Logo O POVO+
Artesanato local é destaque na CasaCor Ceará 2019
Vida & Arte

Artesanato local é destaque na CasaCor Ceará 2019

A convite do Vida&Arte, designer e curadora da Ceart Angélica Freitas trilha o caminho do artesanato cearense em uma visita guiada pela mostra
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Brasil Original reúne o feito à mão de 28 artesãos cearenses
 (Foto: Esdras Guimaraes)
Foto: Esdras Guimaraes Brasil Original reúne o feito à mão de 28 artesãos cearenses

Era cinco da tarde em ponto, o horário de abertura da 21ª edição da CasaCor Ceará, quando nos encontramos no endereço da mostra para um tour, leve e descontraído, em busca do DNA local. Quem embarcou nesta conosco foi a designer Angélica Freitas, responsável pela curadoria da Central de Artesanato do Ceará (Ceart), que se soma aos 39 ambientes com o tema "Planeta Casa" espalhados pelo imóvel da J.Macêdo, sede da CasaCor Ceará pelo segundo ano consecutivo.

É na casa, no coração da Aldeota, que nos deparamos logo na entrada com o primeiro momento agradável, principalmente para Angélica, que reconheceu quase todos os artesãos - e suas técnicas de bordado à mão, - em destaque no Original Brasil por Sebrae. "Agora ele ocupa lugar. É para a sua casa", refere-se à herança do artesanato, protagonista da cena. Para Angélica, a beleza não está só no fazer, mas em como ele faz parte e é, graças à valorização do DNA cearense, uma experiência "descolonizadora" a partir da Casa. "Educa o olhar, abre para o conhecimento", reflete a designer.

Já no interior da mostra, a Sala Bar, de Sergei de Castro, nos proporciona quase uma "caça ao tesouro". Foi lá que Angélica avistou, além de esculturas do Cariri, carrinhos de madeira confeccionados na Região. No Living por Brenda Rolim, outra surpresa boa: a cerâmica de Viçosa. Para fazer par, em um dos pontos altos da estante, que tal um dos mamulengos do Cariri? A celebração do artesanato cearense também reúne jarros de palha de carnaúba vindos de Aracati. "A almofada de crochê é de um grupo de São Gonçalo do Amarante", credita Angélica. A designer também olha para as "pilhas" de jarros de cerâmica, de Cascavel.

Na Varanda de Elias Petruço e Felipe Costa, a renda tenerife é o produto finalizado, sobreposto em um dos assentos, e o fazer, feito à mão, à mostra. Quem passar pelo ambiente poderá tocar em uma das "teias" com madeira e agulha, que dão origem ao tipo de renda. As peças de couro do Cariri também dão um toque ao ambiente. "É o momento das pessoas daqui começarem a valorizar o que é nosso", atribui Angélica.

Indo à Casa Nômade, do designer de interior Ramiro Mendes, você se depara com um dos modelos do banquinho de couro de bode "a cara do Cariri". O lugar é repleto de DNA. Até a almofada é com renascença. Apesar da técnica não ser genuinamente cearense, como explica Angélica, confere elementos, para além do decorativo, de cultura e memória. "O artesanato é pontuado, mesmo que ele não seja a tônica do ambiente", percebe da mostra.

Passando para a Suíte dos Gêmeos, uma colaboração de Anellise Bluhm, Carol Timbó e Mina Albuquerque, Angélica capta um retrato do cotidiano, que não passa despercebido. A moringa é do seu Muniz, de Cascavel, que tem outros trabalhos pela mostra, como os cachepots (vasos para planta) na Sala de Cinema. "O desenho de renda de bilro é feito por meio de uma técnica de pintura com argila branca, extraída da própria cerâmica", explica Angélica.

A hora do brincar também é de autoria de artesãos locais. "Miro, de Fortaleza, faz todos estes animais em miniatura, excutados de madeira. Outro artesão, já de Sobral, que projeta este quebra-cabeça 3D e este outro de estrela. O helicóptero, como o carrinho e o violão, por exemplo, também é tudo do Ceará", apresenta. Ainda sem sair do cantinho infantil, de olho nos banquinhos da Ceart de pastilha de coco.

A super toalha de labirinto é o grande destaque do ambiente em seguida, o Loft Mature, projetado pelos arquitetos Thiago e Tildchen Von Paumgartten. "Isso leva meses para ser feito. Você desconstrói o tecido para construir outro, a partir de técnicas minuciosas, como de puxar o fio para criar o desenho desejado", enaltece o trabalho. Segundo Angélica, vem principalmente de Beberibe, Aracati e Icapuí. O cesto de sisal também é produção local. É lá de Cariri, presente em outros espaços da CasaCor deste ano. Ainda do ambiente, as maxi flores de argila ordenadas em forma de "quadro".

Para a casa ficar completa, não deixe de incluir na lista o conjunto de panelas para feijoada. O achado é da designer e chefe da curadoria e do sistema de certificação do artesanato cearense Angélica Freitas. Está na Cozinha Dona Benta, onde também aponta cestos de cipó (Guaramiranga) e de palha de milho, além de jarros que imitam espinhos de cactos (de Ipu).

No Meu Lugar no Mundo, no Espaço Raízes, com teto confeccionado por 60 artesãos de Aracati, ou no ambiente Cozinha de Origem, de Ana Virgínia Furlani, com atenção às cerâmicas de Viçosa, até chegar ao espaço Ceart na CasaCor, no Pavilhão Criativo, o feito à mão é um dos anfitriões da morada que completa e alimenta o saber de cultura e memória. (A mostra vai até o dia 22 de outubro. Necessário adquirir entrada. Mais informações no 3261-3533).

O que você achou desse conteúdo?