Batizado com o nome de um dos profissionais cearenses mais respeitados do País em sua área, o Prêmio Chico Albuquerque de Fotografia fará a entrega presencial dos ganhadores da edição 2019 em solenidade amanhã, 17, às 20 horas, no Mini Anfiteatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. O edital, que recebeu a marca de mais de 170 inscritos oriundos de 20 estados brasileiros, selecionou cinco ensaios em três categorias distintas - Narrativas Brasileiras, Descobertas e Outras Visões - para receberem uma quantia total de R$ 280 mil.

Além do aumento do valor em dinheiro, a premiação sofreu outras alterações. "Avaliando nossos editais e prêmios, tínhamos o (referente ao) Chico Albuquerque, mas não um edital para fomento. Então criamos um específico de fotografia e, agora, sendo de caráter nacional. Primeiro, com essa abrangência das categorias brasileiras, dando o reconhecimento de trajetórias autorais e da diversidade brasileira. Além disso, categorias que privilegiam ensaios e a transversalidade, que são as conexões com outras linguagens", elencou Fabiano Piúba, secretário da Cultura do Estado.

Na categoria intitulada Narrativas Brasileiras, o vencedor foi Luiz Braga (PA) com o ensaio Afetos Amazônicos. Já na categoria Descobertas, o Prêmio Chico Albuquerque foi dividido entre o paulista André Penteado (ensaio Cabanagem) e o piauiense Maurício Pokemon (Existência). Por fim, as cariocas Claudia Tavares (Um Jardim em Floresta) e Letícia Lampert (Práticas para destrinchar a cidade) conquistaram o prêmio na categoria Outras Visões. Na ocasião da solenidade, além da presença dos vencedores, haverá a exibição do filme A Luz Salva, de Tibico Brasil.

"Em relação ao filme, o Tibico havia feito apenas uma primeira edição dele, espécie de um teaser, e agora foi finalizado. E esse título diz respeito a uma frase do Seu Chico. Ele contava que havia chegado um fotógrafo novo em sua equipe, se eu não me engano de São Paulo, e perguntou a ele alguma coisa no que Seu Chico respondeu: 'Meu filho... Faça a fotografia, que o resto a luz salva'", explicou Piúba, que não chegou a conhecer Chico Albuquerque (1917-2000), mas que mantém admiração por tudo que ele representa.

"Seu Chico é uma referência na fotografia não só cearense, mas brasileira. Essas três categorias do prêmio estão aí porque se relacionam com a sua trajetória. Ele tem um trabalho autoral, sendo o mais conhecido Mucuripe (1952), além de uma preocupação muito grande com a estética. Quando a gente pensou na categoria Descobertas, por exemplo, foi também nesse sentido: muitos jovens iam se aproximando dele e desenvolvendo suas competências. Ele tinha essa coisa visionária e, quando a pensamos nesse prêmio, foi associando o que era do perfil do Seu Chico que pudesse ser traduzido nesse prêmio", conclui o secretário.

Existência batiza o ensaio do fotógrafo, jornalista e artista visual piauiense Maurício Pokemon, residente há três anos do Campo Arte Contemporânea. "É um trabalho que eu comecei em 2015 a partir do meu encontro com a avenida Boa Esperança. Na verdade, é uma comunidade ribeirinha que fica nessa avenida, com remanescência indígena, escrava... São filhos e netos de vaqueiro, de pais e mães de santo, que têm uma cultura muito forte", explicou ele, que já circulou em 2017 com o material pela Amazônia, a fim de encontrar semelhanças e contrastes com as comunidades ribeirinhas de sua terra-natal.

No caso de Letícia Lambert, uma das premiadas da categoria Outras Visões, o foco de sua lente recai nas metrópoles. "Práticas para destrinchar a cidade é uma série que eu sigo desenvolvendo que pretende discutir a questão do crescimento das cidades, da paisagem urbana, da verticalização... Vem de um incômodo em relação à falta de horizonte nas grandes cidades", pontuou a artista. "É uma alegria enorme a existência desse prêmio, num momento em que a gente está com todo um incentivo de cultura sendo massacrado no País. A gente precisa muito disso até para seguir produzindo", concluiu.

Solenidade de entrega do Prêmio Chico Albuquerque de Fotografia

Quando: amanhã, 17, às 20 horas, com exibição de filme

Onde: Mini Anfiteatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (rua Dragão do Mar, 81 - Praia de Iracema)

Aberto ao público