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Espetáculo "E.L.A", de Jéssica Teixeira, ganha documentário exibido nesta sexta, 28
Vida & Arte

Espetáculo "E.L.A", de Jéssica Teixeira, ganha documentário exibido nesta sexta, 28

O espetáculo, interpretado pela atriz e pesquisadora Jéssica Teixeira, tem seu processo de construção documentado em "Pudesse ser apenas um enigma", exibido nesta sexta-feira, 28 de agosto, às 20 horas
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O documentário Pudesse ser apenas um enigma é baseado no espetáculo E.L.A (2019)
 (Foto: Beto Skeff)
Foto: Beto Skeff O documentário Pudesse ser apenas um enigma é baseado no espetáculo E.L.A (2019)

Olhar-se no espelho e questionar a forma que define seu exterior é uma ação recorrente para tantas pessoas. Mas o processo de conhecer, de entender os movimentos sociopolíticos de si, de apreender a universalidade - e também a singularidade - do seu corpo físico é um processo infindável. É permanente porque sua estrutura está sempre em mudança, ao mesmo tempo em que a sociedade também modifica os próprios conceitos preestabelecidos. A partir destas indagações, surgiu, em 2019, o espetáculo "E.L.A", interpretado por Jéssica Teixeira e dirigido por Diego Landim. Um ano depois, a produção se tornou o tema do documentário "Pudesse ser apenas um enigma", que terá lançamento em transmissão ao vivo nesta sexta, 28, às 20 horas, no canal do Youtube do Sesc Pompeia.

A montagem, idealizada desde 2017, percorreu diversas cidades do País. Com mais de 30 apresentações, passou por Porto Alegre e também por São Paulo. Em Fortaleza, berço do projeto, teve sua estreia no Cineteatro São Luiz.

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"E.L.A" nasceu com o objetivo de fazer uma síntese social, histórica, política e pessoal das múltiplas definições e percepções do corpo. É ainda a profundidade dos 27 anos de vida da atriz. "O espetáculo é um modo de ver o próprio corpo, de como ele opera no mundo e como atua na cena. É uma pesquisa sobre o corpo impossível. Que corpos são possíveis de existir nesse mundo? Há outras possibilidades de existência e sobrevivência", explica a atriz, produtora e mestre em Artes pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Jéssica Teixeira.

Segundo ela, a produção é uma maneira de mostrar os próprios limites, as dores e os traumas ao outro. "É um pouco sobre como atuar nesse mundo cheio de normas, padrões, como encontrar nossa ética e modus operandi. É minha maneira tão única de existir que pode ser de todos os outros", comenta.

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Foi da necessidade de construir o percurso no mercado teatral sozinha que nasceram os primeiros fundamentos para a obra. "Comecei profissionalmente na arte muito cedo. Trabalhei em vários grupos, mas eu tinha a dificuldade com a comunidade porque ninguém tinha um corpo igual o meu. Algumas questões eram muito minhas, e queria falar sobre elas, porque não cabiam na emergência de outras pessoas", lembra a artista. "Quem nunca olhou para si e se sentiu estranho, achando que não pertence ao corpo que tem? Mas você nasceu com ele, não é algo ambulante. Ele é político, estético, comunicativo e social. É tudo", indaga.

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Após um ano desde o lançamento, ela recebeu o convite do Sesc Pompeia para realizar um conteúdo audiovisual a partir da desmontagem da peça. Mas a criação do documentário "Pudesse ser apenas um enigma" trouxe alguns obstáculos durante o processo seu elaboração. Com aproximadamente 40 dias para produzir, gravar e editar, Jéssica Teixeira convidou Pedro Henrique para assinar a direção e o roteiro ao seu lado. Ele já havia trabalhado em "E.L.A" como o responsável pelo "video mapping", ou seja, pela projeção de vídeo em superfícies irregulares.

"Quando recebemos o convite, precisávamos fazer a desmontagem no meio da pandemia. Por isso, não podíamos nos encontrar, montar uma equipe… A gente também não queria que o fosse apenas a Jéssica falando sobre o processo da obra. O questionamento era: como pegar algumas cenas do espetáculo e adaptá-las para a linguagem audiovisual?", expressa o diretor Pedro Henrique. De acordo com ele, os dois conteúdos podem ser assistidos de maneira independente, sem a necessidade de um conhecimento anterior sobre o tema.

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A produção foi realizada de forma contínua durante o prazo. Sozinha, Jéssica Teixeira montava o cenário, gravava e performava. "A ideia original do nosso cronograma de filmagem era ela filmar em cinco dias para eu ter tempo de editar o restante do material. Mas não deu certo, foi um processo constante", explica o co-roteirista. A acessibilidade também foi um dos pontos importantes. A interpretação em Libras e a audiodescrição fazem parte dos recursos utilizados para a construção da linguagem artística.

O objetivo primordial deste projeto, que será divulgado nesta sexta-feira, é o de revelar indagações e contextos que talvez não estejam tão explícitos em "E.L.A". Aprofundamentos que foram importantes para a peça, mas que não estão na obra final, são abordados durante o documentário. "É um obra que parte de outra. Então vai um pouco além. Ela mostra as escolhas que não são vistas inicialmente. No espetáculo, o discurso está pronto. Mas agora, falo muito sobre deficiência e sexualidade, que não estão na peça, mas que precisei abordar de maneira íntima nas minhas decisões dramatúrgicas", explica Jéssica. Para ela, o novo conteúdo demonstra porque o posicionamento que toma na montagem é o mesmo de seu dia a dia: sua vida e sua obra não se separam.

Pudesse ser apenas um enigma

Quando: sexta-feira, 28 de agosto
Onde: no canal do Youtube do Sesc Pompeia
Gratuito

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