O POVO - Quais razões explicam o aquecimento do mercado de jogos analógicos em Fortaleza?
Dmitri Gadelha - Uma das maiores razões é o amadurecimento do público. Não apenas em Fortaleza, mas no Brasil como um todo. Nos últimos 10 anos se construiu uma "cena de boardgames" que era inviável e até improvável antes disso. Existe hoje uma comunidade ativa na maior parte dos estados, organizando eventos, trocando experiências e produzindo conteúdo nas mídias sociais. Esse movimento influencia diretamente as editoras, muitas delas abertas por jogadores que passaram a trabalhar com seu hobby. É um ciclo que se retroalimenta e fortalece o mercado.
O POVO - Por qual razão os jogos de tabuleiro conseguem encantar diferentes gerações?
Dmitri Gadelha - A variedade de temas dos jogos e níveis diferentes de complexidade das regras ajuda bastante. Existem boardgames para todas as faixas etárias, a partir da infância. Alguns são desenvolvidos voltados para a experiência em família, com regras mais leves e focados na interação entre os jogadores. Outros são voltados para um público mais experiente, que gosta de regras complexas e maior nível de imersão, que demoram várias horas de partida.
O POVO - Como o jogos de tabuleiro podem ser utilizados no ambiente escolar?
Dmitri Gadelha - Tanto dentro quanto fora de sala. Muitos boardgames são catalogados por suas editoras de acordo com as habilidades que estimulam, como socialização, imaginação, trabalho em equipe, etc. Assim, o educador já sabe como aquele jogo poderá ajudar em seu fazer pedagógico. Em outros casos, também é possível escolher um jogo que tenha a temática que dialogue com o conteúdo trabalhado em sala. Por exemplo: o professor de biologia trabalhou em sala o conteúdo "vírus" e depois joga com os alunos o jogo Pandemic, para ilustrar uma situação de pandemia. As possibilidades são as mais variadas.
*Dmitri Gadelha é professor, coordenadora escolar e fundador do projeto Vila do RPG. Atua desde 2010 na divulgação dos jogos de tabuleiro e RPG em eventos e redes sociais