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Becha Cearense
Vida & Arte

Becha Cearense

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Refúgio para a comunidade LGBTQI na Nova Iorque dos anos 1980, a dança do vogue e as balls seguem cumprindo papel importante na Fortaleza de 2019. As chamadas balls são, em termos básicos, bailes competitivos frequentados majoritariamente por negras, negros, latinas e latinos que disputam em diferentes categorias de moda e dança, por exemplo, celebrando identidades e diversidades a partir da arte. No Cuca Barra, o coletivo Becha Cearense promove a comunidade da ballroom no contexto de hoje do Estado. "O coletivo surgiu ano passado, quando apareceu o edital Ação Jovem, que favorecia e investia em novos projetos de jovens da Rede Cuca. A gente pegou a cultura cearense machista e misógina e botou um evento LGBT. Colocamos de cabeça pra baixo", contextualiza Silvia Miranda, criadora da ball cearense. A primeira edição do evento, inclusive, fez um ano nesta semana. Para além dos bailes, o coletivo também conta com outras atuações. "Fora as balls, a gente dá workshop de vogue fem (variação do vogue) em aulas abertas todas às quartas, às 18h30min, e sábados, às 20 horas, no Cuca Barra, e também formações e rodas de conversa, falando sobre educação sexual, orientação sexual e identidade de gênero", elenca. Segundo Miranda, a média é de 20 pessoas que costumam batalhar nos bailes e participar das aulas promovidas pelo Becha Cearense. "O coletivo é formado por todas as pessoas que fazem parte da comunidade ballroom no Ceará. Quando tenho uma ideia, sempre comento com todas porque não faço para mim, faço para as outras. Sempre temos pessoas vindo conhecer a cena e nas balls o público estimado é de 50 a 80 pessoas", calcula a organizadora. Surgidas no contexto da Barra do Ceará, as atuações da Becha Cearense já se estenderam pela Cidade, indo para outros bairros da Regional I - região que engloba, entre outros, o Álvaro Weyne, Carlito Pamplona, Pirambu e Vila Velha -, Centro e Praia de Iracema. "O Cuca Barra favorece equipamento e estrutura que nenhum outro lugar favorece. Isso faz com que as pessoas venham e se sintam bem, afinal, é tudo gratuito, acessível", aponta a artista. O orgulho para ela surge de sua identidade: "Orgulho LGBT é falar da minha história e ser quem sou, para mim mesma, não esperando por aplausos ou troféus em troca do que sou ou pelo que faço. Orgulho de ser a mulher travesti Miranda".

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