFÂNCIA | Referência na produção feita para crianças, o Castelo Rá-Tim-Bum completa 25 de transmissão do primeiro episódio. Programa é um marco na televisão brasileira
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
São Paulo - Memorial da América Latina, em parceria com o Governo do Estado de São Paulo, inaugura a exposição
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil São Paulo - Memorial da América Latina, em parceria com o Governo do Estado de São Paulo, inaugura a exposição "Rá-Tim-Bum, o Castelo", que recria os cenários do seriado produzido pela TV Cultura na década de 90 (Rovena Rosa/Agência Brasil)

A forma como a televisão e as crianças se comunicam nunca mais foi a mesma após 9 de maio de 1994. Nesse dia estreou, sem pretensões de ser marco ou referência, o Castelo Rá-Tim-Bum. "Eu sabia que estava participando de mais um programa muito bem feito, com muita gente talentosa, de boa vontade e respeito pelo público, mas não imaginei que mais de 20 anos depois ainda seria sequer lembrado, quanto mais amado, reverenciado e homenageado", conta Flavio de Souza - criador e roteirista. O programa apresentava uma mistura de fantasia, conteúdo pedagógico não curricular e responsabilidade.

O CRTB, explica Thinayna Máximo, integrante do Laboratório de Pesquisa da Relação Infância, Juventude e Mídia (Labgrim-UFC), convidava as crianças a mergulharem em um mundo de fantasia, a fazer parte da narrativa. O programa contava a história de Nino - jovem bruxo de 300 anos que vivia com os tios em um castelo no centro de São Paulo. Se sentindo solitário, ele realiza um feitiço e consegue três crianças - Pedro, Biba e Zequinha - para brincar com ele. Cada um dos 90 episódios tem um novo arco e é permeado por quadros que abordam temas que vão das ciências e do folclore até a higiene pessoal.

"Os roteiros dos eventos no castelo eram uma costura para os quadros incluídos em cada episódio, o maior desafio era contar uma história que não se 'desmanchasse' por ser várias vezes interrompida", explica Flavio. O criador acredita que a fórmula do programa funcionaria para as crianças da atualidade - "tanto que continua sendo assistido por onde passa".

Para Thinayna, a narrativa do CRTB é atemporal. "As crianças querem explorar o mundo, querem descobrir coisas novas, fantasiar, e querem, sobretudo, brincar. Todos esses elementos estão presentes na série", diz - lembrando que muitas crianças são apresentadas à série pelos seus pais, que cresceram assistindo e tornaram-se fãs.

Totalmente diferente de outros produtos televisivos exibidos à época, o CTRB não estava atrelado a uma narrativa mercadológica. "Quando participavam dos outros programas, pela plateia ou por telefone, as crianças estavam sempre em busca de ganhar algum prêmio. Então, o Castelo Rá-Tim-Bum era uma alternativa não só mais educativa, mas também muito mais interessante do ponto de vista do entretenimento, construindo a ideia de que se deixar afetar por uma história é bem mais divertido do ganhar um prêmio", completa a pesquisadora.

O pensamento é reforçado por Flavio de Souza, para quem o programa representou uma opção em relação ao consumismo inerente de programas apresentados em TV aberta. "Se bem que a própria Xuxa criou um programa chamado Xuxa no mundo da imaginação em que ela deixou de ganhar alguns milhões de reais ao se recusar a fazer mershandisings", lembra o roteirista do Castelo.

O afeto, diz Flavio, é a palavra certa para se referir ao CRTB. "O Mau só brinca de ser mau, e o grande vilão nunca é mal-educado, e ninguém o agride, tanto fisicamente quanto verbalmente; e os adultos, mesmo quando repreendem as crianças, são carinhosos e compreensivos. As situações de conflito são sempre resolvidas, e todos são sempre (ou quase) gentis, respeitosos e... afetuosos", finaliza.

90

episódios da série,

divididos em quatro temporadas. Um especial também foi produzido

9 de maio de 1994 é a data de estreia do programa na TV Cultura, que ficou no ar até 24 de dezembro de 1997

Exposição Castelo Rá-Tim-Bum

São mais de 30 toneladas de materiais e equipamentos, 500 m², 25 cenários e mais de 50 profissionais envolvidos na mostra itinerante. Desde 2014 - ano de comemoração dos 20 anos do programa - uma exposição com cenários, figurinos e histórias do Castelo Rá-Tim-Bum tem atraído grandes públicos por onde passa. Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília são destinos que já receberam a mostra. Os visitantes podem entrar no castelo, conhecer curiosidades, fotografar fantoches e viver uma experiência imersiva. Mais de 900 mil pessoas já passaram pela exposição.

Raios e trovões!

Para os fãs saudosos há uma seleção de vídeos do Castelo Rá-Tim-Bum disponíveis no YouTube.

www.youtube.com/user/videocasteloratimbum

 

Criação

O programa foi criado pelo dramaturgo Flavio de Souza e pelo diretor Cao Hamburguer. Os roteiros eram de Dionísio Jacob, Cláudia Dalla, Bosco Brasil e Anna Muylaert. O artista Jésus Sêda era o responsável pelos bonecos.

 

Imagem do programa Castelo Rá-Tim-Bum
Imagem do programa Castelo Rá-Tim-Bum

Os personagens

Nino (Cassio Scapin ): Antonino Stradivarius Victorius II, filho de Antonino Quântico Stradivarius II e de Ninotchka Astrobaldo Stradivarius, é uma criança de 300 anos. Foi morar com os tios bruxos quando, em 1990, os pais embarcaram para uma viagem de dez anos no espaço sideral.

Dr. Victor (Sérgio Mamberti): Tio de Nino. Um feiticeiro amigo das máquinas, dos animais e das crianças, e um inventor. É conhecido pelo bordão "Raios e Trovões!".

Tia Morgana (Rosi Campos): Ana Morgana Maria Gioconda Teresa Cecília Luísa Astrobaldo Demétrio Fonseca Stradivarius Victorius é tia-avó de Nino, uma poderosa feiticeira de 6 mil anos. Ao longo desse tempo, teve a oportunidade de participar de grandes eventos e passagens da história e de lendas. A gralha Adelaide é sua fiel companheira.

Pedro, Biba e Zequinha (Luciano Amaral, Cinthya Rachel e Freddy Allan): Os três amigos e companheiros de aventuras de Nino.

Caipora (Patrícia Gasppar): Personagem do folclore brasileiro, aparece sempre que alguém assobia. Ela conta histórias indígenas para as crianças.

Etevaldo (Wagner Bello): Um alienígena, velho amigo de Dr. Victor. Visita o Castelo com frequência, entrando via teleporte direto de sua nave espacial.

Tíbio e Perônio (Flávio de Souza e Henrique Stroeter): Cientistas malucos que sempre são mencionados quando um fato interessante "interessaria muito a uma pessoa. Uma não, duas".

Penélope ( Angela Dippe): Uma jovem repórter que se casou com o igualmente rosa Ulisses, tendo uma filha que batizaram de Nina em homenagem ao Nino.

Dr. Abobrinha (Pascoal da Conceição): Um corretor imobiliário que possui uma obsessão em construir um prédio de cem andares. Constantemente se disfarça e tenta fazer os moradores do castelo a assinarem um contrato de venda do imóvel. Fica irritado por ser chamado de Dr. Abobrinha, afirmando que seu nome é "Dr. Pompeu Pompílio Pomposo ".

Gato Pintado: Morador da biblioteca, o Gato é um apaixonado pela arte escrita. Quando alguém quer pegar emprestado um dos livros, deve solicitar ao Gato Pintado, que diz haver 1005 exemplares no acervo.

Mau: Um monstro roxo que habita os encanamentos do castelo e tem como passatempo mostrar que é mau - como sugere seu nome. Seu quadro envolve desafiar os telespectadores com enigmas ou fazê-los repetir trava-línguas, sob ameaça de ouvirem sua temível "Gargalhada Fatal". Seu inseparável companheiro é o monstrinho Godofredo, uma ratazana.

Celeste: Uma cobra cor-de-rosa, que habita a árvore do castelo, geniosa e um tanto egoísta às vezes. Seu passatempo predileto é reclamar: "sou uma pooooobre cobra sem pernas, nem pés, nem braços, nem mãos".

Relógio: Localizado no hall de entrada, tem orgulho de ser muito preciso e avisa horários importantes, como a hora de ir embora, do Dr. Victor chegar ou da Morgana contar histórias. Seu visual foi inspirado no apresentador Chacrinha.

Ratinho: É um dos personagens mais queridos do programa. Tem um quadro próprio em que aborda temas como higiene pessoal e reciclagem do lixo através de músicas divertidas. Que nunca cantou: "Tchau preguiça, tchau sujeira, adeus cheirinho de suor....!"

Porteiro: É uma campainha em forma de robô que só deixa entrar no Castelo quem segue as instruções malucas de suas "senhas do dia", como pular num pé só, citar derivados do leite, cantar. Quando os visitantes acertam, ele abre as portas e emite seu bordão "Klift Kloft Still, a porta se abriu!".

Outros personagens

Felizberto (transmissor de cinema antigo); Planta Carnívora; Valdirene (vassoura da Tia Morgana); Livro Falante; Efigênia (coelha do Nino); Apresentador de Circo; Ulisses (marido da Penélope); Nina (filha de Penélope e Ulisses); Etcétera (irmã mais nova do Etevaldo); Naná (babá contratada para cuidar do Nino); Neneco e Mariana (amigos de escola do Zequinha); Zula (menina azul); Almirante Costa; Eduardina (afilhada da Tia Morgana); Cupido; Dona Cotinha (professora contratada pelo Dr. Victor para dar aulas à Nino); Tadeu (capanga do Dr. Abobrinha); Eugênio, o Gênio; Saci Pererê; Mensageiro; Lana e Lara (fadas boas que moram no lustre do castelo); Telekid (responsável pelo "porque sim não é resposta"); João de Barro e as Patativas (passarinhos que moram no alto da árvore); Tap e Flap (par de botas com óculos escuros que falam sempre rimando); Fura-bolos (Fantoche de dedo); Bongô (entregador de pizza e amigo do Nino); Poranga e Purunga (irmãos curumins que vivem na floresta).

O que você achou desse conteúdo?