Depois de movimentação do Conselho Regional de Biblioteconomia - 3ª Região - Ceará e Piauí (CRB-3), a Secretaria Estadual da Cultura do Ceará (Secult) voltou atrás na nomeação da socióloga Glória Diógenes como gestora da Biblioteca Estadual do Ceará (BECE). A resolução do entrave que se estabeleceu se deu já na manhã desta sexta, 28, após reunião convocada pela Secult com a entidade. Entre os resultados do encontro, estão a manutenção da diretora anterior, Enide Vidal, na gestão administrativa da Biblioteca e a informação de que Glória atuará na Superintendência de Ação Cultural, Artística e do Conhecimento do equipamento.
A nomeação da socióloga foi anunciada pela pasta no fim da tarde da quinta, 27, mesma data em que o CRB-3 divulgou nota de repúdio questionando a decisão da Secult. O texto divulgado pelo Conselho cita a Lei Federal 4.084/62, que regula o exercício da profissão de bibliotecário e, entre outros pontos, lista como uma das atribuições do profissional que possui bacharelado em Biblioteconomia a "administração e direção de bibliotecas". A nota segue afirmando que a lei ainda "determina que a gestão de bibliotecas é privativa do bacharel em Biblioteconomia devidamente registrado no Conselho profissional de sua região".
Em entrevista por telefone ao O POVO na tarde desta sexta, 28, o secretário da cultura Fabiano Piúba explicou quais serão os papeis de Glória e Enide na nova biblioteca. "A gente chegou a um acordo. Primeiro, a Secult deixa claro que a Glória Diógenes vai assumir a Superintendência de Ação Cultural, Educativa e Conhecimento da Biblioteca Pública e que a Enide Vidal fica responsável pela administração da Biblioteca como gestora administrativa", afirmou. Segundo o secretário, o novo posto da socióloga está previsto no contrato de gestão com o Instituto Dragão do Mar. "Nele, há a figura da Superintendência, que tem a responsabilidade de desenvolver ações culturais, acadêmicas, artísticas, literárias e de fomento ao conhecimento e à pesquisa. O novo organograma da Biblioteca tem um núcleo mais administrativo, um núcleo de ação cultural e educativa - onde estarão as programações artística, literária, acadêmica e cultural e os laboratórios de Literatura e Escrita Criativa e o de Mediação de Leitura - e outro que é de pesquisa e conhecimento - no fomento à produção de conhecimento a partir do próprio acervo da Biblioteca", destrinchou.
Para o presidente do CRB-3 Fernando Braga, a revisão da nomeação por parte da Secult funciona como um exemplo da ação de salvaguarda do Conselho. "Há um ano, a Secretaria fez concurso para 18 bibliotecários, então seria uma incoerência por parte dela colocar uma pessoa leiga na área", aponta. "Nossa legislação defende um profissional da área na gerência, na coordenação. Se colocarem 10 outros profissionais lá fazendo outras atividades, não é da nossa competência questionar. O questionamento é em cima da gerência. Pretendemos tornar isso um exemplo para questionar até a Secretaria de Educação, porque ela tem esse problema também. Há um Conselho fiscalizando e uma legislação em defesa da classe", reforça.