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Freud explica...
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| Crítica | A jornalista Mônica Silveira fala sobre o espetáculo A Psicanalista Surda, que tem sua última apresentação amanhã, 29, no teatro Arena Aldeota
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A Psicanalista Surda encerra temporada no Teatro Arena Aldeota (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação A Psicanalista Surda encerra temporada no Teatro Arena Aldeota

Ao chegar, domingo à noite, no Teatro Arena Aldeota, fiquei agradavelmente surpresa e feliz ao me deparar com uma grande fila, que se formava na bilheteria para adquirir ingressos do espetáculo A Psicanalista Surda, de Carolina Treigher, que tem a direção de Hiroldo Serra. Casa cheia para assistir a uma montagem local da Comédia Cearense, numa noite de domingo! Qual a razão do sucesso? Essa lotação Freud explica. Trata-se de um texto inteligente, atual, divertido, mas que também aborda um tema sério, traumas causados pelo abuso sexual na infância. A peça confirma que o humor pode ser a melhor linguagem para se falar de tabus, de assuntos pesados, que ficam engasgados na garganta.

Já no primeiro contato, o cenário transporta o público para o simbolismo da psicanálise, um grande divã, uma poltrona para o analista e uma fotografia em destaque de Sigmund Freud, o pai da Psicologia. É uma peça escrita e protagonizada por mulheres. Três personagens femininas conquistam a plateia com suas peculiaridades, muito bem interpretadas por Carolina Geraldo, no papel da paciente, Natali Lima, no papel da secretária e a própria autora do texto Carolina Treigher, no papel da analista. Mesmo restritas a um único espaço, as cenas transcorrem com agilidade e energia, graças a boa marcação de Hiroldo.

O tom das ações é dado pelo violão de Mateus Honori ao vivo, o que dá um clima mais intimista, e pela iluminação, que ganha uma cor vermelha nos momentos mais dramáticos, que só surgem após a metade da peça, quando o público está mais familiarizado com a linguagem da psicanálise. E claro, o maior trunfo da peça é a chegada do Dr. Sigmund Freud, que vem dizer que a Ciência é inacabada e sempre há o que se descobrir.

O psicodrama faz a plateia sair do teatro mais leve e cheia de reflexões. A última sessão será no próximo domingo, 29, às 19 horas. Aconselho chegar cedo para não pegar fila. A sessão deste domingo foi dedicada ao grande nome do Teatro cearense, Haroldo Serra.

Mônica Silveira é jornalista

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