Logo O POVO+
"Outer Banks" promete ser sensação entre adolescentes
Vida & Arte

"Outer Banks" promete ser sensação entre adolescentes

Nova trama adolescente lançada pela Netflix, "Outer Banks" equilibra aventura e dramas juvenis. Atração chegou ao 1º lugar no ranking da plataforma nos EUA; V&A assistiu e comenta
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Outerbanks gira em torno de um grupo de amigos adolescentes em busca de um tesouro (Foto: Divulgação/Netflix)
Foto: Divulgação/Netflix Outerbanks gira em torno de um grupo de amigos adolescentes em busca de um tesouro

Um grupo de amigos em uma caça ao tesouro. Essa é a premissa "Outer Banks", série da Netflix lançada em meados de abril. Em um primeiro momento, é possível fazer referência ao clássico infantil Os Goonies, produzido por Steven Spielberg. De fato, os clichês de uma aventura com armadilhas, perigos e ouro continuam. A diferença é o drama que não dá espaço para nenhuma risada.

Ambientado em uma ilha turística, a trama tem como ponto de partida as extremas diferenças sociais entre ricos, definidos como Kooks, e pobres, que são os Pogues. É nesse contexto que os adolescentes John B. (Chase Stokes), Kiara (Madison Bailey), Pope (Jonathan Daviss) e JJ (Rudy Pankow) vivem e criam fortes laços entre si.

Os quatro, porém, entram em um caminho inimaginável após o pai de John B. desaparecer no mar. O jovem, abandonado por outros familiares, vive sozinho, inconformado com as respostas oficiais. Por meio da dor do abandono que carrega, envolve-se na mais famosa lenda da cidade: um antigo navio, o Royal Merchant, afundado dezenas de anos antes. Dentro dele estariam aproximadamente 400 milhões de dólares em ouro.

Na busca pela verdade e também por enriquecer, os amigos começam a caçar o dinheiro. Entretanto, as ligações do caso com outras pessoas de "Outer Banks" vão ficando mais intensas com o passar dos episódios. É, portanto, uma história conhecida e já explorada por várias produções audiovisuais. Mas um fator se torna importante: a capacidade dos diretores de terminarem um episódio no momento exato dos maiores confrontos, deixando no ar o desejo de seguirmos adiante.

Além disso, a série explora bem as narrativas secundárias dos personagens. Pais alcoólatras, violência doméstica, necessidade de bolsa de estudos para entrar na faculdade e falta de identificação - típica na adolescência - são alguns dos temas apresentados. E é nesse ponto que está o potencial a ser abordado nas próximas temporadas.

A série utiliza contextos de outras criações norte-americanas para além de "Os Goonies". Em meio aos novos trabalhos juvenis, em que tudo decorre por meio dos problemas das redes sociais e da internet, a aposta da Netflix sequer mostra alguém mexendo no celular. Pelo contrário, o contexto é que todos estão sem energia depois de um furacão. Com isso, consegue resgatar o sentimento que estava há muito tempo perdido desde as produções do início dos anos 2000, como "One Tree Hill", "Dawson's Creek" e "The O.C".

Mas "Outer Banks" comete um deslize. Em meio às aventuras, a história opta por focar quase que inteiramente nos problemas de John B. e, eventualmente, em seu relacionamento com a namorada, Sarah Cameron (Madelyn Cline), uma menina rica da ilha. Seus amigos, com subjetividades mais complexas que a do personagem principal, vão sendo esquecidos. Contextos que poderiam ter enriquecido os dez episódios dão espaço para a típica jornada do herói.

Mesmo com algumas falhas no roteiro, "Outer Banks cumpre o que promete: entreter". É uma série com uma fotografia deslumbrante, principalmente, devido ao uso constante do ambiente em que estão. Pôr do sol, barcos, roupas de praia e mar dão uma sensação de saudade para quem está em isolamento social.

Se a série equilibrar a aventura com as narrativas secundárias, que são tão necessárias para criar complexidade, a ainda não anunciada segunda temporada pode causar um novo fenômeno entre os amantes dos dramas adolescentes.

O que você achou desse conteúdo?