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Filme Adoráveis Mulheres, de Greta Gerwig, estreia em Fortaleza
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Filme Adoráveis Mulheres, de Greta Gerwig, estreia em Fortaleza

| Vida&Arte viu | Adoráveis Mulheres, segundo filme dirigido por Greta Gerwig e nova adaptação do livro "Mulherzinhas", lança hoje nos cinemas brasileiros.
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Laura Dern, Saoirse Ronan, Florence Pugh, Emma Watson e Eliza Scanlen estrelam
Foto: Reprodução Laura Dern, Saoirse Ronan, Florence Pugh, Emma Watson e Eliza Scanlen estrelam "Adoráveis Mulheres"

A responsabilidade de adaptar um clássico não intimidou Greta Gerwig. A ousadia de recorrer ao clássico da literatura infanto-juvenil de Louisa May Alcott, traduzido de modo infeliz para “Mulherzinhas”, para um novo filme, sempre será uma ousadia. Já marcando gerações em palcos, filmes e seriados - destaque para o longa-metragem de 1994, com Winona Ryder - Adoráveis Mulheres chega aos cinemas hoje no Brasil e prova que a grandiosidade do título não foi problema para a diretora.

Greta Gerwig marcou seu nome em premiações internacionais quando dirigiu e roteirizou Lady Bird: a hora de voar (2017). Repetindo a parceria (e a química) de Saoirse Ronan e Timothée Chalamet com êxito, a diretora acrescenta ao título um elenco de peso, como Laura Dern, Chris Cooper, Meryl Streep e Florence Pugh, um dos grandes destaques da produção (além do dupla principal).

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Confira o trailer

A história, dividida na literatura em dois livros: “Mulherzinhas” e “Boas Esposas”, segue o amadurecimento de quatro irmãs em meio à guerra civil americana: Jo, jovem ambiciosa que deseja ser escritora e é interpretada por Saoirse Ronan; Meg, personagem de Emma Watson que, apesar de se destacar na atuação, sonha em casar-se e ter filhos; Amy, que ambiciona em ser uma grande artista em Paris e é eternizada por Florence Pugh; e Beth, tímida pianista representada por Eliza Scanlen. A vida das quatro, principalmente de Jo, se entrelaça pela de seu vizinho Laurie, personagem de Chalamet.

Esse crescimento é dividido em duas linhas temporais, que se intercalam sem cansar ou confundir o público e se diferenciam pela fotografia e pela paleta de cores. Além de auxiliar a linha narrativa, o recurso embeleza o filme e é um dos grandes acertos para costurar a história de ambos os livros e unificá-los. E mais, a beleza e a sensibilidade de cenas específicas podem ser comparadas com obras de arte, pela harmonia das cores e pela expressividade dos personagens.

O mérito, com certeza, vai para Greta Gerwig. A adaptação, de fato, mostra a maturidade da diretora desde Lady Bird e sua habilidade de entrecruzar a emoção, o drama, o romance, a transgressão e até uma pitada de bom-humor em medidas certas, com harmonia. Os vários sentimentos e tramas não se misturam e não se anulam em momento algum. Greta, que antes trabalhava como atriz, parece ser experiente e não uma diretora de segunda viagem.

Entretanto, a banalização de um personagem que deveria ser importante para trama prejudica o desfecho. O que deveria ser o mote para a cena final acaba ficando de lado e prejudicando a coerência das escolhas da protagonista, e um pouco de toda a história. Mas esse contratempo não invalida os vários acertos do longa.

Apesar de infanto-juvenil, a história dialoga com vários públicos, dos mais jovens aos veteranos, por meio de diversas questões que, apesar de representadas no século XIX, ainda podem ser identificadas em temáticas atuais.

Indo além do livro, considerado referência para uma jovem mulher e esposa ideal, a transgressão da história que foi deixada às margens pela sociedade americana da década de 1860, quando Alcott lançou ambas as obras, é proporcionalmente aumentada por Gerwig. Os fãs do livro poderão perceber algumas referências que ironizam inclusive as próprias escolhas de enredo da autora, mas com respeito e bom humor.

Então, apesar de ter sido banalizado no Globo de Ouro (com somente duas indicações) e nas indicações do Bafta (que apesar das cinco indicações, deixou de lado Greta na direção), Adoráveis Mulheres ainda tem esperanças em pelo menos algumas categorias ao Oscar. E dessa vez, a esperança é vê-lo em Melhor Direção e, em um desejo pessoal, nos indicados à Melhor Filme.

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