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As memórias de quem conheceu o cinema drive-in de Fortaleza em 1980
Vida & Arte

As memórias de quem conheceu o cinema drive-in de Fortaleza em 1980

Mais de 40 anos depois, Fortaleza volta a ter cinema drive-in, dessa vez com programação musical, humor, prática esportiva e outras atrações. Confira depoimentos de quem frequentou essas os drives-ins da Cidade
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Programação do Colosso Open Vibes conta com filmes, shows de humor, música e atrações infantis (Foto: Aurélio Alves / O Povo) (Foto: Aurelio Alves/ O POVO)
Foto: Aurelio Alves/ O POVO Programação do Colosso Open Vibes conta com filmes, shows de humor, música e atrações infantis (Foto: Aurélio Alves / O Povo)

A moda dos cinemas drive-in chega a Fortaleza hoje, 23, com a inauguração do Colosso Open Vibes (leia ao lado). O "dèja-vu" que muitos adultos podem sentir com essa frase é baseada em uma experiência esquecida há décadas. Tanto que a informação que você lê nesta quinta-feira, 23, poderia estar no O POVO no dia 3 de março de 1978. Na data, a capital cearense ganhava seu primeiro "Cine Drive-In".

Quando a atração veio para Fortaleza anos após sua expansão em território norte-americano, o público era extremamente diverso. Famílias levavam seus filhos para um dia de diversão. Amigos se reuniam para assistir aos filmes. Namorados se encontravam para apreciar momentos românticos. Os jovens que passam hoje pelo cruzamento da avenida Pontes Vieira com a rua Barbosa de Freitas não imaginam que aquele lugar guarda tantas memórias da antiga juventude alencarina. Atualmente, a via movimentada do bairro Dionísio Torres em nada se assemelha ao cenário visto por tantos entre as décadas de 1970 e 1980.

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As lembranças daquele espaço, entretanto, perpetuam nas lembranças de quem conheceu o novidade. Cristiana Parente, professora do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade do Ceará (UFC), era apenas uma criança quando visitou o local pela primeira vez. "As memórias de infância sobre minhas visitas ao cinema Drive-In, com minha família, sempre foram muito fortes e ímpares", lembra.

Na visão de uma menina, ainda muito pequena, um fato era quase extraordinário: o tamanho da tela. "Era coisa de outro mundo. Ver aquela enorme imagem projetada, com a paisagem no fundo, era um grande experiência sensorial", caracteriza. Sair do carro, sentar no chão e comer cachorro-quente eram ações recorrentes. Apesar de muitas recordações que mantém desse período, ela destaca o espanto com as imagens que abarcavam vários tipos de cinema.

Enquanto Cristiana costumava frequentar com os pais ainda criança, o consultor empresarial, Rogério Maia, já estava com 20 anos quando começou a ir ao Cine Drive-In. "Era muito interessante porque tinha os cinemas normais. Mas esse tinha uma tela imensa. Para época, o espaço era muito bem estruturado", explica. Ele lembra que amigos de outros estados que passavam dias em Fortaleza pediam para conhecer, porque o lugar era uma referência.

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Os serviços de alimentação eram uma novidade. "Você ia à vontade, de bermuda, com chinela. Você podia levar sua próprios alimentos também. É importante dizer que essa combinação de pipoca e refrigerante não existia ainda. Os cinemas comuns só tinham bomboniere", recorda. Apesar de ter ido com regularidade às salas tradicionais, reconhece que o drive-in era mais confortável. "No carro, você podia deitar o banco. O cinema da minha época não tinha essa poltrona que a gente vê hoje, não era confortável. E as cadeiras eram retas, você passava o filme todo vendo entre as brechas das cabeças da frente", afirma.

O ambiente também foi frequentado por Aíla Sampaio, professora do Centro de Ciências da Comunicação na Universidade de Fortaleza (Unifor). Em 1980, ela havia recentemente saída do interior do Ceará para morar na capital. Amante do cinema, sempre ia para o extinto Cine Gazeta, no Center Um, e para o Cineteatro São Luiz. "Era um terreno enorme, com locais marcados para os carros, com trailler para venda de lanches. A tela era enorme. Ficávamos dentro do carro, escutando os sons com fones de ouvido que recebíamos na entrada", evoca. Nas duas vezes que esteve presente, foi com três amigos, apesar de ser mais comum casais de namorados estarem no local.

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