“Não levanto bandeira, eu sou a própria!”. Na frase de Almério, a certeza de um estilo único que transita entre as sonoridades tradicionais da região Nordeste e a chamada ‘nova música popular brasileira’. Com dois discos lançados, além do mais recente Acaso Casa – em parceria com a baiana Mariene de Castro - o cantor e compositor se apresenta pela segunda vez em Fortaleza, agora em decorrência do 4º Ecléticos Livre Festical. Em entrevista ao Vida&Arte, Almério discorre sobre sua relação visceral com a música.
O POVO - A banda que vem é a mesma que participou das gravações do disco novo?
Almério - Parte da banda, sim. Tenho duas bandas e nem sempre dá pra conciliar com todos os músicos. Aí rola um revezamento.
O POVO - Você, que hoje em dia reside em Recife, já cogitou também a possibilidade de, de repente, “desbravar” São Paulo?
Almério - Moro em Recife, que me liga a todas as cidades do Brasil. Entendo que o fluxo de arte no Sudeste tem mais movimento, mas consigo me inserir mesmo morando em Recife. A internet facilita os acessos e os muitos festivais que sempre estão atentos aos bons projetos.
O POVO - Estava lendo algumas entrevistas suas e vi que você já fez teatro, gosta de poesia... Como a música chegou a ti e, consequentemente, você teve a consciência de que seguiria por esse caminho mesmo?
Almério - O que primeiro abraçou minha existência foi a música. Pra mim, música é missão, é a energia motora principal. O teatro veio pra organizar as ideias, a avalanche de repertório corporal e musical que moram dentro de mim, mas já nasci cantor. Já era uma criança poesia, no compasso da trajetória e isso foi ficando cada vez mais claro pra mim. Eu não escolhi fazer música, ela me escolheu!
O POVO - Como você definiria o seu estilo musical - se é que você se preocupa com isso? A música nordestina é uma bandeira que você levanta?
Almério - Não me defino, você pode fazer isso melhor que eu! (risos) Mas sei da importância da música que eu faço e de onde ela veio. Não levanto bandeira, eu sou a própria!
O POVO - Você recebeu o Troféu Revelação do Prêmio da Música Brasileira e, de lá pra cá na sua carreira, já teve gratas parcerias - me refiro a Mariana Aydar e, principalmente, a Mariene de Castro (que acabou resultando no disco Acaso Casa). Tudo na tua vida acontece por acaso? Você acredita nisso?
Almério - Viver de arte, ao contrário do que muitas pessoas pensam, é uma lida solitária, mas têm as compensações que nos faze vibrar e nos recarrega. São esses encontros preciosos e mágicos. Tenho muito respeito pela arte de outrem, por isso abro portais de acesso, meu encontro com essas encantadeiras foi mesmo ao acaso, chamado de poesia, mas nem sempre é assim. Existem outros encontros, existe a indústria da música, encontros comerciais, que também têm sua beleza e importância. O importante é que seja bonito e verdadeiro. Quando isso acontece, as pessoas sentem. Mas o acaso tem sua magia, sou das surpresas, acabo atraindo isso pra minha vida e meu trabalho.