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Mestre das composições
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Mestre das composições

| HOMENAGEM | Cearense de Russas e com mais de 30 anos dedicados à atividade composicional, Liduíno Pitombeira será agraciado com a Medalha Villa-Lobos em cerimônia no Rio de Janeiro
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Liduíno Pitombeira (Foto: Mauro Angeli/ Divulgação)
Foto: Mauro Angeli/ Divulgação Liduíno Pitombeira

Honraria concedida pela Academia Brasileira de Música desde 2014, a Medalha Villa-Lobos pertence, este ano, a um cearense. Natural de Russas e residindo na capital carioca há cinco anos, Liduíno Pitombeira, 57, integra atualmente o corpo docente da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), lecionando no Programa de Pós-Graduação em Música da instituição, na linha de Poéticas da Criação Musical, por sua vez inserida na área de Processos Criativos. A entrega da medalha, marcada para o dia 12 de julho, às 20 horas, em cerimônia na Sala Cecília Meireles (RJ), casa-se com as celebrações de 74 anos da própria ABM. Sua trajetória, no entanto, remonta à infância no município situado na região do Baixo Jaguaribe. 

"Meu interesse pela música surgiu através do violão, o qual comecei a estudar aos 11 anos de idade, em 1974, orientado por um garoto de sete anos, de uma família de músicos: o Paulo Santiago. Logo em seguida, passei a integrar o grupo de música da igreja matriz, sob a coordenação do vigário, o Cônego Pedro de Alcântara Araújo, que era pianista e organista, com excelente leitura à primeira vista e vasto conhecimento de harmonia tonal adquirido em seus estudos na Alemanha", recorda. Ainda em Russas, a experiência como guitarrista ao lado do conjunto do Colégio Flávio Marcílio fez com que Liduíno, pouco tempo depois, fundasse o grupo Inhamuns, isso já na Escola Técnica (atual IFCE).

Participando também da fundação da Banda Officina (1982), foi nessa época que Pitombeira iniciou os estudos de harmonia com Vanda Ribeiro Costa - fazendo paralelamente alguns cursos com Tarcísio José de Lima. "Esses estudos me levaram naturalmente a buscar um maior aprofundamento na área da composição, o que me estimulou a estudar com José Alberto Kaplan em João Pessoa. Em 1986, participei da fundação do Syntagma, o mais antigo grupo de música de câmara do Ceará. Foi para o Syntagma, inclusive, que escrevi o que hoje considero meu Opus 1, Fantasia sobre a Muié Rendêra, obra dedicada à minha esposa, a cravista do grupo naquela época, Maria Di Cavalcanti (Duda)", ressaltou o compositor.

Liduíno Pitombeira, que também é PhD em composição com especialização em Teoria pela Louisiana State University (EUA), é possuidor de diversos prêmios relacionados à área, seja dentro ou fora do País. Dentre os quais, destacam-se o primeiro prêmio no Concurso de Composição "Sinfonia dos 500 Anos" e o primeiro no Concurso de Composição Camargo Guarnieri (1998). Sob a orientação do compositor greco-americano de música clássica contemporânea, Dinos Constantinides, o cearense foi bolsista da Pós-Graduação (mestrado e doutorado) em composição e teoria pela Universidade Estadual de Louisiana, em Baton Rouge (EUA).

Com formação em Eletrotécnica pelo IFCE, o cearense chegou a trabalhar na Coelce (atual Enel); já na Secult, exerceu a função de consultor de música, durante a gestão de Paulo Linhares. Um episódio marcante, segundo ele, foi "minha primeira premiação, na Bahia, com a obra O Último Dia de Canudos, seu primeiro trabalho orquestral. No Rio de Janeiro, Liduíno atua no MusMat, grupo de pesquisa que desenvolve estudos no âmbito da relação entre música e matemática. Quanto ao cenário da música local, reconhece: "Não tenho acompanhado de perto os atuais desenvolvimentos, mas sei que o Ceará, e, principalmente Fortaleza, com tantos talentos na área instrumental e composicional, mereceria ter maior investimento público na formação de instrumentistas orquestrais e de câmara", destaca.

A Medalha Villa-Lobos, para Liduíno, traduz-se num reconhecimento à sua trajetória de compositor em meio a mais de três décadas dedicadas à música. "Para mim é uma grande honra receber essa comenda de uma das mais importantes entidades musicais brasileiras. Significa um valioso reconhecimento de mais de 30 anos de atividade composicional, o que, certamente, abrirá novos caminhos e novas conexões que me permitirão contribuir ainda mais com a música brasileira", finaliza.

SERVIÇO

Para consultar a produção de Liduíno Pitombeira:

https://bit.ly/2QBHM88

Para acessar a revista do MusMat:

musmat.org

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