Feche os olhos ou os mantenha bem abertos. Agora imagine que a rede social nunca tivesse existido. Adepto ou não à cultura do Instagram, como seria a vida agora? Como teria sido chegar até aqui, com a sua ausência? Sentida ou não, quase impossível. Após dez anos de seu lançamento, neste 6 de outubro, o Instagram continua sendo a plataforma de maior impacto nas relações em sociedade - dentro e fora da tela. Uma resposta a isso estourou há pouco, com o doc-drama "O Dilema das Redes" (Netflix), a partir da leitura do diretor norte-americano Jeff Orlowski.
Nesse meio, o Instagram, porém, também permitiu - ao longo de sua trajetória - oferecer oportunidades personalizadas de criar, conectar, comunicar, descobrir e compartilhar. Desde que foi criado por Kevin Systrom e pelo brasileiro Mike Krieger em 2010, dois anos após, vendido ao Facebook, o app - regido sob a ideia de comunidade - trouxe assim uma reviravolta ao sentido da expressão, multiplicando-o. O alcance dessas vozes, idem, apesar de ultimamente revisto - para o bem da saúde mental -, por exemplo, com a "eliminação" dos números de curtidas.
Em tantas mudanças que se perde até a conta, acompanhando até mesmo a pandemia, com as lives iniciadas e ainda por lá, inevitavelmente esteve no "olho do furacão" do mundo. Nem mesmo o head da plataforma, Adam Mosseri, poderia ficar indiferente. "Nas últimas semanas, vimos um movimento incrível acontecer ao redor do mundo e também dentro do Instagram. Vimos comunidades mobilizarem-se para exigir justiça e expressar solidariedade, apoiar negócios geridos pela população negra, elevar vozes negras e aumentar a conscientização sobre igualdade racial em todos os lugares", escreveu à época da #vidasnegrasimportam, em um artigo disponível para o blog da rede, onde também comenta, com ressalvas, sobre o viés algorítmico - dissecado em cenas recentes do filme da Netflix. "Algumas tecnologias correm o risco de repetir os padrões desenvolvidos por sociedades enviesadas", reconhece Mosseri, embora, segundo ele, preocupem-se quanto à isso.
Quanto ao conjunto dessa mídia - observa a psicóloga Marina Bezerra - também é preciso ficar atento. Na visão da profissional, o desenvolvimento do aplicativo tem sido pautado no objetivo de tentar reter o máximo de pessoas, no maior tempo possível, navegando por lá. "Conforme ele vai crescendo e se desenvolvendo, nós também temos a possibilidade disso também", detalha (leia na página 2).
Na rede, ela utiliza-se do @psi.marinabezerra, servindo de ponte a outras pessoas. "Atualmente, utilizo o Instagram para divulgar o meu trabalho e utilizar a minha voz, a fim de auxiliar pessoas na obtenção de mais qualidade de vida e bem estar emocional", diz ter realinhado seu perfil, antes, pessoal, mantido desde o início da plataforma, hoje, em nome da causa.
Para a psicóloga Marina Bezerra, utilizar o Instagram "para o bem", ajudando pessoas, oferecendo palavras de apoio, compartilhando entretenimento saudável é chave central do aplicativo hoje. "Infelizmente, existem pessoas que utilizam de um modo completamente prejudicial, mas torço para que esses perfis sejam sempre denunciados e banidos", alerta. Presente na plataforma desde o início, com o perfil pessoal, agora dedicado ao profissional, ela fala com propriedade sobre a mídia.
"Devemos ter cuidado com os vícios que podem surgir a partir da utilização de redes sociais como essas. Sabemos que tudo em excesso faz mal, principalmente no âmbito virtual. Existem pessoas que passam horas e horas em frente à tela do celular olhando o que outras pessoas estão fazendo e compartilhando 24 horas da sua vida. Esse excesso, muitas vezes, esconde uma grande falta, um vazio. É interessante procurar se questionar sobre o motivo dessa intensidade toda e a psicoterapia pode ser uma boa aliada nesse processo de autoconhecimento. O limite é importante para garantir saúde emocional, se esquivar de tendências a comparações injustas que acontecem com bastante frequência", orienta.
Millena Cavalcante, 34, idealizadora não só de um, mas de alguns projetos publicados em forma de entregas na rede, também participa da comunidade Instagram desde o comecinho. "Estou no Instagram desde o início, antes como marca, e agora como perfil pessoal e profissional, mas sempre compartilhando meu universo. Acredito que seja uma ferramenta potente para quem quer mostrar seu trabalho, defender causas, conversar, mostrar um pouco do dia a dia, e, quem sabe, influenciar ao bem", diz, garantindo também cuidar da vida off-line.
"Estar presente para mim mesma, viver, para que, quando eu entrar no on-line, no Instagram, não acabe transformando-o em um gatilho. Quem nunca comparou a sua vida com a dos seguidores? Hoje a minha conta profissional (@asuculenta) está parada por conta da espera pela chegada da minha filha, mas no meu perfil pessoal eu tenho uma hashtag onde escrevo cartas para ela, contando como vem sendo essa doce espera bem no meio de uma pandemia. Chama #cartasparaMorena e eu espero que ela possa ler lá no futuro", tem como propósito. (Jully Lourenço)
Para ouvir:
Episódio 30 do podcast Vida&Arte avalia os dez anos do instagram:
Em alta
Há um diretório (quase escondido) das principais hashtags, que a plataforma ajuda a impulsionar. De lá, algumas delas, de mais de 90 páginas com listagem disponível:
#acabecomapoluiçãoplástica
#agradeça
#alimentaçaosaudavel
#animação
#arquiteturaedecoração
#artesã
#athome