Logo O POVO+
Karine Alexandrino comemora 25 anos de carreira com dois shows neste fim de semana em Fortaleza
Vida & Arte

Karine Alexandrino comemora 25 anos de carreira com dois shows neste fim de semana em Fortaleza

A artista cearense comemora 25 anos de carreira com dois shows no Dragão do Mar
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Karine Alexandrino  (Foto: Regis Amora/Divulgação)
Foto: Regis Amora/Divulgação Karine Alexandrino

Karine Alexandrino é uma experiência artística completa. Se ainda não ouviu falar dela, continue a leitura ao som das canções do Mulher Tombada (2015), seu mais recente álbum. Performática da cabeça aos pés, a artista cearense comunica com estética, com a voz, com o corpo, com a alma, com a dor. A mulher que tomba comemora seus 25 anos de carreira com duas apresentações gratuitas neste fim de semana, no Anfiteatro do Dragão do Mar.

Disruptiva, Karine tem presença musical que contagia, sangra, dói e emociona. Começou a cantar aos 10 anos de idade, mas iniciou a carreira profissional artística em 1994. "Sempre quis muito cantar mesmo, sempre fui obcecada por isso, eu precisava fazer isso, era meu sonho. Nem todo mundo imagina a responsabilidade que é, o trabalho que dá aprender a técnica para cantar no estúdio, procurar uma maneira só minha de falar, de cantar. É muito estudo e aprendizado", comenta a artista. Além de cantora, trabalhou como atriz, dubladora, apresentadora de TV e em outras plataformas. Lançou seu álbum de estreia solo em 2002, Solteira Producta, primeiro da trilogia Producta - seguido de Querem acabar comigo, Roberto (2004) e do já citado Mulher Tombada. E tombar é verbo que acompanha Karine Alexandrino.

"Tombar é você cair mesmo, só está de pé quem já caiu. A queda está sempre ali à espreita. Eu sempre caio muito, faço tudo só, nunca tive retaguarda. Quando eu caio é porque eu estou demonstrando minha humanidade. E a minha solidão. Mas continuo aqui. Não é fácil estar aqui, agora, depois de tanto que já me aconteceu", desabafa. Mas essa mulher tombada é também patrimônio histórico e cultural. Os anos de arte, criatividade, espetáculos musicais performáticos e dedicação consolidam a excêntrica e inovadora carreira da multiartista.

Clique na imagem para abrir a galeria

"Me orgulho das pessoas saberem que eu escolhi o jeito de fazer meu trabalho. Tenho orgulho do jeito que eu faço as coisas, da forma como eu lido com sinceridade. Todo mundo deixa um legado, o meu vai ser ter sido sincera e dedicada o tempo todo. Procurei uma voz própria, um jeito de cantar e escrever que é só meu. Consegui ficar fora de um sistema, não entrei numa engrenagem de oportunismo. E eu me sinto feliz, é uma honra. Esses serão os shows (de hoje, 21, e amanhã, 22) mais importantes da minha vida, mas também estou muito cansada", confessa. No palco, Karine se fragmenta. Em cena a artista se destaca com figurinos exuberantes, performance única e letras e melodias que contam histórias. Uma dose dessa performance você, leitor, pode perceber no clipe Se Não For Sincero, Não Quero", disponível no Youtube.

"Escrevo sobre meus sentimentos. Tenho meus momentos, me inspiro nas dores. Às vezes escrevo em cinco minutos, como fiz com Mulher ioiô", explica. Karine trabalha com hiatos. Entre Querem acabar comigo, Roberto e Mulher Tombada, foram 11 anos de introspecção e foco em outros âmbitos da sua vida. O período de uma década que a artista dedicou ao seu filho Fausto Alexandrino, atualmente com 11 anos de idade. "Fico reservada para aparecer na hora certa, atualmente estou num momento de recolhimento para criar. Depois apareço com disco novo. É meu ciclo", revela.

Mesmo com o hiato, o Mulher Tombada concluiu a trilogia Producta. "A Producta é um personagem que eu criei, é minha brincadeira de falar através de uma pessoa que não sou eu", começa. "Os três álbuns formam uma obra completa, acabada. Uma continuação com outro sentido e arranjo. Quando comecei os álbuns, vi que estava desenvolvendo os mesmos temas em maneiras diferentes, com novos ritmos, mas que faziam parte de um todo maior", explica.

A cantora está em processo de criação atualmente. Ela se prepara para o lançamento do seu novo álbum, Dona dos Abismos. De acordo com a artista, o quarto disco de carreira representa ascensão, rompendo sua semiótica de tombamento. "Agora eu estarei bem no alto, não no chão. Ver uma mulher caída no chão abala as pessoas, elas acham que somos idiotas. Corri esse risco e agora não vou mais deixar, vou ficar lá em cima que é meu lugar. Mesmo que a qualquer momento eu possa cair de novo. É muito perigoso ficar em pé". O álbum ainda não tem previsão de estreia nem tema definido. "Tenho que esperar por ele, esperar as letras aparecerem. Ele vai se fazendo e seguindo seu próprio caminho. A música escolhe o caminho dela", explica.

Karine também está escrevendo seu primeiro livro, "Sucesso é para os fracos", um zine autobiográfico. Lançamento deve ocorrer em janeiro de 2020, na Livraria Cultura de Fortaleza. O fim de um ciclo de 25 anos será interpretado por Karine nas apresentações de hoje e amanhã. "Vou contar a história da minha vida para eles. Coisas que sempre tiveram na minha letras, mas vou ser assertiva, contar com franqueza. Não só através de música, vou falar também, vai ter dramaturgia", promete. "Eu acho que chegou o momento de mostrar para as pessoas, de maneira bem direta, que foi solitário e que doeu mesmo, e fiz uma arte verdadeira. Lancei coisas, meu jeito de ser, de criar".

Canções que marcaram a carreira da atriz até o momento compõem o repertório do espetáculo, como "Feelings", "Amor de Telemarketing", "Baby Doll de Nylon" e "Supermercado do Amor". A cantora apresenta também uma canção do 4º álbum, "Só quero viver em paz". "Esse show é um fechamento de ciclo. Vou cantar tudo da minha trilogia, tudo da minha carreira, e vou iniciar um novo passo. Lançar um livro, um disco. E sem mais dor, quero ser feliz", adianta.

Mais sobre ela

Figurino e performance

"Tenho minha maneira de ser no palco, de me maquiar, de fazer o cabelo. É um meio de expressão que tem que ser usado. Para mim é fundamental, faz parte do trabalho do artista completo. É um ritual. Como um guerreiro que se prepara para ir à guerra. Não me maquio para ficar bonita, é para me comunicar e ser vista. Não tenho que ser bonitinha, tenho que passar uma mensagem e ser forte".

"Babydoll de Nylon"

"Foi a surpresa da minha vida. Eu tava num lugar, essa música tocou e eu decidi gravar. Eu ouvia muito quando era pequena. E Babydoll de Nylon acabou me levando para todo lugar do Brasil e leva até hoje. Ela me puxou, puxou minha vida, mudou minha vida"

Programa Liquidificador

Em 2000, Karine foi apresentadora do Liquidificador, programa dedicado à música e às artes visuais na TV União. "Um trabalho exaustivo, mas maravilhoso. Descobri artistas, colaborei, fiz um serviço. Me emociona muito saber que fui parte da vida de pessoas e ter tido um espaço para ajudar a divulgar esses talentos". À época, Karine assinava também a coluna Valentina Warhol, no O POVO

 

Karine Alexandrino no Dragão do Mar

Quando: hoje, 21, e amanhã, 22, às 20 horas

Onde: Anfiteatro do Centro Dragão do Mar (rua Dragão do Mar, 81 - Praia de Iracema)

Gratuito 

 

O que você achou desse conteúdo?