"...Mais que a imaginação/ muito mais pro tempo permitir…" Há 25 anos, em 1º de julho de 1994, chegava aos cinemas brasileiros uma obra que iria mexer com as emoções e memórias de gerações: era O Rei Leão, que apresenta a história de Simba, um leão que caiu em uma trama traiçoeiramente construída contra sua família enquanto ainda era filhote e, na vida adulta, precisa aprender sobre responsabilidades, laços e identidade. O filme ganha nova versão hoje, com atualização de visual e tecnologias. O Vida&Arte traz um panorama da animação original, ouve fãs e elenca novidades da produção.

Cercada de expectativa e até polêmicas, a nova obra promete atualizar não somente a tecnologia, mas também a história contada. Dirigida por Jon Fraveau - responsável por Mogli, o Menino Lobo, de 2016 -, a obra traz na dublagem original nomes como Donald Glover (Simba), Beyoncé (Nala, par romântico do protagonista), Chiwetel Ejiofor (Scar, vilão da trama), Billy Eichner e Seth Rogen (Timão e Pumba, parceiros de Simba). Já James Earl Jones repete o trabalho dando voz a Mufasa, pai do protagonista. No Brasil, o ator Ícaro Silva e a cantora Iza são as vozes de Simba e Nala. Fraveau chegou a afirmar em entrevistas que o filme não seria um remake completo da animação original, o que também provocou reações. Parte da imprensa que já viu o longa, porém, destacou a semelhança com o filme de 1994.

Em termos de tecnologia, há um ponto que vem provocando questionamentos. A estratégia da Disney é evitar vender o longa como uma animação, apesar de, na prática, ser o caso: todo o cenário e os personagens são em CGI (computer-generated imagery, imagens geradas em computador). Mogli, O Menino Lobo também tinha imagens do tipo, mas contava com um protagonista de carne e osso, podendo ser descrito como live action (filme com atores reais). Segundo o site americano IndieWire, a intenção da Disney é repetir a vitória que Mogli teve no Oscar na categoria de Efeitos Visuais com O Rei Leão, apesar dele poder também ser enquadrado na categoria de Melhor Animação. O site descreve o novo O Rei Leão como "o primeiro filme de animação feito em um ambiente de realidade virtual com uma estética live-action".

Tecnologias e mudanças à parte, muitos dos que vão assistir ao novo filme já tiveram contato com a animação enquanto crianças, nas fitas VHS dos anos 1990. É o caso de Rebeca Noleto, 31 anos, jornalista e colaboradora do canal Modo Meu, que lembra de ver O Rei Leão na casa da avó junto dos irmãos e das primas. "A principal lembrança é o esquema que o Scar monta e que acaba resultando na morte do Mufasa e na fuga de Simba. Quando você é criança, seus pais meio que são seus heróis e assistir o pai do personagem principal morrer é meio chocante. Eu choro até hoje", confessa. Já para a professora de inglês Gabriela Moreira, 23, o afeto da memória se direciona à dupla mais carismática de coadjuvantes. "As músicas são contagiantes, o filme é emocionante. Minhas lembranças favoritas são todas as cenas de Timão e Pumba, meus personagens favoritos", destaca.

"A ansiedade para vê-los no live action é enorme", avança Gabriela. "Rei Leão é um clássico, todo bom fã da Disney quer ver o live action em primeira mão. Minha maior expectativa é cantar as músicas junto com os fãs e constatar o que já tenho certeza: que a produção está incrível, fiel e faz jus ao clássico que o filme é", confia a professora. Rebeca, por sua vez, também espera fidelidade e destaca a tecnologia. "Como é um filme em que os animais são todos de computação gráfica, espero que seja impecável nesse quesito. Quanto à história, espero que as mudanças que serão feitas não acabem modificando muito a história. Caso aconteça, que seja para o melhor", afirma.

Prêmios

A animação original foi indicada a quatro Oscars (vencendo dois), quatro Globos de Ouro (levando três) e a seis Grammys (com três vitórias).

Repercussão

No site Metacritic, que faz a média das notas dos críticas, o novo O Rei Leão está recebendo 57 de um total de 100. A maior nota de um veículo para o filme é 88 e a menor, 25.

Bilheteria

A previsão de arrecadação no fim de semana de estreia do filme nos Estados Unidos, segundo a revista Variety, é de US$150 milhões. O original acumulou só nos EUA mais de U$422 milhões. Mundialmente, somou mais de US$968 milhões.

Trilha Sonora

Além da trilha original de Hans Zimmer e das músicas clássicas de Elton John e Tim Rice, há novas canções, como uma inédita de Beyoncé. A artista ainda produziu e fez a curadoria de The Lion King: The Gift, álbum inspirado no filme.

Sucesso surpreendente

Na época de produção da animação de 1994, a Disney também produzia Pocahontas, que era a aposta de sucesso da companhia. Por conta disso, O Rei Leão foi feito por um "time B" de animadores.

Outras obras

O Rei Leão teve duas continuações: O Rei Leão 2: O Reino de Simba (1998) e O Rei Leão 3: Hakuna Matata (2004). Além disso, também foi adaptado para o teatro musical na Broadway.