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Livro lançado nesta quinta-feira, 5, conta a história das cineastas brasileiras
Vida & Arte

Livro lançado nesta quinta-feira, 5, conta a história das cineastas brasileiras

Percurso histórico da presença de cineastas brasileiras de 1930 a 2018 é tema de livro que tem lançamento seguido de roda de conversa nesta quinta, 5, na Livraria Lamarca
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Noá Bonoba é atriz, diretora, dramaturga e roteirista. Realizou os curtas O mundo sem nós (2016) e Terra ausente (2018). Integra a V Turma da Escola de Audiovisual da Vila das Artes.
 (Foto: fotos divulgação)
Foto: fotos divulgação Noá Bonoba é atriz, diretora, dramaturga e roteirista. Realizou os curtas O mundo sem nós (2016) e Terra ausente (2018). Integra a V Turma da Escola de Audiovisual da Vila das Artes.

De acordo com o relatório Participação Feminina na Produção Audiovisual Brasileira (2018), publicado pela Agência Nacional do Cinema (Ancine) em 2019, a porcentagem de longas brasileiros dirigidos por mulheres e lançados comercialmente em 2018 foi de 22%, a maior no período de 2014 a 2018, mas ainda aquém do que deveria ser. Neste sentido, o que um olhar histórico para o percurso traçado até aqui por diretoras ao longo dos anos pode revelar? Organizado pelas pesquisadoras de cinema Luiza Lusvarghi e Camila Vieira, o livro Mulheres atrás das câmeras: as cineastas brasileiras de 1930 a 2018 - produzido sem apoio financeiro e em parceria com a Associação Brasileira de Críticos de Cinema - é um ponto de partida para diversas questões e reflexões sobre a presença das diretoras no cinema nacional. A obra terá lançamento em Fortaleza amanhã à noite, às 18h30min, na Livraria Lamarca, com debate das realizadoras e pesquisadoras cearenses.

Cléo de Verberena, responsável pelo primeiro longa brasileiro dirigido por uma mulher, lançado em 1930; Adélia Sampaio, diretora de Amor Maldito (1984), o primeiro longa dirigido por uma mulher negra no Brasil; Carla Camurati, cineasta que marcou a retomada do cinema nacional com Carlota Joaquina, Princesa do Brazil (1995); Florinda Bolkan, considerada a primeira cearense a realizar um longa-metragem, Eu não Conhecia Tururu (2000); Viviane Ferreira, diretora de Um Dia Com Jerusa, longa filmado em 2018 e somente o segundo da história do cinema nacional a ser dirigido exclusivamente por uma mulher negra. Entre nomes mais ou menos conhecidos, a obra registra quase 300 diretoras do cinema brasileiro e é dividida em duas partes. "A gente tem 27 artigos específicos. Alguns deles temáticos, outros voltados a algumas diretoras e tem o 'Pequeno Dicionário das Diretoras', que são verbetes com mini biografias de cada uma delas", explica a cearense Camila Vieira. Entre os artigos, há textos voltados para cinema negro, documentários e comédias, por exemplo, enquanto o dicionário elenca diretoras partindo do recorte de pelo menos um longa-metragem com estreia comercial no Brasil.

"Se o cinema brasileiro de forma geral já tem problemas de preservação, que dirá o das mulheres. Você tem nos anos 1930 e 1940 as pioneiras como Carmen Santos, Gilda de Abreu e Cléo de Verberena. Vem um vácuo nos anos 1950 e, nos anos 1960, se retoma. É uma história a ser melhor pesquisada e descoberta", aponta Camila. "O esforço que se tinha de uma coletânea se deu nos anos 1980, com um livro organizado por Heloísa Buarque de Hollanda chamado Quase catálogo 1: Realizadoras de cinema no Brasil: 1930-1988, mas isso não foi atualizado em outra publicação específica. A gente faz esse apanhado de 1930 até 2018 para servir como ponto inicial. Houve um esforço coletivo de quase dois anos e meio, mas é óbvio que vão surgir lacunas. O ideal é que o livro seja um ponto de partida para outra plataforma que possa ser alimentada e atualizada", sugere. Entre outras referências de pesquisa, Camila cita o Dicionário do Cinema Brasileiro, de Jurandir Noronha, e arquivos públicos de jornais.

A conversa que marca o lançamento, a ser mediada por Camila, terá presença das realizadoras Jane Malaquias, Josy Macedo, Kamilla Medeiros, Luciana Vieira, Noá Bonoba e das pesquisadoras Emilly Guilherme e Lílian do Rosário. A ideia é pensar questões do ser mulher na indústria do cinema a partir de um olhar histórico, mas também propositivo. "Precisamos entender o que vem sendo feito no contemporâneo e, diante dessa crise institucional em que o cinema como um todo está sendo afetado, por onde essa produção continua e escoa", argumenta Camila, citando coletivos "engajados" na discussão, como o Manifesta, que se reuniu no 51º Festival de Brasília, e o Coletivo de Mulheres do Audiovisual. "Esses coletivos são importantes para que as mulheres continuem se articulando e vendo possibilidades de como manter a produção e fazer que os filmes sejam vistos", avança.

 

Lançamento de Mulheres Atrás das Câmeras

Quando: amanhã, 5, às 18h30min

Onde: Livraria Lamarca (av. da Universidade, 2475 - Benfica)

Aberto ao público

Preço do livro: R$ 64

 

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