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Projeto cearense participa de evento de mercado audiovisual em Belo Horizonte
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João Gabriel Tréz é repórter de cultura do O POVO e filiado à Associação Cearense de Críticos de Cinema (Aceccine). É presidente do júri do Troféu Samburá, concedido pelo Vida&Arte e Fundação Demócrito Rocha no Cine Ceará. Em 2019, participou do Júri da Crítica do 13° For Rainbow.

João Gabriel Tréz arte e cultura

Projeto cearense participa de evento de mercado audiovisual em Belo Horizonte

| BRASIL CINEMUNDI | Projeto cearense Malibu, com direção de Diego Hoefel e Marcelo Grabowsky e produção de Karim Aïnouz e Janaina Bernardes, participa de evento de viabilização de filmes
OS ROTEIRISTAS e diretores Diego Hoefel e Marcelo Grabowsky levam o projeto cearense Malibu ao 10º Brasil Cinemundi (Foto: divulgação)
Foto: divulgação OS ROTEIRISTAS e diretores Diego Hoefel e Marcelo Grabowsky levam o projeto cearense Malibu ao 10º Brasil Cinemundi

De hoje a domingo, 22, a 10ª edição do Brasil CineMundi - International Coproduction Meeting será o epicentro de uma movimentação importante de viabilização de projetos de audiovisual, mas também se destacará por proporcionar um encontro importante entre atores do setor para que sejam pensadas em conjunto alternativas de continuidade em meio a um cenário instável. O evento - que compõe a programação da 13ª Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte - se estrutura como uma reunião de projetos ainda em desenvolvimento à procura de coprodutores internacionais. Entre os 10 selecionados da categoria CineMundi está o projeto cearense Malibu, suspense policial com direção e roteiro de Diego Hoefel e Marcelo Grabowsky e produção de Karim Aïnouz e Janaina Bernardes.

O crítico de cinema e colaborador do CineMundi Pedro Butcher explica que o evento "tem objetivo de estimular projetos e ajudar na profissionalização de autores, diretores e produtores de um cinema brasileiro um pouco mais autoral". No Brasil CineMundi, os projetos são apresentados a "um grupo de convidados estrangeiros, que são produtores, distribuidores, agentes de vendas e curadores de festivais". Há também um júri que avalia os projetos e concede alguns prêmios com o intuito de ajudar no prosseguimento dos trabalhos. Os projetos podem ser beneficiados, por exemplo, com a participação em eventos estrangeiros de coprodução internacional, bolsas para desenvolvimento de roteiros e serviços como de legendagem e pós-produção.

Na categoria principal, na qual está Malibu, estão também projetos de São Paulo (3), Minas Gerais (2), Rio de Janeiro (2), Bahia (1) e Rio Grande do Sul (1). "A gente tem projetos de jovens negros, de mulheres, e que falam de questões muito atuais, urgentes", comenta Pedro, um dos responsáveis pela seleção. Segundo o crítico, o projeto cearense "tem uma pegada diferente, é um pouco policial, de suspense, e é raro ver projetos desse tipo no cinema brasileiro", considera.

A gênese de Malibu se deu, como contam Marcelo e Diego, em um núcleo criativo proposto e acompanhado pelo cineasta cearense Karim Aïnouz que teve como foco uma investigação do cinema de gênero. "O tempo inteiro a gente tinha interlocução com ele e também entre os projetos, (porque) a proposta do núcleo foi essa troca criativa entre roteiristas", explica Marcelo. Esse processo se deu em Fortaleza ao longo dos últimos dois anos e, a partir dele, a dupla construiu a primeira versão de um roteiro que segue a trajetória de um motorista de aplicativos que vira o principal suspeito da morte de um passageiro com quem passou a noite. Na busca para provar a inocência, ele acaba se infiltrando numa escola de segurança, onde tem que disfarçar sua sexualidade. A narrativa procura refletir, segundo eles, a masculinidade tóxica. "É um jeito, ainda mais com todo o contexto político que a gente tá atravessando no País, da gente olhar para um lado que nos parece bem doente das manifestações da heteronormatividade no Brasil hoje", aponta Diego.

A participação no Brasil CineMundi, enfim, é uma forma de possibilitar a concretização de Malibu - seja através das possíveis premiações ou de articulações de contatos e parcerias. "O evento é uma janela de coprodução, o que a gente está fazendo é a primeira apresentação pública da proposta com interesse de encontrar parceiros para o desenvolvimento do projeto", resume Diego. Esse ponto revela-se, no atual contexto, ainda mais desafiador por conta da dissonância entre o momento positivo de repercussão que vive o audiovisual e a instabilidade das políticas públicas para o setor. "Durante os últimos 10 anos, vimos uma grande evolução, profissionalização e descentralização da produção autoral. Tivemos uma política pública muito forte voltada para isso, com erros e acertos, mas acho que pelos resultados que estamos colhendo pelos festivais de cinema, houve mais acertos até agora", considera Pedro Butcher.

Para os diretores, o Brasil CineMundi é um espaço possível para pensar alternativas ao cenário delicado. "Para além da possibilidade de viabilização, existe também uma possibilidade de um encontro nacional de diretores, roteiristas e produtores de diferentes regiões para olharmos juntos para o que pode ser uma alternativa para continuarmos fazendo cinema no Brasil", afirma Diego. "A presença de produtores internacionais é um diálogo interessante para a gente entender como essas parcerias poderiam atuar e até como eles podem lançar um olhar próprio para o momento complicado que as políticas públicas de incentivo ao audiovisual estão passando", complementa Marcelo.

Projetos CineMundi

2019 (MG), de Affonso Uchôa (diretor) e Julia Alves (produtora)

A história da beleza (SP), de Vinicius Silva (diretor) e Alice Riff (produtora)

Casa no Campo (RS), de Davi Pretto (diretor) e Paola Vink e Jessica Luz (produtoras)

Malibu (CE), de Diego Hoefel e Marcelo Grabowsky (diretores) e Janaina Bernardes e Karim Aïnouz (produtores)

Olho d'água (BA), de Safira Moreira (diretora) e Flávia Santana (produtora)

Princesa (RJ), de Karine Teles (diretora) e Tatiana Leite e Thiago Macedo Correia (produtores)

Sião (SP), de Bruno Ribeiro (diretor) e Joyce Prado (produtora)

Tempestade (MG), de Higor Gomes (diretor) e Bruno Greco e Jacson Dias (produtores)

Terremoto Mãe (RJ), de Will Domingos (diretor) e Aline Mazzarella (produtora)

Zulusa (SP), de Bel Bechara (diretora) e Sandro Serpa (produtor)

Foto do João Gabriel Tréz

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