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Com novo decreto a partir desta segunda, 7, músicos e humoristas preparam retorno ao palco
Vida & Arte

Com novo decreto a partir desta segunda, 7, músicos e humoristas preparam retorno ao palco

Artistas comentam sobre o decreto estadual que libera atividades sob protocolos de exigência sanitária, como diminuir consideravelmente a capacidade de público às apresentações
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Com a liberação anunciada pelo governador Camilo Santana, músicos e humoristas podem retomar atividades presenciais seguindo os protocolos sanitários (Foto: Henrique Kardozo/Divulgação)
Foto: Henrique Kardozo/Divulgação Com a liberação anunciada pelo governador Camilo Santana, músicos e humoristas podem retomar atividades presenciais seguindo os protocolos sanitários

A partir de hoje, 7, músicos e humoristas ficam liberados para voltarem às atividades profissionais. O anúncio foi feito pelo governador Camilo Santana (PT) após reunião estratégica de enfrentamento à pandemia nesta última sexta, 4. A novidade estabelecida por decreto, porém, tem suas ressalvas. Segundo o dirigente estadual, as atividades devem seguir todos os protocolos sanitários, em vista de um retorno seguro.

Dentre eles, o uso obrigatório de máscaras e o respeito ao distanciamento mínimo de 1,5m a 2m, bem como a lotação máxima de 100 pessoas por eventos ao ar livre. Incluem-se assim todas as cidades que estão na Fase 4 do Plano de Retomada Econômica - além de Fortaleza e sua macrorregião, as macrorregiões de Sobral, do Sertão Central e do Litoral Leste/Jaguaribe. Por enquanto, apenas a região Cariri, na fase 3, continua à espera.

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Ciribáh Soares, músico há mais de 30 anos, foi pego de surpresa pela pandemia. No dia 15 de março fez a estreia do show de lançamento do novo CD, que acabou interrompido. Somente agora, com a decisão, ele retornará aos shows de divulgação do trabalho. Nesse tempo, concentrou energia nas lives. "Foi muito bom, consegui ajudar também um pouco a outras pessoas com o que foi arrecadado. Agora, prefiro ao vivo, a não ser live por encomenda", encontrou um novo nicho. "Estou muito feliz de poder cantar e encontrar com o meu público", diz. "Aos poucos voltamos ao normal", aposta.

Berg Menezes também é músico. Atua como cantor e compositor na cena autoral, por isso o interesse pelo pronunciamento do governo estadual. "Recebi a notícia com bastante alegria, principalmente por saber que vários colegas estão em situação complicada sem poder trabalhar. Acredito que com organização e todos os cuidados as coisas vão voltar aos poucos", repercute.

Antes da liberação, Berg já tinha planos. "Voltamos a nos encontrar em agosto, eu e a banda. Fizemos um ensaio e uma gravação e acredito que a banda também está ansiosa para voltar à atividade", responde em nome do grupo. "Gravamos um especial no mês de agosto e temos uma live agendada para o próximo dia 26 de setembro. Acredito que a live será mantida, mas pode ser convertida em um show presencial", enxerga alguma possibilidade. Programada antes da pandemia, uma ida ao Cariri, que está na fase 3, só deve acontecer ano que vem.

A notícia de retorno chegou ao humorista Gil Soares, intérprete do Caboré, com um misto de alegria e ansiedade. "Sinto-me preparado para a volta às atividades, o que não me faltou foi o tal ócio criativo", brinca. "Seguindo os protocolos sanitários e as devidas precauções, estou convicto de que estou preparado para o retorno às minhas atividades", avalia, apesar de não estar no planos nenhum show em palco por enquanto. "Tenho agendadas algumas participações em lives e também tenho produzido algumas lives das minhas próprias apresentações humorísticas".

Edinho Vilas Boas, é cantor, violonista e compositor. Para ele, essa volta à ativa foi uma boa decisão, tendo em vista o grande número de famílias de músicos que dependem desses espaços. "O que o músico precisa nesse momento é usar sua arte para o bem e como toda a sociedade, entender e seguir os protocolos, ter o seu trabalho e um auxílio justo".

Também músico, além de produtor cultural, Caike Falcão analisa a decisão do decreto como tardia, ao mesmo tempo recebida com muita alegria. "Como já sabia que estávamos à beira da volta, já venho me preparando há uns dias", contou. Neste intervalo, ele foi um dos artistas que se rendeu às redes sociais, como, antes da pandemia, já era engajado. "Primeiro porque o público está sedento por música ao vivo. Segundo porque a música ao vivo incide diretamente no consumo dos clientes da casa. Acredito, também, que formatos de banda completa ainda demorarão mais um pouco a voltar, mas seguiremos com formatos reduzidos, como voz e violão", pressupõe. "Desde que comecei a tocar na noite, em 2011, nunca tinha ficado tanto tempo longe dos palcos. Vai ser, literalmente, emocionante como se fosse a primeira vez", querendo ver gente real, que não só pelas telas.

Esperança ao teatro local

Humorista, dono de teatro, Carri Costa representa uma parcela dos profissionais de teatro, que também sofreram com o cancelamento durante a pandemia. Quando fecharam os teatros, o baque, segundo Carri, foi grande. E fala especificamente de uma experiência, de vida teatral, entregue há anos pela profissão. "Eu não vivo de projetos nem editais, eu vivo de público, eu vivo de plateia", pesou durante o período em que teve de ficar ausente, principalmente do Teatro da Praia, comandado por ele.

"Estávamos acionados para fazer várias apresentações vendidas, para o poder público, inclusive, e, tinha estreado uma comédia nova aqui no Teatro da Praia. Então a notícia chega para a gente de uma maneira muito bacana, com uma esperança legal", precisando ainda adaptar-se aos protocolos de exigência, o que demandará, adianta Carri, recursos, principalmente para a manutenção do espaço, um armazém antigo, da década de 1940. "Como nós paramos com os espetáculo, o espaço ficou bem relativamente carente de uma manutenção", também, por isso, não abrirá hoje.

"A gente está sempre com um espetáculo engatilhado, mas toda vez que a gente volta em cartaz, com um espetáculo, é uma estreia diferente", diz não que, mesmo com a retomada, é preciso mais tempo, para preparar-se também quanto a isso. A restrição da capacidade de público, porém, não implicará necessariamente em perda. Com capacidade de 150 lugares, "geralmente, esse era o público que a gente trazia para cá", diz Carri, sabendo que também oscila, e para bem menos. "Nossa realidade não é glamourosa", e agora correrá atrás para mantê-la, ao menos viva, pulsante, como tem sido por anos, antes da pandemia.

"Já eu, enquanto ator, eu vou esperar que, de repente, a gente consiga pegar uns espetáculos e vender novamente aos espaços públicos, que comumente compram espetáculos para apresentações, observando toda essa questão da segurança do público", já faz planos. Para ele, as redes sociais, que funcionaram para outras profissões, não são um espaço para o teatro, salve a ajudá-lo em sua divulgação. "O lugar do público assistir teatro é no teatro", ressalta Carri, ainda diante de muito a caminhar em prol do verdadeiro teatro cearense, disposto, mais do que nunca, à retomada.

Para entender

Apesar de incertezas sobre o que virá, para a empresária e humorista Valeria Vitoriano, a Rossicléa, a notícia da retomada foi recebida com muita alegria. "Entendemos o momento delicado mas estamos entusiasmados para poder reabrir o Autoral Comedy Bar, empreendimento que inauguramos em janeiro e fechamos em março, em função da pandemia. Vamos voltar para o palco tomando todos os cuidados", comenta.

Valeria é do cara a cara. "Acho que a live, como tudo, saturou a gente. Funcionou para alguns temas e nichos, cumpriu um papel interessante mas agora vamos voltar ao presencial, ao pessoal". Sem se imaginar longe da plateia e sem se ver também em drive-in, modelo seguinte às lives, neste tempo, Valeria lançou uma universidade para ensinar humor.

Do lado artista já consolidada no Ceará, voltar com um terço da capacidade será difícil e desafiador. "Ainda não temos certeza de como será. Mas meu sócio, que é meu filho, sabe que o que grita em mim não é um CNPJ. Eu sou é artista. Quer algo mais desafiador?".

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