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DJ Profeta Profano ministra curso sobre a história da cultura hip hop em Fortaleza
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DJ Profeta Profano ministra curso sobre a história da cultura hip hop em Fortaleza

As aulas acontecem nesta quarta, 5, e quinta, 6, sempre de 17 às 19 horas, na plataforma Zoom. O projeto é realizado em parceria com a Livro Livre Curió Biblioteca Comunitária
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O Dj e produtor Profeta Profano ministra o curso sobre história e cultura do hip hop (Foto: Viviane Siade / divulgação)
Foto: Viviane Siade / divulgação O Dj e produtor Profeta Profano ministra o curso sobre história e cultura do hip hop

A cultura do hip hop é uma das mais conhecidas e consumidas no mundo contemporâneo. Mas você sabe como ela surgiu? E como chegou no Ceará? A partir de um olhar histórico, o curso on-line "História e Cultura do Hip Hop", ministrado pelo DJ Profeta Profano e realizado em parceria com a Livro Livre Curió Biblioteca Comunitária, abordará elementos da formação da expressão cultural, destrinchando aspectos de ancestralidade, a participação das mulheres e a chegada ao Brasil. As aulas ocorrem nesta quarta, 5, e quinta, 6, sempre de 17 às 19 horas, a partir da plataforma Zoom.

No percurso formativo, o artista - que é também produtor e atua há mais de dez anos no cenário cultural de Fortaleza - dividirá, por exemplo, marcos históricos da cultura no contexto estadual, como o papel do Movimento Hip Hop Organizado (MH20) e a união entre pautas sociais e estudantis com a música e a dança da cultura. "Um momento muito importante do hip hop cearense foi um evento que reuniu aproximadamente 5 mil pessoas no pólo do Conjunto Ceará, que era uma manifestação em prol da educação pública", adianta. A abordagem também passa por ressaltar o papel de Cindy Campbell, figura importante no surgimento da cultura hip hop nos idos dos anos 1970 e que é constantemente apagada da história.

Foi Cindy que, em 11 de agosto de 1973, sugeriu ao irmão - o célebre DJ jamaicano Kool Herc, considerado um dos pais do gênero - que realizasse uma festa baseada nas referências e memórias musicais da vida da família na Jamaica. O evento acabou por ser considerado o marco fundador da cultura hip hop. Ao longo desses quase 50 anos de história, elementos fundadores da manifestação foram assimilados por mercado e sistema - processo no qual, conforme aponta Profeta, pesam mais os pontos negativos do que os positivos. "Tem a questão positiva da galera que tá quebrada financeiramente ganhar um dinheiro - às vezes pouco, mas é o que põe comida nas mesas. Porém, nesse universo complexo, a gente precisa entender que o hip hop não é apenas um estilo musical, de dança ou um desenho na parede. É um conjunto de elementos, uma cultura. A partir do momento que o sistema e o mercado assimilam os elementos e colocam eles de forma separada, existe a tentativa de ruptura e destruição de uma cultura complexa", aponta o DJ. "O mercado fez isso com o jazz, o blues, o axé, o samba. Existe um processo de embranquecimento, de inviabilização e de destruição dos povos pretos e originários", completa.

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Para Profeta, a história da cultura hip hop é formada por várias lições a serem aprendidas até hoje. "Uma delas é que nós precisamos produzir nosso próprio conhecimento. Não precisamos do conhecimento do homem branco porque nós somos e produzimos o nosso conhecimento, que produzimos há muito tempo: os saberes dos povos tradicionais e originários, das nossas avós e nossos avôs. A gente não precisa seguir cartilha de ninguém", atesta. "Um moleque que tá na rua, às vezes revoltado por não ter nem o que comer, não sabe pra onde direcionar suas revoltas e vai aprender com um cara que tá dançando break a direcionar a raiva e as potencialidades. O hip hop está nos ensinando que somos capazes de produzir nosso próprio dinheiro, nosso próprio conhecimento e que somos suficientes para nós mesmos", completa o DJ.

A partir daí, o artista destaca a importância das conexões e ligações entre as pessoas que produzem arte e cultura neste cenário no contexto cearense. A cada resposta dada, diversos nomes da cena do Estado foram citados por Profeta: Samuel EmTranse, integrante do Sarau da B1 (Jangurussu); a Coletiva Pretarau e a poeta Nina Rizzi; o poeta e idealizador da Livro Livre Curió Talles Azigon; a produtora, fotógrafa e DJ Kelly Brown; Flaviene Vasconcelos, produtora do selo Produtos do Morro Rec; o grupo Raciocínio Cotidiano, com quem atua como DJ; e ainda parceiros de lida do próprio Profeta, como Marquinhos Abu, que faz as artes para Profeta, e Viviane Siade, que atua na fotografia, figurino, cenário e luz junto ao artista - isso para citar alguns.

"É importante falar que o hip hop e a periferia como um todo têm um mercado próprio. Não é interessante pra nós uma gravadora chegar nas nossas áreas, levar pra um estúdio na Aldeota, gravar, usar nossa imagem e trabalho e às vezes não valorizar e não pagar nem o cachê. A periferia tem produzido. Os moleques e as gatas têm produzido muito trampo massa. A Treta MC, a Fran DDK, a galera do Cariri. Esses trampos que a gente têm feito entre nós é onde o hip hop se apresenta, nessa lógica de autogestão e mercado próprio", elabora.

História e Cultura do Hip Hop com DJ Profeta Profano

Quando: dias 5 e 6 de agosto, a partir de 17 horas
Onde: plataforma Zoom
Investimento: R$ 50
Inscrições e mais informações clique aqui

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