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Qual o lugar do média-metragem?
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João Gabriel Tréz é repórter de cultura do O POVO e filiado à Associação Cearense de Críticos de Cinema (Aceccine). É presidente do júri do Troféu Samburá, concedido pelo Vida&Arte e Fundação Demócrito Rocha no Cine Ceará. Em 2019, participou do Júri da Crítica do 13° For Rainbow.

João Gabriel Tréz arte e cultura

Qual o lugar do média-metragem?

Cineastas e distribuidor dos filmes "Vaga Carne" e "Sete Anos em Maio" - médias que estreiam nesta quinta, 19 - dividem reflexões sobre o espaço do formato no mercado
Vaga Carne, 
de Grace Passô e Ricardo Alves Jr. (Foto: fotos divulgação)
Foto: fotos divulgação Vaga Carne, de Grace Passô e Ricardo Alves Jr.

Na quinta, 19, estreiam comercialmente em sessão conjunta os filmes Vaga Carne, de Grace Passô e Ricardo Alves Jr., e Sete Anos em Maio, de Affonso Uchoa. A experiência proposta pela distribuidora Embaúba Filmes viabiliza, de modo que soa inédito, espaço para obras de média-metragem, formato "ingrato" para os circuitos comercial e de festivais. Entre um e outro, onde fica o média? Com a iniciativa do lançamento dos filmes abrindo espaço para pensar estratégias e possibilidades de difusão de obras nesse formato, a pergunta foi lançada para Grace, Affonso e Daniel Queiroz, diretor da distribuidora.

Formas de lidar

“O média quase que não ‘fica’. É um formato ingrato porque não tem muitas possibilidades de circulação comercial. Claro, tem a internet, mas os filmes às vezes ficam um pouco soltos. Eles podem estar disponíveis onde for, mas a questão é como ser acessado. É o desafio maior na circulação. Sempre defendi que um filme tem que ter a duração que pedir. Não acho que os filmes tenham que, para ficar mais ‘palatável’, ter tal duração. Defendo o trabalho autoral e acho que os cineastas estão certíssimos de fazer com o tempo que acham necessário para o projeto específico. Não acho que os filmes tenham que se adequar ao mercado. É mais interessante quem está no mercado repensar as formas de lidar com os filmes a partir de sua duração”.

Daniel Queiroz, diretor da Embaúba Filmes

 

Colocar a questão

“O melhor para o filme é o jeito que ele ficou, melhor do que tentar modificá-lo para ter mais inserção. O que aconteceu é que tive sorte, ele acabou tendo boa acolhida dos festivais e isso jogou uma questão para eles, também. O filme já passou em sessão de longa, de curta, em festivais que não fazem distinção, ganhou prêmio como curta e longa. Ele e o 'Vaga Carne' colocam a questão ao circuito, para que se comece a pensar a relação com os filmes independente da duração e formato. O circuito - tanto o de festival, quanto o comercial - é muito engessado. Alguns festivais reagiram mal, no sentido de que recusaram pela duração, e teve uns que deram seu jeito, encaixando como melhor convinha. O circuito comercial é ainda muito restrito, o que é um problema para poder lidar com a diversidade e as possibilidades do cinema. Seria interessante que esses filmes pudessem ter outras existências que não só nos festivais, que televisões e streamings se abrissem para os formatos. Isso é um problema, mas vamos combinar que é dos menores, porque estamos tendo dificuldade de colocar filmes nas salas, salas estão fechando. Nesse cenário de tanto atraso e tantas perdas, o fechamento do circuito ao média nem é a grande questão - mas ela existe e é significativa do comportamento estreito do circuito exibidor, que trabalha com formatos pré-concebidos e não se abre para pensar cinemas diferentes e formas diferentes de fazer cinema”

Affonso Uchoa, diretor de "Sete Anos em Maio"

 

Circulação

"A ideia de circular com dois médias é um modo que a Embaúba encontrou de viabilizar e de abrir campos de circulação pra esse formato. Acho que é uma forma de lidar com esse formato tão difícil de ser encaixado no circuito comercial."

Grace Passô, diretora de "Vaga Carne"

 

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