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Loucos por plantas
Vida & Arte

Loucos por plantas

Levar a natureza para dentro de casa ganhou destaque a partir do movimento Urban Jungle e, mais do que estética, expressa conexão e estilo de vida
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Bruno Ary, paisagista, construiu jardim em seu sítio na Taíba com diversas espécies de plantas, tanto aquáticas, quanto terrestres  (Foto: Camila de Almeida/divulgação)
Foto: Camila de Almeida/divulgação Bruno Ary, paisagista, construiu jardim em seu sítio na Taíba com diversas espécies de plantas, tanto aquáticas, quanto terrestres

Quem é ligado em decoração, já deve ter percebido a chegada forte das plantas nos ambientes internos há tempos. Foi aí que entrou em cena a tendência Urban Jungle. Já ouviu falar? Ele enfatiza o contato com plantas não só no seu cultivo, mas também como decoração de casas, estampas de roupas, almofadas, canecas, cerâmicas e tantas outras referências.

O olhar para este segmento, de uma forma muito natural e progressiva, foi deixando de ser modismo e tornou-se um estilo de vida de quem escolhe ter contato diário com o verde. Não é sobre ter alguns vasos de plantas pela casa ou mantas de sofás estampadas de verde, mas sobre criar ambientes completamente imersos nessa temática, desenvolvendo uma conexão interna a partir deles. O que muitos podem ver como exagero, para os adeptos expressa refúgio e aconchego.

Nessa perspectiva, Marco D. Julio transformou seu lugar de moradia em um ambiente triplo: casa, ateliê e galeria, ao mesmo tempo, tendo como protagonista dos cenários plantas das mais variadas espécies. O artista paulista, mas cearense de coração - morou no Ceará por 20 anos e hoje reside em Florianópolis - está à frente do O Tropicalista, um laboratório de pesquisa, experimentação, desenvolvimento e divulgação de projetos e práticas artísticas e curatoriais. Trazer as plantas para suas criações, ele garante, é muito mais do que só trabalho.

"Quando vim para Florianópolis, eu e meu companheiro e sócio pensamos em transformar o espaço que a gente vive em uma instalação artística. Como uma merzbau tropical. E fomos incorporando plantas nesse processo", explica. As primeiras espécies foram colhidas nas ruas, presenteadas pelos amigos e, aos poucos, foram ocupando a casa.

"Como é um apartamento e não temos a luminosidade necessária para todas as espécies que gostamos, instalamos algumas luzes especiais, que emitem comprimentos de onda que favorecem a fotossíntese", comenta. Para completar, também é usado um sistema de compostagem caseira que permite ter humus e chorume para que as plantas não sintam falta de nenhum nutriente que precisam.

A imersão da vida do artista com as plantas é tanta, que ele foi chamado para construir uma outra instalação como a da sua casa, só que no Museu de Arte de Santa Catarina para comemorar os 70 anos da instituição. "Foi lindo! Ocupamos toda a antessala do museu com plantas verdadeiras ou em forma de lambes, adesivos, esculturas", relembra.

Sua obra mais recente, exposta no memorial Meyer Filho, também foi sobre plantas e chamou-se Babilônia. "Fomos coletando as espécies que são descartadas pelas pessoas no lixos ou em caçambas, recuperamos elas durante um tempo e depois incluímos na obra", comenta o artista.

Assim como Marco, a conexão construída com as plantas também precisou ganhar espaço dentro da casa de Bruno Ary. Desde a infância, o cearense desvenda suas curiosidades sobre o assunto em documentários, livros e filmes. Hoje, ele fez do seu sítio na Taíba, Ceará, uma verdadeira imersão: um lago com aquáticas, um jardim com terrestres e um ambiente interno também equipado para o melhor desenvolvimento das espécies.

"Na minha casa passa um pequeno riacho. Lá existia previamente uma escavação para criação de peixes, que eu adaptei para um lago ornamental. Aos poucos fui plantando mudas nesse terreno que era chamado de Toca. Trouxe também alguns peixes amazônicos como pirarucu e tambaquis, que junto com as plantas aquáticas - de Ninféias, Lotus até a Vitória Régia - criaram uma paisagem bem diferente do que se via usualmente na praia da Taíba. O lago é ótimo pra banho, por ser raso e de água limpa. Esse ambiente, do jardim aquático ao terrestre, gera uma sensação de imersão que leva as pessoas a se conectarem com a natureza", comenda o paisagista.

Como não está sempre presente do lugar, já que atualmente mora em Sobral, Bruno preferiu pensar num ambiente que demandasse pouca manutenção para se manter vivo e pulsante. O cuidado vai além da paixão estética como parte da sua profissão no paisagismo, ele garante: "É parte da minha própria formação pessoal. Eu gosto de pessoas, mas sou um pouco introvertido, então o jardim acaba sendo um refúgio onde é impossível se sentir só, porque as plantas e seres vivos em certa medida nos fazem companhia", pontua.

A construção do jardim demandou um trabalho de uma década. Feito e pensado pouco a pouco, de acordo com os acontecimentos e as mudanças da vida. "O interessante dessa construção é que fui fazendo com a influência de cada momento e trazendo inspirações das viagens que fiz pelo mundo", finaliza.

 

Seu Flor alerta para a importância em conhecer, de fato, o movimento Urban Jungle
Seu Flor alerta para a importância em conhecer, de fato, o movimento Urban Jungle

"Entender as plantas é o básico para o Urban Jungle"

Com a popularização do movimento que leva as plantas para dentro das casas, Seu Flor, à frente do @jardimdoseuflor, alerta para a importância em entender o que, de fato, o Urban Jungle representa. "Poucas pessoas querem realmente saber como cuidar das plantas. Muitos querem ter o apartamento do sonhos com muitas plantas, como as referências do Pinterest, mas sem mesmo saber o básico de cultivo. Entender as plantas e saber suas necessidades é o básico para o Urban Jungle", explica.

A espécies mais procuradas, segundo ele, são as chamadas "plantas para dentro de casa", um conceito genérico que é preciso levar em consideração todas as características do ambiente, desde fatores como luz, até a rotina de cada pessoa da casa.

"É importante saber quanto você está disponível de cuidar, observar e aprender sobre as plantas da sua casa. A luz é fundamental pra fazer a primeira filtragem de plantas que podem sobreviver ao ambiente que você pode dar", pontua.

Para os cuidados em jardins, também é importante procurar conhecer sobre adubações. "As pessoas têm que começar a entender que plantas são seres vivos, que têm fases ao longo do tempo, que podem ter baixas e altas dependendo do tipo de manejo. Não adianta deixar a planta no espaço sem cuidado e achar que ela fique perfeita sempre", finaliza.

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