Quem soube viver a década de 1990 na capital cearense, principalmente em termos musicais e sobretudo festivos, sabe bem que nomes como "Aaboneco", "Me Leva" e "Lisoboneco", definitivamente, não passaram em vão, bem como a clássica mortalha (vestimenta que acabou sendo substituída pelo atual abadá) e as mamães-sacode. Traduções diretas da folia, esses blocos, em algum momento, serviram de palco para a cantora Verônica Sobreira comandar, no alto dos seus (quase) 1,50m de altura, uma das bandas mais queridas da Cidade. Reunindo músicos cearenses e baianos da gema, a Pimenta Malagueta reinou absoluta apresentando seu axé temperado por um período de quase 20 anos.
"A Pimenta foi a primeira banda de axé music da nossa cidade. Foram 18 anos onde se construiu uma linda história. Inclusive, eu fui a primeira mulher a subir em um trio elétrico e puxar o primeiro bloco de Pré-Carnaval de Fortaleza, isso em 1992. Daí a banda começou a tomar uma trajetória linda, dividindo o palco com grandes artistas, não só da música baiana, mas também com artistas nacionais", relembra a vocalista, referindo-se a Belchior, Elba Ramalho, Olodum, Asa de Águia, Chiclete com Banana, entre outros mais. O ano de 2008, por sua vez, também ficou marcado pelo fim daquela formação.
"Parei a Pimenta por motivos de força maior: o mercado já não estava tão ascendendo para a axé music", justifica ela que, apesar da decisão, sempre contou com o incentivo dos fãs, principalmente os que se divertiram ao som da banda em espaços badalados da época, como é o caso dos saudosos Cantinho do Céu, Três Amores e Parque do Vaqueiro. "O público sempre pediu para que a Pimenta Malagueta retornasse. Quando algumas pessoas me reconheciam, me paravam, conversavam comigo e perguntavam por que eu havia terminado. Era tanta coisa linda que a gente escutava! Aí a gente, devagarinho, vinha sentindo esse feedback para uma retomada".
Durante esse hiato de quase uma década, Verônica Sobreira saiu da linha de frente para atrás dos palcos, literalmente, trabalhando na produção executiva de alguns espetáculos nacionais (musicais como Mamonas, Cássia Eller e Rio Mais Brasil estão entre essas produções). O retorno, enfim, só aconteceria no ano de 2017. "A convite do William Mendonça, o Ecléticos Livre Festival queria uma banda que representasse o axé. Passei quase 45 dias pra dizer um 'sim' porque 10 anos fora do palco e a gente ter que passar por um novo processo de montagem, né, era muita responsabilidade. Depois de muita insistência, aceitei mas com uma condição: de vir trazendo o axé retrô, aquele que a gente tocava nos anos 1990".
E assim foi. Atualmente, além da "Pimentinha" Verônica nos vocais, a banda cearense conta com a presença de mais sete integrantes: André Gomes (vocal), Mário Henrique Rocha (guitarra), Rômulo Rodrigues (baixo), Alisson Oliveira (teclado), Marcos Paulo Silva (bateria), Fredson Correia e Edvaldo Júnior (percussão). "É uma reconquista, é um recomeço porque foram 10 anos fora do mercado. Eu sempre digo que o retorno da Pimenta Malagueta é uma responsabilidade triplicada porque a gente tinha que vir fazendo o que a gente fazia no passado, mas com mais qualidade, mais energia e mais alegria ainda", reforça.
De novidades, a Pimenta - cujo nome foi batizado pela vocalista em parceria com o primeiro percussionista, Marcos Melo - encontra-se em fase de divulgação da música Vou te dar um beijinho (Álisson Kasolly) em todas as plataformas digitais. "Estamos muito felizes porque está tendo uma aceitação muito positiva. Foi gravada aqui no Proaudio Studio e mixada em Salvador", revela. Porém, a Pimenta Malagueta possui outras canções que se tornaram hits na boca dos muitos fãs, como é o caso de Pura Sedução (de Verônica e Julinho Cavalcanti, ex-Banda Reflexus), Me leva me chama que eu vou (Humberto Machado), É o Lobo (Flamarion) e Madeira (Gabriela Studart).
"A banda, na verdade, tem um repertório atemporal. Não é um repertório de modinha porque ela toca os clássicos, o axé antigo. Não é uma música descartável". A agenda de shows também não para: nesta sexta-feira, 24, o show acontece no Floresta Brasil (Meireles) e, no sábado, 25, a Pimenta será atração do Bloquinho do Cavaco (Icaraí). "A Pimenta é uma banda para o ano inteiro. Ela é festa, é alegria, para todas as ocasiões, não é só em determinado período. E eu tô muito feliz com esse retorno, você pode ter certeza. Ah! E estamos com a agenda aberta para o Carnaval", sinaliza Verônica, enquanto aguarda novas datas para o Ciclo Carnavalesco 2020 de Fortaleza. E tome Pimenta!
Agenda Pimenta Malagueta
Quando: sexta, 24, às 20h30min
Onde: Floresta Brasil (rua Coronel Jucá, 210/ esquina com República do Líbano)
Info: (85) 3085 8100
Quando: sábado, 25, das 17h às 19h30min
Onde: Bloquinho do Cavaco (Avenida Central, Posto Central - Praia de Icaraí)
Outras datas confirmadas da Pimenta:
31/1 (sexta) – Festa fechada
1º/2 (sábado) - Bloquinho do Cavaco – Av.Central Posto Central Icaraí – 17h00 às 19h30
6/2 (quinta) – Floresta Brasil – 20h30 às 23h00
8/2 (sábado) – Pré Carnaval Madalena – Chick´s Clube – Madalena CE
13/2 (quinta) – Floresta Brasil – 20h30 às 23h00
14/2 (sexta) – Pré Carnaval do Colher Mar e Sertão – Colher Mar e Sertão – 23h00
15/2 (sábado) – BNB Aldeota – 15h00 às 17h00
15/2 (sábado) – Bloco Mercury – Carlito Pamplona - 20h00 às 22h30
16/2 (domingo) – Theatro José de Alencar – 16h30 às 18h00
20/2 (quinta) – Floresta Brasil – 20h30 às 23h00
22/2 (sábado de Carnaval) – Beach Park – 17h00 às 19h30
Para ouvir e saber mais sobre a banda, confira no Spotify e Youtube
Outras informações pelo Instagram (@bandapimentamalagueta) ou pelo Facebook (www.facebook.com/bandapimentamalagueta)