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Bicha poética
Vida & Arte

Bicha poética

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Tipo Notícia

A artista sobralense Bicha Poética tem na palavra o principal meio da produção artística. Descobriu a poesia marginal, o rap e as batalhas de rima aos 17 anos, mas, mais importante, descobriu-se também poeta. "Só que eu não entendia aquilo como poesia, porque o que estava colocado para mim como poesia era aquela clássica, feita por homens brancos, cis, héteros. Então eu tinha até certa resistência em me aproximar porque existiam esses recortes que faziam que eu me privasse de ter contato", remonta. Mesmo assim, passou a frequentar saraus e outros eventos da área "enquanto a primeira bicha de Sobral a fazer parte desses espaços". A inspiração maior, conta, foi sua mãe. O primeiro texto veio como resposta natural da artista a um período difícil da família, marcado por problemas financeiros. Hoje, aos 24 anos, Bicha Poética tem atuação também em produção cultural em Sobral, estando envolvida em diferentes movimentos que ocorrem no município: há o coletivo Fora da Métrica, que promove o campeonato de poesia falada Slam da Quentura; o Vagão Poético, projeto que leva poesia periférica para o metrô; a oficina Poetização, que leva conhecimentos sobre escrita coletiva para escolas de ensino fundamental e médio; o blog BloGAYra Nordestina, no intuito de disseminar as culturas cearense e marginal; e, ainda, a produção de vídeos-poesia no Instagram (@bichapoetica) difundindo pautas sociais. Um dos orgulhos que a artista divide é o de "poder estar ocupando espaços que disseram historicamente que não são nossos, como a arte, a Universidade". Outro deles é permanecer viva. "Da mesma forma que as LGBTs que me assistem enxergam no meu corpo o quanto elas podem se manter vivas tendo a arte como refúgio. Hoje enxergo meu corpo com esse mesmo orgulho. Se você me perguntar o que é orgulho LGBT, o maior é poder se manter viva, sã, com a cabeça no lugar e as ideias fluindo", celebra.

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