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Sergipana Héloa faz retorno às raízes africanas e ribeirinhas em novo disco, Opará
Vida & Arte

Sergipana Héloa faz retorno às raízes africanas e ribeirinhas em novo disco, Opará

A produção é assinada por Zé Nigro e Maurício Badé e está disponível nas plataformas digitais
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Cantora e compositora Héloa (SE) (Foto: Zé de Holanda/ Divulgação)
Foto: Zé de Holanda/ Divulgação Cantora e compositora Héloa (SE)

São muitos os caminhos - ou seriam afluentes? - que levam Héloa à arte. "Comecei minha carreira aos 13 anos, no teatro, mas já dançava e estudava canto lírico. O teatro foi quem primeiro me profissionalizou. A música veio depois, me lancei como cantora aos 18 anos, quando já estava na Universidade Federal (UFS), cursando Artes Visuais, em que me graduei", resume a sergipana de descendência árabe que, há quatro anos, resolveu aportar em São Paulo. "Meu nome é árabe, vem de uma expressão de contemplação da noite, da lua. Quer dizer algo como 'belo', 'sublime'", explica.

Com família materna e paterna ribeirinhas, foi na ancestralidade que Héloa se cercou por inteiro para a produção de "Opará". "São Paulo com certeza influencia o meu trabalho, mas esse disco é um retorno às minhas raízes. Um mergulho na minha história e dos meus antepassados. O rio me chamou para retornar e eu fui. Mas, ao mesmo tempo, também é um disco cosmopolita, pois, apesar de estar intimamente ligada com a tradição, eu moro em São Paulo e respiro o movimento dessa cidade também", pontua.

A cantora e compositora, que já tinha na praça o disco "Eu" (2016, produzido por Daniel Groove e João Vasconcelos) e um EP ("Solta", de 2013), encontra-se agora em todas as plataformas digitais com um material que já vinha sendo pensado há cerca de três anos. "Começou quando eu gravava 'Eu, Oxum', um documentário que dirigi e roteirizei. A partir daí, vieram as primeiras composições e depois fui reunindo outras que gostaria de gravar. Durou seis meses todo o processo de estúdio. Minha pesquisa vem dentro do universo do candomblé e das matrizes africanas, tanto no universo indígena e dos povos originários, como dos ribeirinhos e do sertão", ressaltou.

Assista ao clipe de "A paz que eu desejei"

A mistura de referências e elementos, sobretudo percussivos, perpassa todo o trabalho, que conta com a produção de Zé Nigro (Anelis Assumpção, Russo Passapusso) e Maurício Badé (Mestre Ambrósio, Criolo, Alessandra Leão, Céu). "Foi uma escolha e pesquisa minha e do Maurício. Mudamos completamente a formação da banda para se aproximar mais ainda da sonoridade de terreiro e de matriz africana. Isso difere completamente do 'Eu', que é um disco mais rock com base na psicodelia nordestina, que também são referenciais pra mim. Mas 'Opará' tem o retrato de um momento diferente em minha vida. De um chamado ancestral e espiritual", sintetiza Héloa.

Opará, cujo nome designa o Rio São Francisco na linguagem indígena, torna-se farto de participações ao longo de dez faixas. Do veterano Mateus Aleluia ("Águas de Oxalá") à parceria com a baiana Luedji Luna ("Silêncio"), o disco completa-se com as presenças da cantora Fabiana Cozza ("Líquida") e do sanfoneiro Mestrinho ("Mar Menino", em parceria com o cearense Daniel Medina), além dos indígenas do grupo Sabuká Kariri-Xocó e do coral Mulheres Livres, formado por seis sul-africanas e duas malaias na Penitenciária Feminina da Capital/ Carandiru (SP).

"Meus processos com todos começam muito pela internet e São Paulo trata de nos unir. Assim foi com as demais participações do disco. Com Luedji, começamos a nos acompanhar e eu a convidei para cantar comigo já há três anos e daí começamos uma relação de amizade, troca, composição. Seu Mateus é um mestre pra mim, aceitou meu convite logo de cara e eu sou muito feliz e honrada pelo nosso encontro", destaca ela, que não esconde a vontade de aterrissar por terras cearenses. "Em novembro, faremos uma tour e temos propostas para passar por Fortaleza. Ainda não confirmado, mas bem provável. Amo Fortaleza e o público daí é muito receptivo com o meu trabalho".

Opará, de Héloa

Produção musical: Zé Nigro e Maurício Badé

Participações: Mateus Aleluia, Fabiana Cozza, Mestrinho, grupo Sabuká Kariri-Xocó e Mulheres Livres

YB Music

10 faixas/ 2019

Disponível em todas as plataformas digitais

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