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Um passeio pela história dos campos de concentração
Vida & Arte

Um passeio pela história dos campos de concentração

O Memorial do Campo de Concentração de Dachau, cerca de 30 quilômetros da capital alemã, é um destino história que abre questionamentos sobre o passado e, mais importante, sobre o futuro
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Foto: Rafaela Scherer/Divulgação "Nunca mais", em alusão ao erro que não deve se repetir.

Quem controla o passado, controla o futuro. A frase eternizada nas impressões do escritor George Orwell, conhecido pelo romance distópico 1984, representa a importância de manter a memória viva: não deixar que os erros do passado se repitam. Neste sentido, entrar no Memorial do Campo de Concentração de Dachau, o primeiro campo de concentração da Alemanha Nazista e modelo para outros que se construíram depois, é como se teletransportar para o ano de 1933, quando o local foi aberto pouco após a posse de Adolf Hitler como Chanceler do Reich.

A frase Arbeit macht frei - em alemão, o trabalho liberta - fixadas no portal, da mesma forma que o campo polonês de Auschwitz, é a porta de entrada para o silêncio. Mais a frente, entre os prédios do memorial, um monumento com várias letras grafadas na parede sobre aprender com o passado e unir os vivos em defesa da paz e dignidade humana. Em resumo, ao final, uma frase em cerca de cinco línguas: Nunca mais.

O local, que funcionou de 1933 a 1945 como prisão de 200.000 pessoas, entre judeus e seus descendentes, adversários políticos de Hitler e do partido Nazista e outros grupos, se estabelece na cidade alemã de Dachau, a cerca de 30 quilômetros do centro de Munique. A estimativa é que 41.500 prisioneiros foram mortos entre os 12 anos de funcionamento do campo. Neste sentido, dar o primeiro passo nos campos de pedras, nos prédios de jaulas e nas casas de câmaras de gás já indica o que se espera: o arrependimento. E não de um povo ou etnia específica, mas de toda a raça humana.

A caminhada é fatigante emocionalmente, e ler as descrições dos objetos e espaços é ainda mais demasiado, visto que o local não censura e não poupa descrições. De fato, a jornada é completa: as jaulas onde os presos “privilegiados” permaneciam, os alojamentos que ficavam lotados, os banheiros compartilhados, os bunkers e as áreas comuns aos prisioneiros são o primeiro passo para o aperto no peito. Cada sala carrega uma história, uma memória e uma desesperança diferente.

Entretanto, passar pelas câmaras de gás e pelas salas de incineração é testar a própria humanidade. Os espaços onde os prisioneiros eram mortos e onde seus corpos eram incinerados é remoto, vazio e ao mesmo tempo poderoso. O centro do imaginário do Holocausto se estabelece nessas salas, que de tão pequenas, pouco parecem que tiraram tantas vidas.

Nesse pedaço, o único som comum a todos é a melodia dos pássaros, que se contradizem com as memórias que ali, involuntariamente, tiveram de permanecer. E, por mais silenciosa que seja toda a visita - mesmo as guiadas com altos falantes -, não se pode calar todas as lembranças e memórias que se manifestam em todo o campo de cor cinza.

O caminhar é uma forma de redenção que produz questionamentos sobre o quão longe a raça humana está deste passado e como ela pode, e deve, definir seu encaminhamento para o futuro. Passar por Dachau é um desafio tão intenso que é recomendado aos visitantes a idade mínima de 12 anos, mas é um “mal” necessário que funciona como aula magna de história.

Ao final do campo, outro memorial, onde é possível deixar velas, mensagens, flores e, claro, a promessa do que parece ser a principal mensagem de toda a visita: nie wieder, never again, nunca mais.

Outros locais na Europa para conhecer sobre o nazismo:

Áreas de desfile do partido nazista - Nuremberg, Alemanha

Memorial aos Judeus Mortos da Europa - Berlim, Alemanha

Museu de Anne Frank - Amsterdã, Holanda

Museu da Insurreição de Varsóvia, em Varsóvia, Polônia

Kehlsteinhaus, o "ninho da Águia" - Berchtesgaden, Alemanha

Campo de concentração de Auschwitz - Owicim, Polônia

A fábrica de Oskar Schindler - Cracóvia, Polônia

Memorial da 2ª Guerra Mundial - Normandia, França

Matheus Janja
Matheus Janja

Matheus Janja

A visita é incrível e assustadora ao mesmo tempo e não importa quantos filmes, documentários e fotografias você veja sobre o que aconteceu, é impossível imaginar o que as pessoas que estiveram presas ali passaram de fato.

Rafaela Scherer
Rafaela Scherer

Rafaela Scherer

No momento que entrei no campo de concentração, me senti mal, não só por saber o que tinha acontecido lá no passado, mas por ter uma energia pesada. A cada sala e corredor que passávamos, líamos histórias. Acho que as piores foram as salas de cremação e as câmaras de gás. Fiquei sufocada lá dentro.

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