Driblando os teatros fechados, previstos para reabrirem em 20 de julho, na última fase da retomada da economia do Ceará, artistas das mais diversas linguagens seguem buscando novas formas de se apresentar, se apropriando de novos espaços como palcos.
Os artistas cearenses Silvero Pereira, conhecido por seu papel no filme "Bacurau", e Gyl Giffony, integrante da Inquieta Cia. de Teatro, apresentam nova versão da peça "Metrópole" nos próximos dias 15 e 16 de junho (segunda e terça), às 21 horas, pelo Instagram.
A fim de seguir a arte como profissão, ambas apresentações serão fechadas, e os ingressos podem ser adquiridos pela plataforma Sympla por R$ 12. Além da apresentação, o espetáculo será seguido por um bate-papo com os atores, em link divulgado durante o evento. A peça será transmitida em um Instagram privado, em que somente os compradores do ingresso poderão ter acesso. Transmitida ao vivo, a apresentação só estará disponível durante o evento e não será salva em nenhuma rede social, representando o próprio momento do teatro.
O texto, original de 2012 e de autoria de Rafael Barbosa, conta a história de dois irmãos que compartilham experiências no teatro, mas divergem nas próprias visões da arte. Intitulada de "Metrópole Online: Arte para Alimentar", a peça passou por mudanças para se adequar à nova estrutura de apresentação — em que os atores permanecem cada um em sua casa.
Segundo Silvero, as dificuldades de adaptação da peça vêm sendo relacionadas com essa reinvenção artísticas, em que o ator passa a ir além da aparição em cena, trabalhando como operador de som e luz, cenógrafo, diretor etc. Entretanto, o momento também serve como oportunidade para novas descobertas e novas adaptações.
"Tem sido prazeroso se adequar e descobrir novas linguagens, como por exemplo o uso dos filtros do Instagram, ou a percepção de áudio dos espectadores, que estamos chamando de espectonline", explica o ator, que completa 20 anos de carreira teatral em 2020.
O artista ressalta que a ideia de ressignificar o espaço teatral surgiu da sua própria inquietude e da reflexão sobre seguir o trabalho na arte, mesmo em tempos de pandemia. "A ideia surgiu nesses dias refletindo na minha própria ansiedade e em como a gente faz para continuar existindo enquanto artista. É nosso primeiro experimento. A gente não quer substituir o teatro físico, como o olho no olho, a interação com o público etc… Mas a condição do momento não permite isso, então a gente tem que se reinventar".
Já Gyl Giffony explica que a ideia de reunir pessoas e novas ideias para a adaptação tem sido uma experiência que motiva inclusive a própria criatividade. "Vejo que temos conseguido mobilizar compreensões que trazemos de nossas trajetórias na arte, de uma forma ampla, que faz com que realizamos essa criação de uma forma instigante: na composição de cena, movimentação, iluminação, especialidade, ritmo, duração… No teatro, a adaptação é algo muito constante, por que os espaços teatrais são muito distintos, assim como as vertentes teatrais e os públicos", explica o ator, que há 14 anos trabalha no ramo artístico.
Apresentação de "Metrópole online: arte para alimentar" bate papo com os atores
Quando: segunda e terça, 15 e 16, às 21 horas
Onde: pelo Instagram @sala_de_espetaculos
Quanto: R$ 12, no site do Sympla