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15ª Mostra de Cinema de Ouro Preto começa nesta quinta, 3, com edição on-line
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João Gabriel Tréz é repórter de cultura do O POVO e filiado à Associação Cearense de Críticos de Cinema (Aceccine). É presidente do júri do Troféu Samburá, concedido pelo Vida&Arte e Fundação Demócrito Rocha no Cine Ceará. Em 2019, participou do Júri da Crítica do 13° For Rainbow.

João Gabriel Tréz arte e cultura

15ª Mostra de Cinema de Ouro Preto começa nesta quinta, 3, com edição on-line

Serão mais de 100 filmes disponibilizados, além da promoção de debates sobre preservação, TV e educação. Propostas de preservação da Cinemateca Brasileira estão entre os temas
Tipo Notícia
O longa
Foto: divulgação O longa "Cadê Edson?", de Dácia Ibiapina, está disponível na programação da 15ª CineOP

"O maior desafio foi exatamente como levar a programação presencial para o virtual mantendo o conceito do evento para quem conhece poder se identificar e quem não conhece poder entender o propósito, que é tratar cinema como patrimônio", explica Raquel Hallak, coordenadora geral da Mostra de Cinema de Ouro Preto, referindo-se à mudança de formato que o evento passou por conta da pandemia justo no ano da 15ª edição. A partir desse cenário e baseando a programação nos três eixos temáticos de costume - História, Educação e Preservação -, a CineOP disponibilizará, gratuitamente, debates, masterclasses, shows, oficinas e mais de 100 filme ao público.

O tema central da mostra em 2020 é "Cinema de Todas as Telas", que se desdobra nos temas de cada eixo: "Patrimônio Audiovisual: Acervos em risco e novas formas de difusão" (Preservação, com curadoria de José Quental e Ines Aisengart Menezes); "Televisão: o que foi, o que é e o que ainda pode ser" (Histórica, com curadoria de Francis Vogner dos Reis); e "Telas e Janelas: Tempo de cuidado, delicadeza e contato" (Educação, assinada pelas curadoras Adriana Fresquet e Clarisse Alvarenga).

Segundo Francis Vogner, que assina as curadorias da Temática Histórica e de longas da Mostra Contemporânea, a "nova circunstância do evento on-line trouxe uma nova reflexão que incidiu sobre o encaminhamento da temática e a possibilidade de exibição das obras por meio da internet". "Pensar nessa realidade de multitelas, difusão digital, possibilidade da pessoa ver o filme em casa de maneira mais interativa escolhendo o horário de ver os filmes, a ordem que desejar, tudo isso faz pensar que esse é um caminho sem volta", aposta.

Raquel observa que o formato virtual "perde os encontros e as trocas presenciais" e demanda, naturalmente, acesso tecnológico - "e infelizmente, no Brasil, a Internet ainda é um ponto caro e isso tem que ser uma luta nossa", atenta -, mas, pelo lado positivo, extrapola fronteiras físicas. "É um novo modelo de atuação e as pessoas estão se adaptando, criando hábito de consumo", avalia.

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Entre os filmes disponíveis durante o evento, por exemplo, estão os do projeto "Nhemongueta Kunhã Mbaraete" - de trocas de vídeo-cartas entre as professoras indígenas Graciela Guarani, Patrícia Ferreira Pará Yxapy, Michele Kaiowá e a artista visual Sophia Pinheiro durante a pandemia -; o cearense "A Jangada de Welles", dirigido por Petrus Cariry e Firmino Holanda; o documentário "Cadê Edson?", de Dácia Ibiapina; e "Pixote - A Lei do Mais Fraco", de Hector Babenco. 

Os debates do evento partem das temáticas centrais. Entre eles, estão o debate da abertura, "Cinema de todas as telas", que acontece hoje, às 20 horas, recebendo o escritor e filósofo Ailton Krenak e o cineasta Tadeu Jungle; "Um plano de cinema, um plano de aula", que aproxima na segunda, 7, às 10 horas, as perspectivas da cineasta Cristina Amaral e da professora Licinia Correa; e "Imagens na contramão das narrativas midiáticas", com a diretora Dácia Ibiapina e João Batista de Andrade, debatendo na sexta, 4, às 18 horas, a criação de discursos críticos a partir de e na TV.

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A singularidade de contexto da mostra se faz presente ainda por outro viés: o evento que debate e defende a preservação audiovisual completa 15 anos em meio ao desmonte da Cinemateca Brasileira, maior acervo audiovisual da América Latina, por parte do Governo Federal. A discussão se dará ao longo da mostra, mas um debate específico acontece na segunda, 7, às 16 horas, na mesa "Instituições de patrimônio em risco: Caso Cinemateca Brasileira".

"A situação da Cinemateca é aflitiva porque ali está a nossa história, que interessa a nós e ao mundo. Um país sem registro, sem memória, é um país sem identidade", aponta Raquel. Curadora da mostra contemporânea de curtas da CineOP, Camila Vieira destaca que o caráter virtual da mostra em 2020 pode ampliar o alcance das discussões sobre o tema. "É mais necessário ainda que as pessoas possam acompanhar uma mostra como a CineOP. A programação está toda on-line, gratuita, então pessoas do Brasil inteiro vão poder acessar esses filmes, acompanhar os debates", afirma. "A mesa que vai falar sobre a atual crise da Cinemateca vem no sentido de ser propositiva, de como a gente pode somar para vê-la funcionando. Nossa questão é sempre trazer reflexões que possam contribuir para que avanços sejam conquistados", resume Raquel.

Mostra de Cinema de Ouro Preto

Quando: de hoje, 3, a 7 de setembro
Onde: www.cineop.com.br
Gratuito
Mais informações: no site ou em @universoproducao

Foto do João Gabriel Tréz

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