Separações nem sempre significam falta de amor. Isso vale também para o mundo da música. Depois de anos, décadas de convivência, é bem comum que bandas anunciem o fim ou, como tem sido comum de uns anos pra cá, o eufemismo “férias por tempo indeterminado”. O Skank encontrou um meio termo entre as duas situações e anunciou, em novembro do ano passado, o próprio fim. Sem conflitos, intrigas, fofocas, o quarteto alegou apenas o desejo de buscar novos caminhos artísticos, se testarem fora de uma banda que construiu um sucesso robusto e honesto em 30 anos juntos. No entanto, tendo sido essa uma decisão cordial, nada os impede de voltarem a se encontrar no futuro.
“Tenho certeza de que o Skank, num futuro aí, vai retomar e a gente vai se reencontrar com os fãs”, confirma o vocalista e guitarrista Samuel Rosa. Por hora, o que fica é a turnê de despedida que vai ocupar a banda ao longo de 2020 e chega neste sábado a Fortaleza. A apresentação acontece dentro da programação do I’Music, minifestival que abre sua terceira edição amanhã, no estacionamento do Iguatemi. Além dos mineiros, a programação agrega a jovem Giulia Be, a diva Marisa Monte, heróis do rock nacional, como Paralamas do Sucesso, e lendas da MPB como Zé Ramalho e Alceu Valença.
Para o Samuel, que aponta a Cidade como um dos melhores públicos do Skank, o clima de despedida dá um peso a mais ao show. “É óbvio que todo show que o Skank fizer, de agora até o final do ano, vai ter uma motivação especial. Não que falte a essa banda, mesmo com seus 30 anos de carreira, motivação pra subir ao palco. A gente se diverte muito e tocar ao vivo, pra gente, estar num palco sempre foi algo muito precioso”, comenta o músico de 53 anos, adiantando que o show vai ser com os clássicos acumulados nesses anos, o que não os impede de incluir alguns lados Bs no repertório.
De fato, o que não falta ao Skank é repertório. Desde Skank (1993) até Velocia (2014), foram nove discos de estúdio, três ao vivo, uma coletânea oficial e um álbum de registros raros. Desde o início, com In(dig)nação, até a maturidade de Périplo, Samuel, Lelo Zaneti, Henrique Portugal e Haroldo Ferretti partiram do reggae para um trabalho pop mais plural e aberto a novas influencias. Nesse percurso, deixaram sucessos como Te Ver, Garota Nacional, Três lados, Dois Rios e muitos outros. “A gente se uniu por motivos muito pessoais, afinidades pessoais, musicais e essas afinidades permanecem. Então, por mais que as cabeças tenham mudado, o Skank conseguiu conservar alguma coisa do que tinha aquele Skank de 1992. A vontade de aprimorar, a vontade de fazer bons discos, o prazer que a banda tem de subir ao palco, tocar ao vivo, isso tudo foi mantido”, avalia Samuel.
E é justamente por essa vontade de se aprimorar na música que o Skank anuncia seu fim para este ano. Mesmo com as mudanças musicais, os desafios da indústria, mudanças no cenário nacional, a banda virou um lugar de comodismo do qual o quarteto quer sair. “O que eu quero dizer pras pessoas é que o Skank, por mais paradoxal que isso possa parecer, para para que a banda se perpetue. A gente não quer cair na mesmice, fazer um trabalho extremamente mecânico, frio”, resume Samuel Rosa avisando que, em breve, todos da banda devem apresentar discos solo, novos projetos, novidades. Mais detalhes, por hora, não existem. “Eu ainda não tenho planos concretos pra quando o Skank parar, mas tenho muitas vontades. Espero poder realiza-las. Vamos ver. Por hora, não dá pra adiantar nada por que eu não tenho nada de concreto e o que eu estou buscando é isso aí mesmo. É falta completa de controle”.
I'Music
Quando: de amanhã, 31, a domingo, 2. Abertura de portões na sexta às 17 horas, sábado e domingo às 16 horas
Onde: shopping Iguatemi (av. Washington Soares, 85 - Edson Queiroz)
Quanto: R$100 (meia) e R$200 (inteira)
Outras informações: encurtador.com.br/hiAG1
Programação
Sexta-feira, 31
Giulia Be
Silva
Marisa Monte
Sábado, 1º
Zé Ramalho
Alceu Valença
Skank
Domingo, 2
Paralamas do Sucesso
Legião Urbana
Jota Quest