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Bate-pronto com Gilmar de Carvalho
Vida & Arte

Bate-pronto com Gilmar de Carvalho

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Tipo Notícia

O POVO - Como a obra de Estrigas ainda se mantém atual nos dias de hoje?

Gilmar de Carvalho - A obra do Estrigas se mantém atual porque dialoga com os grandes temas da Humanidade. Ele foi um artista leitor. Tinha uma biblioteca fantástica. Nela, prevalecia a Filosofia, e dentro da Filosofia, a Estética. Estrigas tinha uma formação humanista, apesar de ser da área de saúde (odontologia). Não pintava por modismos ou por diletantismo. Sua pintura é visceral. Atingiu uma essência. Nela não existe o supérfluo ou o diversionismo. Sua pintura não é agressiva, no sentido de incomodar como um grito. Ela nos atinge porque, desencarnada, vai ao ponto que interessa ao artista e que nos comove, nos faz pensar, nos liberta.

O POVO - Como começaram os seus estudos sobre a obra de Estrigas?

Gilmar de Carvalho - Não me considero um estudioso de Estrigas, mas um amigo (filho?) dele e da Nice. Mais ou menos o que aconteceu com o Patativa do Assaré. Foram pessoas generosas que me acolheram, me ouviram, me respeitaram, sem cobranças, sem "bullyings", de graça, pelo prazer de querer bem. Eu os visitei pela primeira vez, em 1969, logo depois da inauguração do Minimuseu Firmeza. Escrevi uma nota de jornal (Gazeta de Notícias) em uma coluna chamada "Balaio". Não consegui me desgrudar deles e nem haveria motivo para fazê-lo. Fui ficando e posso dizer que naquele sítio aprendi muita coisa sobre a arte e a vida. Vivi ao lado deles momentos de muita alegria, encontrei gente interessante no Minimuseu e fiz minha aprendizagem informal, movido pela curiosidade e pelo amor que sentia por eles. Passei a observá-los com curiosidade e, em 1980, fui morar na Maraponga, creio que para ficar mais perto deles. Consegui ser "adotado" por eles. Aprendi tanta coisa e serei sempre grato a eles. Já me preparo para as comemorações do centenário de nascimento da Nice, em 2021. Faremos outra festa. Eles merecem. Foi um privilégio ter convivido com eles.

*Gilmar de Carvalho é pesquisador, escritor e jornalista

 

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