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Indicado ao Jabuti com 'Cangaço Overdrive", sobralense Zé Wellington conversa com O POVO
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Indicado ao Jabuti com 'Cangaço Overdrive", sobralense Zé Wellington conversa com O POVO

| Quadrinhos | Indicado ao Prêmio Jabuti e autor de Cangaço Overdrive, o cearense Zé Wellington conversou com O POVO sobre a obra
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Zé Wellington, quadrinista cearense e autor de Cangaço Overdrive (Foto: DIVULGAÇÃO)
Foto: DIVULGAÇÃO Zé Wellington, quadrinista cearense e autor de Cangaço Overdrive

Um cearense natural de Sobral está entre os finalistas do Prêmio Jabuti - maior honraria do mercado editorial brasileiro. Zé Wellington - administrador, escritor e roteirista - concorre na categoria História em Quadrinhos com uma obra tão polêmica quanto arrojada: Cangaço Overdrive. Feita em parceria com Walter Geovani, também cearense e natural de Limoeiro do Norte, a HQ tem narração em forma de cordel, batalhas cibernéticas, elementos do cangaço e muita criatividade. Zé Wellington conversou com O POVO sobre a produção de quadrinhos brasileiros, as ferramentas para fomentar o mercado, e a importância de estar inserido no Prêmio Jabuti. No dia 31 de outubro, quinta-feira, será anunciada uma nova lista de finalistas do Prêmio Jabuti. Mais refinada, a nova seleção terá apenas cinco concorrentes para cada uma das dezenove categorias. O Ceará também Luci Sacoleira e Osvaldo Costa Martins, que concorrem com o livro Antonino Peregrino. Os vencedores de cada uma das categorias serão conhecidos no fim de novembro.

O POVO - Há uma velha discussão apontando que quadrinhos não são literatura. Você acredita que esses debates ainda se aplicam?

Zé Wellington - Entendo que, em determinado momento da história dos quadrinhos, alguns autores tenham tentado associar os quadrinhos e a literatura como uma forma de validação dos quadrinhos como linguagem também para adultos. Mas eu penso que quadrinhos não são literatura, mas uma forma de linguagem diferente e com possibilidades completamente novas. Temos influência da literatura - como temos do audiovisual e outras linguagens -, mas no geral compartilhamos com a literatura os espaços de venda.

O POVO - Qual a importância de ter uma categoria específica para as histórias em quadrinho dentro de um prêmio importante como o Jabuti?

Zé Wellington - A categoria de quadrinhos no Jabuti foi resultado de uma articulação do meio, há alguns anos. Quadrinhos já eram indicados ao prêmio, mas em categorias como a de ilustração, o que não abrangia adequadamente a produção nacional. Fazer parte do prêmio, além de despertar a curiosidade de um público que não consome HQ, dá visibilidade para uma série de autores que vem pelejando num mercado de quadrinhos feitos por brasileiros que ainda carece de espaços.

O POVO - Quais são as dificuldades de ser um artista residente no interior do Ceará? Há resistência na aceitação da sua obra?

Zé Wellington - É completamente diferente fazer arte no interior e numa capital. Daí você acrescenta mais alguns níveis de dificuldade quando vem para o interior do Nordeste. Estou longe da maioria dos eventos do meio, eventos dos quais meus colegas mais urbanos utilizam para fazer networking, vender seus livros etc. Estar na CCXP, o maior evento do meio que acontece em São Paulo, me demanda uma dinâmica de investimento de tempo e de dinheiro que não está no gibi (com o perdão do trocadilho). Percebo hoje que meus quadrinhos chegam bem longe especialmente pela parceria consolidada com a minha editora, Draco, que é de São Paulo. Se eu estivesse sozinho, não sei se conseguiria ir tão longe ou ser tão lido. Já houve uma época em que senti narizes torcendo quando viam que minha obra era de um autor nordestino. Felizmente, a cada obra lançada, sinto menos isso. Mas esse muro geográfico existe e atrapalha e muito o crescimento dos autores nordestinos.

O POVO - Vamos falar sobre Cangaço Overdrive. De onde vem essa história?

Zé Wellington - Veio primeiro de uma vontade de trabalhar com um grande amigo, que é o Walter Geovani, uma amizade que cultivamos online por conta da distância entre Sobral e Limoeiro do Norte, nossas cidades. O Geovani me provocou com a ideia de trabalhar cangaço num quadrinho e eu o provoquei com ideia de fazer disso uma ficção científica. No meio do processo, o País entrou num conturbado retrocesso político e cultural. E o que era só uma vontade nossa de contar uma história se transformou num grito sobre o caminho para onde as coisas parecem estar indo. Dessa forma, chegamos a este quadrinho, onde uma comunidade esquecida resiste às investidas de uma grande corporação, enquanto dois personagens da memória do lugar são revividos e precisam travar sua peleja final.

Leia a íntegra desta entrevista

mais.opovo.com.br

O Autor fala ainda sobre mercado editorial e como os quadrinhos podem influenciar os jovens no gosto pela leitura

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