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O cangaço está em toda parte
Vida & Arte

O cangaço está em toda parte

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Em 1953, Lima Barreto lançou O Cangaceiro, seu primeiro longa de ficção, que retrata um triângulo amoroso envolvendo o "Capitão" Galdino, que aterroriza vilarejos pobres e seu parceiro de bando, Teodoro. Mistura de faroeste nordestino e drama romântico, o longa foi vencedor dos prêmios de Melhor Filme de Aventura e Melhor Música no Festival de Cannes de 1954. A estrutura narrativa do filme inaugurou o gênero que ficou conhecido no Brasil como "nordestern".

O termo "nordestern" é um neologismo criado pelo pesquisador de cinema Salvyano Cavalcanti de Paiva na década de 1960 para classificar os diversos filmes realizados sobre o cangaço no Brasil. O termo faz referência ao gênero western, também conhecido como faroeste, que tinha como tema a conquista do Velho Oeste que se deu, sobretudo, entre as décadas de 1840 e 1890.

O cangaço somente foi solidificar-se como gênero quando o western já estava difundido e conhecido no mundo inteiro. Entre os filmes produzidos com a temática no Brasil figuram Corisco, o Diabo Loiro (1969), de Carlos Coimbra, Entre o Amor e o Cangaço (1965), de Aurélio Teixeira, e Corisco & Dadá (1996), de Rosemberg Cariry, como alguns dos mais representativos.

Como vivem os bravos, um nordestern ambientado em Palmácia, apresenta novas possibilidades para o gênero. "O cangaço criado no filme é de uma realidade fantástica, ele não tem nenhuma ligação com o cangaço real, dos anos 1920. Você não vai encontrar Corisco, nem Dadá, nem Lampião, nem personagens históricos", explica o diretor Daniell Abrew. Ele acrescenta que a narrativa do longa inverte os papéis de gêneros no cangaço. "No filme são as mulheres que comandam o cangaço, o empoderamento feminino na realidade do cangaço acontece de forma gradual a cada filme da trilogia", adianta.

 

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