A percussionista Lan Lanh abriu um portal na praia de Pipa, no Rio Grande no Norte. Na sexta-feira passada, 16, segundo dia do 19º Fest Bossa&Jazz, o público ficou de olhos e ouvidos atentos, a postos na Praça do Pescadores da pequena localidade. De cara, a música Canto de Xangô, de Baden Powell e Vinicius de Moraes, fez vibrar os couros das percussões e quem estava na plateia. A baiana fez parte da programação do festival, que teve início na quinta-feira, 15, e se espraiou pelas ruas de Pipa até o domingo, 18.
Distante 85 km de Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte, a praia de Pipa recebeu uma maratona de 48 pocket shows, oficinas, workshops e jam sessions. Além de Lan Lahn (que foi talvez o show mais disputado), entre os nomes que participaram estão Indiana Nomma (Honduras), The Cinelli Brothers (Inglaterra), Arthur Philipe & Quintessence (Pernambuco), Macumbia (Paraíba), Clara Menezes (Rio Grande do Norte) e Quarteto de Pipa (Uruguai/ Ceará/ São Paulo).
O Ceará foi destaque na programação: Gumbo Blues, Fernanda Fialho e Gabriel Yang (que também é da Gumbo Blues) fizeram, cada um, dois shows durante o evento. A Gumbo, inclusive, fez lotar a rua no polo Galeria Oasis, durante o primeiro dia de evento. Roberto Lessa, integrante da Gumbo e um dos grandes nomes do blues no Ceará, conta que, em Fortaleza, o Floresta Bar é, hoje, o espaço que melhor abarca uma agenda de blues. "Quinzenalmente, a gente leva uma programação, sempre às terças e sempre com um convidado. Na próxima terça (hoje) será o Marcelo Justa. É o espaço que funciona de forma mais sistemática em Fortaleza", cita. "No Ceará, temos grandes festivais: o Jazz&Blues de Guaramiranga e o Canoa Blues", reforça.
Foram dias intensos por ruas, bares, restaurantes, praias e pousadas de Pipa, sendo um evento que movimenta gente dos diversos cantos do País e do mundo. Segundo Juçara Figueiredo, idealizadora e diretora do Festival, a estimativa era de 25 mil pessoas circulando em Pipa durante o evento. De acordo com a Associação dos Hotéis e Pousadas de Tibau do Sul e Pipa (ASHTEP Preserve Pipa), 100% dos leitos de hotéis e pousadas estavam ocupados no período - são 2,4 mil leitos e 42 hotéis. "Aqui é uma cidade cosmopolita, tem gente de todo lugar do mundo", frisa Juçara.
A diretora do festival explica que nem sempre o evento teve o atual formato: gratuito, em Pipa e em locais abertos. "Era um formato fechado, feito em uma casa de shows na Via Costeira de Natal, para 600 pessoas, algo intimista. Eram quatro dias também, mas em outro formato, todo mundo sentado em mesa. O primeiro foi em abril de 2010", narra. Em Pipa, a primeira vez foi em 2011, gratuito, mas apenas em um dia, quando a idealizadora ainda tateava as possibilidades. A partir de 2012, o festival migrou para Pipa e por lá permanece até hoje.
"Eu tive que botar o dinheiro e fazer. Mas valeu a pena acreditar. Saímos de um local fechado para um terreno na Baía dos Golfinhos (Pipa) de 18 mil metros quadrados", fala, sobre o início. "Aqui a gente tem todas as dificuldades (financeiras e de logística), mas eu resolvi fazer esse formato de rua e prestigiar mais o regional. E tem dado certo". Neste ano, foram oito polos onde a programação foi realizada, expandindo o festival. Para o mês de outubro, o público terá a possibilidade de participar de mais uma edição do Fest Bossa&Jazz, que acontecerá em São Miguel do Gostoso (RN) do dia 10 ao 13, no mesmo formato de Pipa.
*A jornalista viajou a convite do Projeto Investe Turismo RN/Sebrae