"Cantora, compositora, produtora musical, maquiadora e performer". A cearense Angel History se apresenta no Instagram a partir das múltiplas habilidades que possui. O orgulho é tanto que os talentos inspiraram o título da nova era musical da artista: "Ela Faz Tudo". O projeto contará com singles - o primeiro a ser lançado no próximo dia 28 -, videoclipes e conteúdos para redes sociais. Em entrevista ao Vida&Arte, a artista celebra o protagonismo juvenil, promete um pop colorido, destaca processos de autoafirmação enquanto trans não-binária e avisa: "Pessoas trans não precisam desistir do corre delas. Uma hora dá certo e a gente precisa estudar e ocupar espaços que são negados para a gente sempre e sempre".
"Me orgulho muito em ser 100% responsável pelo meu projeto. Confesso que o motivo de ter iniciado a fazer tudo é porque é muito caro fazer o corre completo, tipo gravar num estúdio. Queria fazer coisas legais, mas não tinha condições de pagar, então tive que aprender a fazer tudo", contextualiza Angel, ressaltando que o domínio de tantas áreas ganhou novos significados. "Como bem se pode ver pela sociedade, quando a gente fala de pessoas trans sempre veem como figuras marginalizadas. Hoje, significa ser autossuficiente, empoderada", contrapõe. "O que mais me orgulha em lançar o projeto é que as pessoas trans podem ver e se sentir encorajadas a fortalecer os corres. 'Ela faz tudo' é ela fazendo o corre dela", define.
Uma parte importante da era é o lado "blogueira". "Tô numa fase de criar muito conteúdo: entrar no Twitter, contextualizar minhas vivências, corres e anseios pelo Instagram", explica, ressaltando que vlogs serão produzidos como fruto da aprovação da artista no edital Arte em Rede, da Secretaria da Cultura do Estado. "Não quero dizer apenas 'sou boa e faço tudo', quero que as pessoas me conheçam, entendam como é meu dia a dia, como produzo minhas músicas, crio meus looks, maquiagem, cenário, iluminação… São todas coisas que estudo bastante para criar", aponta.
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O ponto de partida, Angel rememora, foi o fascínio por divas pop ainda na infância. "Meu primeiro momento 'meu Deus, o que é isso?', foi com um DVD de flashbacks que tinha aqui em casa. Eram 90 músicas, a maioria de homem cis cantando, só que tal hora tinham três faixas que eram tudo pra mim, da Mariah Carey, da Whitney Houston e da Christina Aguilera", destaca. Anos mais tarde e ainda inspirada pelas divas - "via que a Lady Gaga e a Katy Perry eram produtoras e aí comecei a estudar produção musical" -, Angel entrou em contato com processos formativos dentro da Rede Cuca, da Prefeitura de Fortaleza, em 2014.
"Aqui no meu bairro, Barra do Ceará, tem um Cuca e comecei a fazer cursos de música, porque já meio que tinha um talento natural - bem pouquinho, mas tinha", faz graça. No Cuca Barra, aprendeu técnica vocal, arranjos e teve oportunidades importantes. "Pude desenvolver o lado do protagonismo juvenil. Lá sempre foi um espaço construído por nós jovens, então comecei a acessar espaços de juventude", afirma, citando apresentações nos palcos do Corredor Cultural e das Olimpíadas da Juventude, em 2016. "Também consegui minha primeira gravação de voz e gravar meu primeiro videoclipe de graça", destaca.
O primeiro single autoral foi "L.O.V.E.", lançado em 2018. Na época, a estética da artista era toda em preto e branco. "Sempre pesquiso referências que estejam ligadas ao estilo de música, ao meu estilo pessoal e à imagem que quero passar para o público", explica, assumindo também que os conceitos se ajustam a partir do orçamento. "Não adianta criar algo que não vou ter condição de arcar. Usava um filtro preto e branco porque era mais acessível, conseguia desenvolver looks sem ter que investir tanto", divide.
Agora, Angel salta para um "pop muito colorido", inspirado naquele feito por divas como Rihanna, Katy Perry, Lady Gaga e Beyoncé em 2010. Sonoramente, "Ela Faz Tudo" é um pop eletrônico e o primeiro single, que sai no dia 28, será "Electric Goddess". "A música é muito contagiante, muito eletrônica, bem dançante e a letra fala de se levantar e fritar na pista de dança, porque a gente precisa de vez em quando jogar a ansiedade pra longe", convida.
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