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"E, no princípio, ela veio", escrito por Bruno de Castro, ganha lançamento em Fortaleza
Vida & Arte

"E, no princípio, ela veio", escrito por Bruno de Castro, ganha lançamento em Fortaleza

E, no princípio, ela veio, escrito por Bruno de Castro, é o desdobramento de histórias que sua mãe contava sobre as memórias da infância e da adolescência
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Todas as produções foram feitas com pessoas próximas ao Bruno de Castro (Foto: Analu Medeiros)
Foto: Analu Medeiros Todas as produções foram feitas com pessoas próximas ao Bruno de Castro

Quando Tereza se mudou para a casa de seu filho, Bruno de Castro, levou consigo a história de uma vida que beirava os 82 anos de idade. Retomar esse convívio diário com a mãe foi o que fez o jornalista começar a escrever sobre sua nova rotina nas redes sociais. "Alguns amigos comentavam nas postagens. Eu passei a guardar essas 'pílulas', fazia anotações no bloco de notas. Fui criando uma espécie de diário virtual com a rotina da minha mãe", recorda.

A infância e a adolescência de Tereza no interior de Palmácia, além do sertão que existia ao lado da Cidade, eram o que mais influenciava suas narrativas. Das relações que teve até a contemplação de paisagens serranas e sertanejas, tudo podia ser uma conversa para a mãe de Bruno. Mas não foi só o que dizia que virava história nos posts. O cotidiano da mulher com seu filho e com outras pessoas também eram motivos para escrever reflexões.

"Mamãe simplificava a aparição das borboletas e todo o ciclo evolutivo natural do bicho a isto: uma qualidade divina. Só está ali porque teve uma chance de ressurreição. Dada por Ele", escreve em sua crônica, O Balé das Borboletas. O conhecimento de sua mãe, que perpassa todos os momentos, é o espelho do cearense. "Morreu pupa e desmorreu alada. Tal qual o sertão, que desfalece sem água e renasce na chuva. Que nem a gente sertaneja na vida: carece de ser forte antes de ser feliz", continua.

A vontade de eternizar uma existência por meio de palavras se tornou um dos maiores objetivos dos textos. Talvez por isso as lembranças de Tereza continuaram ecoando por quase oito anos até dar espaço para um novo formato de imortalidade: um livro. Essa maneira de simbolizar as "crônicas de memória e amor" surgiu após uma ideia de Bruno para o projeto de conclusão de sua pós-graduação em Escrita Criativa, que estava fazendo em 2018. Na reunião que teve com a coordenadora do curso e escritora, Socorro Accioli, e o professor Ronaldo Salgado, decidiu que tinha um bom material.

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Várias das histórias que Bruno escreveu poderiam ser integradas na versão final. Algumas, entretanto, ficaram de fora porque sua mãe já não era mais capaz de lembrar tudo que contava. "Acabei por desistir de umas porque não tinha condição de dar uma ideia verossímil", diz. Essas narrativas sem final, tão recorrentes nas memórias de uma pessoa idosa, não o impediram de criar um rumo para o restante da história. "Para que o perfil de crônica se mantivesse, tivemos que manter um pouco de ficção", conta.

Sempre com um objetivo pessoal, porém, pensara em um projeto completamente independente no início. "De fato, era uma situação da minha rotina. Eu não imaginava isso como um produto, como algo comercial", aponta. Por essa razão, todas as pessoas que se envolveram no projeto são próximas ao autor.

Mas, na reta final, já com o livro quase pronto, percebeu que a produção iria custar caro. Com a ajuda de contatos, a Editora Moinhos passou a participar da finalização. Agora, na sexta-feira, 6, o fruto do afeto com sua mãe vai ser lançado. E, com isso, realiza também outro sonho: o de estrear a obra com Dona Tereza ainda viva.

Iniciante no universo da literatura, já traz nomes influentes para comentar seu primeiro livro. Uma das pessoas mais importantes para o processo de E, no princípio, ela veio, Socorro Acioli é autora do posfácio. Mas a principal surpresa é que Valter Hugo Mãe, autor de A máquina de fazer espanhóis, escreveu o prefácio. "O que Bruno de Castro escreve é um encontro. Absoluta declaração de humanidade, prova de esplendor, o seu jeito delicado, poético, é todo o amor exposto e explicado", comenta. Para o autor português, a estreia do livro é a monumentalização de Dona Tereza na literatura. "O futuro está todo à sua espera", redige.

 

A ilustração da capa é sua mãe
A ilustração da capa é sua mãe

Lançamento do livro E, no princípio, ela veio

Quando: sexta-feira, 6 de março, a partir de 19 horas

Onde: Teatro da Caixa Cultural Fortaleza (avenida Pessoa Anta, 287 - Praia de Iracema)

Quanto: R$ 38 durante o lançamento e R$ 34,20 em pré-venda, no site da Editora Moinhos

 

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