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Filme "Projeto Gemini" estreia nesta quinta-feira com Will Smith no elenco
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Filme "Projeto Gemini" estreia nesta quinta-feira com Will Smith no elenco

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Will Smith e sua versão mais jovem se encontram em filme recheado de ação (Foto: fotos divulgação)
Foto: fotos divulgação Will Smith e sua versão mais jovem se encontram em filme recheado de ação

Mais uma vez o cinema americano resgata a ideia do agente imbatível que é caçado pelo próprio governo, mas agora um ponto é diferente. Caça e caçador são vividos pelo mesmo ator e, pelo preço de um Will Smith, o filme Projeto Gemini apresenta dois. Smith vive bandido e mocinho na mesma trama, duas vezes ele mesmo, uma versão de meia idade e outra jovem, essa segunda possível graças à tecnologia de rejuvenescimento que o cinema moderno teima em jogar holofote.

 No filme, o melhor assassino de uma firma especializada em eliminar pessoas resolve se aposentar, o que não é bem aceito pelos chefes, uma vez que Henry Bogan (Will Smith)sabe muitos segredos importantes. Como é colocado como uma pessoa difícil de ser vencida, um clone de Henry é enviado para essa missão de retirá-lo da jogada ao mesmo tempo que serve de rito de passagem para a cobaia substituir o matador como o preferido da empresa. 

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Hollywood tem dessas. Sempre que uma tecnologia ganha destaque alguns filmes são criados em torno da novidade. A da vez é a de rejuvenescer esteticamente os atores, mesmo que nem seja tão necessário fazer isso com Will Smith. Usando captura de movimentos e nível de detalhamento aguçado na região da face qualquer um sai de 51 anos para seus 20, porém o seguinte resultado é plantado: enquanto O Curioso Caso de Benjamin Button usa a tecnologia a favor da narrativa a fim de criar uma história de peso e relevância, Projeto Gemini serve mais para garantir a piada de que Will Smith é tão extraclasse que contracena consigo mesmo em momentos distintos de sua carreira.

 A criatividade para na piada. O roteiro raso não consegue impulsionar a história para além das grandes cenas de correria e pancadaria. Usar clichês é comum no cinema de ação, mas não evoluí-los dentro da trama não cabe mais. Desde a franquia John Wick, em que dublês viraram diretores e conseguiram colocar a ação em um nível altíssimo, é difícil aceitar que caminhos óbvios vão ser digeridos apenas na expectativa da próxima grande cena. Projeto Gemini é um apanhado de desculpas e conveniências para construir a próxima perseguição em o novo cenário estonteante, cujo mal gosto do resultado reflete em cenas difíceis de compreender visualmente e intelectualmente. 

Grande parte da complexidade visual de entender o que acontece em tela deve-se pela decisão de finalizar o filme em 60 quadros por segundo. Comparado com o tradicional 24 quadros por segundo, o arrasto de movimentos bruscos se perde e o soco que não acerta, ou a explosão que é obviamente falsa, ficam aparentes, obrigando várias cenas a serem encerradas antes do tempo correto para que não vejamos essas falhas. Mesmo que nosso cérebro complemente o fim do movimento, a repetição desse corte adiantado torna a ação, o principal portfólio do filme, muito distante em qualidade. 

A direção de Ang Lee, ganhador do Oscar por A Vida de Pi e O Segredo de Brokeback Mountain, se perde ao aceitar o estilo Jerry Bruckheimer de fazer cinema, produtor famoso por emplacar produções envoltas em um molde que não se preocupa em contemplar os elementos de seu contexto. Deixar-se levar por esse molde descredencia pela segunda vez (a primeira foi no Hulk de 2003) a veia autoral de um diretor que já demonstrou capacidade de contar histórias muito interessantes.

 Projeto Gemini deixa de lado qualquer discussão mais densa a respeito de duas pessoas lutando em busca de serem melhores do que sua outra versão. Não há convite para pensar sobre a complexidade de enfrentar um modelo superior de si mesmo em ambos os pontos de vista. Qualquer implicação filosófica não é tratada por um roteiro que se perde, dentre outros pontos, em diálogos exageradamente expositivos.

PH Santos é membro da Associação Cearense de

Críticos de Cinema (Aceccine)

Um novo formato 3D

O filme é exibido em algumas salas no formato 3D em HFR. A projeção exibe Projeto Gemini a 60 quadros por segundo, mais do que o dobro da taxa tradicional do cinema (24 quadros por segundo). A tecnologia promete levar ao espectador uma experiência diferente de 3D, com mais profundidade e, por isso, mais imersão.

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