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Pai do Snoopy, Charles Schulz refletiu sobre a humanos em suas tirinhas
Vida & Arte

Pai do Snoopy, Charles Schulz refletiu sobre a humanos em suas tirinhas

Falecido há 20 anos, o quadrinista Charles Schulz deixou um legado de reflexões humanas protagonizadas pelo pequeno e melancólico Charlie Brown e seu cão sonhador Snoopy
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Charles Schulz  sempre sonhou ser quadrinista e exerceu esse ofício por 50 anos (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Charles Schulz sempre sonhou ser quadrinista e exerceu esse ofício por 50 anos

Desde criança, o americano Charles Schulz nunca sonhou em ser nada além de quadrinista. Graças à sua obstinação, dedicou 50 anos de sua vida a este ofício. Criador da clássica tirinha Peanuts, protagonizada pelo melancólico Charlie Brown e seu cachorrinho Snoopy, Schulz só deixou de ser quadrinista quando deixou, também, de viver. Esta quarta, 12, marca os vinte anos da morte de Charles Schulz, que imprimiu em seus personagens um retrato bem-humorado e profundo dos dilemas cotidianos e humanos.

A primeira aparição de Peanuts data de 2 de outubro de 1950. Antes disso, em 1948, Schulz começou a publicar algumas tiras com histórias curtas envolvendo crianças - que tinham o nome de L'il Folks - e que abriu precedentes para Peanuts (no Brasil, Minduim), uma vez que Charlie Brown e Shermy, dois personagens centrais da tira que o tornou mais conhecido em todo o mundo, já apareciam neste primeiro trabalho. Logo depois de algumas publicações esparsas, Schulz vendeu as tirinhas para uma empresa que comercializava histórias em quadrinhos para jornais e só então as tirinhas ganharam o nome de Peanuts, sendo inicialmente veiculadas em sete jornais americanos.

Inteligente e um tanto melancólico, o personagem Charlie Brown é um menino que sonha organizar um time de beisebol e seu fiel amigo é Snoopy, um cãozinho da raça beagle de imaginação fértil. Eles convivem com os amigos Lucy, Linus, Sally, Schroeder, Patty Pimentinha, Marcie e o passarinho Woodstock. As histórias em torno desses personagens norteiam o processo criativo de Schulz, que publicou diária e ininterruptamente por quase cinco décadas (o que nunca ocorreu com nenhuma outra HQ), além de circular por cerca de 2,6 mil jornais, com leitores em cerca de 75 países.

Nascido em Minnesota, nos EUA, o cartunista cresceu na capital St. Paul e dedicou boa parte de sua vida às histórias da turma de Snoopy, originalmente publicadas até fevereiro de 2000, com seu falecimento. Assim como Hergé e seu Tintin, os Peanuts tiveram seu ponto final com a morte de seu criador, que descobriu um câncer em dezembro de 1999. A turma de crianças pequenas que serviram de personagem para Schulz - o que jamais restringiu sua tira ao público infantil - ganhou destaque por sua abordagem inovadora, à medida em que desafiou os formatos mais ingênuos de histórias em quadrinhos, com diálogos envolvendo emoções e dilemas adultos como ansiedade, depressão e desilusão.

O cotidiano de Charlie Brown, Lucy, Linus, Schroeder, do beagle Snoopy e outros personagens traduzem o sentimento de melancolia que por vezes acompanha a descoberta do mundo e a transição para a vida adulta, fazendo da trama de Schulz uma reflexão poética sobre a vida. "Conheci as histórias de Charlie Brown ainda na infância, e acho que assim como o personagem, sou um sonhador em tempo integral, meio depressivo e sempre apaixonado", brinca Jefferson Beeck, 31, analista de logística. Ele mantém um perfil no Instagram intitulado "Snoopy e Charlie Brown" (@snoopyecharlie), em que compartilha algumas frases marcantes da tirinha. "Schulz fala dessa beleza oculta em cada relacionamento, dos momentos da vida, os sonhos que temos e não contamos a ninguém… Após 20 anos da morte do seu criador, o personagem Charlie Brown ainda tem uma presença muito forte em pessoas de diferentes idades", comenta.

Vinte anos após a morte de Schulz, a memória dos personagens ainda ressoa no imaginário de novos e antigos fãs. O alcance de Peanuts, inclusive, chamou atenção do escritor e filósofo italiano Umberto Eco, que definiu as tiras da série como "reduções infantis de todas as neuroses de um cidadão moderno da civilização industrial". Segundo Eco, a poesia dessas crianças nasce justamente do fato de que nelas podemos encontrar todos os problemas e angústias dos adultos vividas nos bastidores.

Schulz anunciou que iria parar de desenhar Peanuts em dezembro de 1999. Na última tirinha dos jornais, publicada um dia após a sua morte, o artista se despediu de fãs e personagens. "Eu tive a honra de desenhar Charlie Brown e seus amigos por quase 50 anos. Foi a realização de minha ambição de infância", dizia o texto, em forma de bilhete, presente na tira. Além de agradecer ao apoio dos editores e ao amor dos fãs que acompanharam os personagens ao longo dos anos, o cartunista encerra: "Charlie Brown, Snoopy, Linus, Lucy... como eu poderia esquecê-los...". Ele morreu dormindo em 12 de fevereiro de 2000.

 

Seu próprio avatar

"Peanutize me" é o nome do site em que qualquer pessoa pode criar seu próprio personagem Peanuts para combinar com suas características físicas. A ferramenta permite escolher entre diversos tipos de cabelo, roupas, tons de pele, expressões faciais, etc. O avatar personalizado pode ser baixado como imagem e compartilhado nas redes sociais.

Acesso em: www.peanutizeme.com

 

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