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Ponto de memória e de comunhão
Vida & Arte

Ponto de memória e de comunhão

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Tipo Notícia

O maracatu Vozes da África está há cerca de cinco anos na sede que ocupa atualmente, na rua Sousa Girão, no bairro José Bonifácio. Em meio a prédios e casas residenciais, a agremiação mexe com as estruturas da região de forma positiva, como ressalta Aderaldo Oliveira, presidente do maracatu. "Nós temos aceitação do bairro. Você sabe, a gente mora rodeado de prédio, mas não temos problema. Já conversei com síndicos dos prédios e eles falaram que a gente não incomoda", garante, para avançar: "E batuque de maracatu... todo mundo gosta!"

Foi, de fato, o que a reportagem pôde ver enquanto acompanhava o cortejo do último ensaio geral. Pelas calçadas do entorno, vizinhos se juntavam tendo à mão espécies de "santinhos" com a letra da loa deste ano para entoá-la junto dos intérpretes. No caminho, uma delas, Marlene Cordeiro, 79 anos, dividiu: "Sempre quando começo a ouvir, venho pra porta pra poder ver eles passando. É uma maravilha!".

Além do senso de comunidade, a sede do Vozes da África também se destaca por ser um centro de memória. Inclusive, o local foi alçado a Ponto de Memória pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) em 2014 - o programa era fruto de parceria entre o Programa Mais Cultura, do hoje extinto Ministério da Cultura, e do Programa Nacional de Segurança Pública e Cidadania, do Ministério da Justiça. O apoio foi pontual, mas até hoje a casa da agremiação segue guardando uma história que fala de si, mas também do maracatu cearense em geral.

"Pra dar continuidade ao ponto de memória com apoio, temos que participar de outro projeto (edital), mas agora a gente sente mais dificuldade com a gestão que está aí (referindo-se ao Governo Federal)", observa Aderaldo. Mesmo assim, a sede guarda itens como mais de 200 troféus, fotos e o catálogo feito pelos 35 anos do maracatu. "Vamos ver se nos 40 anos a gente faz algum material para divulgar o trabalho. Graças a Deus, a gente vai mantendo porque gosta da cultura, gosta de maracatu", reforça. (João Gabriel Tréz)

 

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