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Artur Menezes lança novo disco com participação de Joe Bonamassa
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Artur Menezes lança novo disco com participação de Joe Bonamassa

Em entrevista ao V&A, o guitarrista cearense Artur Menezes fala sobre novo single e a carreira nos EUA
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Artur Menezes em festival promovido por Eric Clapton, em 2019
 (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Artur Menezes em festival promovido por Eric Clapton, em 2019

A história do cantor, compositor e guitarrista Artur Menezes com a música já vem de muitas décadas. Talvez passe por sua vida toda já que, sendo filho da cantora Lucinha Menezes, muitas melodias, vozes e instrumentos ocupavam espaço em sua casa. De um tempo em diante, ele integrou a cena blues de Fortaleza, quando esta ainda ocupava pequenos espaços no underground. A cena cresceu e Artur também.

Há quatro anos radicado nos EUA, ele vem ampliando conexões e trabalhando ao lado de algumas estrelas do gênero. É o caso do guitarrista norte-americano Joe Bonamassa, que se convidou para participar do novo single de Artur. "Come On" é um das faixas do novo disco do cearense, que chegou dia 30 de outubro às plataformas digitais, com produção de Josh Smith. "Ele é um cara muito bacana, além de ser incrivelmente talentoso e bem sucedido", comenta Artur sobre Bonamassa. A seguir, confira entrevista com o artista cearense. Ele fala sobre disco novo, influências, guitarras perdidas e tempos de pandemia.

O POVO - Como rolou a parceria com o Joe Bonamassa?

Artur Menezes - Eu sempre segui o Joe Bonamassa no Instagram. Certo dia ele comentou em um vídeo que um outro perfil postou de um show meu: "Art is a super star waiting to be discovered. Fearless player" (Arte é um super star esperando ser descoberto. Músico destemido). A partir desse dia, sempre que eu encontrei com ele nos shows, ele sempre lembrou de mim, sempre muito gentil e sempre me dando uma força. Um tempo depois ele me mandou uma mensagem de texto perguntando se eu queria ir a um show que ele ia fazer por cinco noites seguidas no The Baked Potato. Daí ele pôs meu nome na lista e, em uma das noites, ele se ofereceu pra gravar um solo em uma das minhas músicas quando eu fosse gravar um disco novo. Óbvio que aceitei! Ele é um cara muito bacana, além de ser incrivelmente talentoso e bem sucedido. Uma verdadeira lenda.

O POVO - Queria saber a história desse single, "Come On".

Artur - Esse single faz parte do meu disco novo intitulado "Fading Away", lançado dia 30 de outubro pelo selo VizzTone. O disco foi gravado aqui em Los Angeles e produzido pelo Josh Smith. O Lyric Video que tem no Youtube/VEVO foi feito pelo Roger Capone aí de Fortaleza.

O POVO - Esse single faz parte do seu segundo disco gravado fora do Brasil. O que ele traz de novo pra tua obra?

Artur - São todas composições de minha autoria e o disco está com uma pegada mais rock, mas ainda tem bastante influência do blues e funk, soul. Algumas letras são autobiográficas, outras inspiradas por pessoas mais próximas. Tem duas músicas onde eu presto homenagem ao Brasil. Uma é um "baião-blues-rock" e a outra onde conto a minha trajetória de sair do Brasil pra vir tocar blues nos EUA.

O POVO - Você já adiantou que pretende lançar esse disco em CD e vinil. Que espaço você vê pra essas mídias?

Artur - Eu sou "old school". Gosto de coisas vintage, analógicas etc. Cresci ouvindo vinil e em seguida CD. CDs eu sempre vendo muito bem nos shows e é um registro físico da obra. Lançar só digital pra mim não faz muito sentido. Vinil nunca lancei e sempre tive esse sonho. Eu estava com planos de lançar o "Fading Away" em vinil já agora. Já estava até com a master e arte prontas. Mas prensar vinil é muito caro e com essa pandemia, sem turnês e shows marcados, não faz sentido mandar rodar os vinis e ficar com eles estocados em casa. Então vou aguardar as coisas voltarem ao normal e daí lanço em vinil também.

O POVO - Queria saber como anda sua vida nos EUA. Que experiências tem tido?

Artur - Já estou nos EUA há mais quatro anos. Muita coisa bacana já rolou aqui pra mim: toquei no Crossroads Guitar Festival, em 2019, festival promovido pelo Eric Clapton; ganhei o Award da Blues Foundation de Melhor Guitarrista em 2018, e recebi o meu Green Card através dos meus êxitos na música e no meu papel de preservar e levantar a bandeira do blues. Também sou professor de guitarra no Musicians Institute em Hollywood. Além disso, faço vários shows e turnês pelos EUA.

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O POVO - Ser um músico de blues no Ceará é diferente de ser nos EUA, berço dessa cultura que envolve uma longa história de representatividade racial. Estando aí, sua percepção sobre o blues mudou?

Artur - Sempre fui muito bem recebido aqui. Desde a primeira vez que fui a Chicago em 2006. O que acho bacana nos EUA é que se você é bom no que faz e se dedica, as pessoas te abraçam e te ajudam. A minha percepção mudou não pelo blues em si, mas pela música como um todo. Não mudou por conta dos EUA, foi um processo gradativo e natural que já tinha começado quando eu ainda estava no Brasil. O jeito que eu lido com música hoje em dia é completamente diferente de alguns anos atrás. Faz tempo que deixou de ser uma percepção racional. Digo, ainda é racional quando se trata da parte "business". Mas em se tratando da música em si, é arte. Não se pensa, se sente. Não tem a ver com técnica, estudo ou teoria.

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O POVO - Como foi pra você esse período da pandemia, com isolamentos social, sem shows e todas as questões políticas e sociais que o período envolveu?

Artur - Bem difícil. Financeiramente foi relativamente tranquilo, pois eu tenho muitos alunos on-line. Mas emocionalmente, completamente diferente. Ficar sem fazer o que eu mais gosto e que fiz quase a minha vida inteira (shows e turnês) e sem família por perto não tem sido fácil.

O POVO - Sua mãe, Lucinha Menezes, tem um trabalho com a música brasileira muito focado na pesquisa de um cancioneiro que andava esquecido. De que formas ela influenciou o teu trabalho?

Artur - A mamãe sempre me apoiou quando decidi seguir a carreira de artista. A influência veio através da vivência, de vê-la ensaiando, gravando e fazendo shows desde quando eu era criança. Isso me marcou profundamente. A mamãe é uma grande artista, é bastante respeitada e bem-sucedida, e merece muito mais. Aguardem o disco novo que ela vai lançar em breve. Eu já ouvi e está sensacional!

O POVO - O que você tem acompanhado das notícias do Brasil?

Artur - Fico muito triste com toda essa situação política e social e com a quantidade de gente que apoia o que está acontecendo. É assustador. Pra piorar não é só no Brasil. Claramente há um retrocesso no mundo todo. Das duas uma: ou os níveis de imbecilidade estão crescendo ou sempre estiveram presentes, mas só agora a gente passou perceber através das redes sociais.

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