Faltam exatos seis dias para o maior acontecimento da literatura cearense. A Bienal Internacional do Livro do Ceará - que leva atividades culturais ao Centro de Eventos durante dez dias - tem início na próxima sexta-feira, 16 de agosto. Com programação que inclui centenas de movimentos - entre palestras, saraus, mesas redondas, conferências, encontros, oficinas, debates, exposições, contações de histórias, clubes de leitura e lançamentos de livros, a Bienal se constrói como evento que arregimenta diversas possibilidades. O itinerário literário acontece cheio de expectativas. Primeiro pela mudança de data - passando do tradicional abril para agosto. Depois pela presença de escritores ilustres: Conceição Evaristo, Maria Valéria Rezende, José Eduardo Agualusa, Amara Moira, Lúcia Santaella, Mailson Furtado e Bel Santos Mayer.
"A programação da Bienal é muito diversa, contempla todas as faixas etárias e essa heterogeneidade reflete no envolvimento do público, pois permite a mobilização e a participação de pessoas de interesses tão distintos quanto pode ser o livro literário ou informativo. Interessa tanto a leitores quanto a escritores, ilustradores, mediadores de leitura, editores e livreiros. A cada Bienal, a programação vai sendo pensada a partir de alguns espaços já tradicionais em edições anteriores e sugere-se a criação de outros", explica Goreth Albuquerque - contadora de histórias, pesquisadora de oralidade e coordenadora geral dessa edição.
E são muitos os espaços nos quais a Bienal Internacional do Livro do Ceará - que está na décima terceira edição - se constrói: Café Literário, Espaço Natércia Campos, Espaço Cordel, Espaço Juventudes, Espaço Leitura e Infância, Espaço Letra de Mulher, Espaço de Memória, Patrimônio e Museus, Espaço do Professor, Espaço Ponto de Leitura. Cada um deles têm programação própria ao longo dos dez dias de evento e coordenadoria especializada - que recebe orientação da equipe tutorial. Esse ano, além da escritora Ana Miranda, a curadoria é composta pela pesquisadora Inês Cardoso e pelo professor Carlos Vazconcelos.
"Outra preocupação, tanto da curadoria quanto de toda a equipe de produção da Bienal, é a conexão que a literatura faz com diversos setores da sociedade. Podemos destacar a presença dos povos indígenas, das mulheres escritoras, de autores negros, de grupos da periferia, das crianças e dos jovens, ampla presença de escritores cearenses, destacando-se ainda os valores dos mestres da cultura, da oralidade e da ancestralidade", pontua Carlos. Para dar conta de tantos saberes e pluralidades que se pretendem fazer presentes no Centro de Eventos, o tema dessa edição é "As cidades e os livros". E, ao invés de prestar homenagem a autores vivos ou mortos, a equipe curatorial escolheu três obras que serão reverenciadas ao longo dos dez dias de programação: A Casa, da cearense Natércia Campos; Lavoura Arcaica, do escritor recluso Raduan Nassar; e Terra Sonâmbula, primeiro romance de Mia Couto.
"As cidades e os livros não é apenas um tema, mas o conceito e o eixo da XIII Bienal do Livro do Ceará. Os convidados falarão de suas geografias pessoais, de suas paisagens afetivas, das cartografias de dentro e de fora. Literaturas e lugares, livros e cidades têm tudo a ver. Os escritores são grandes viajantes. Escrever é já não se contentar com a fração de chão em que pisamos", finaliza o curador Carlos Vazconcelos.
Projeto gráfico
Ourives das formas, o artista plástico Sérvulo Esmeraldo é o grande homenageado da XIII Bienal Internacional do Livro do Ceará. Apaixonado por ângulos e amante das cidades, o cearense inspirou também o design das páginas desta edição do Vida&Arte — que celebra as contribuições deste filho do Crato para o campo artístico mundial.