O cinema independente brasileiro enfrenta vários desafios. Seu espaço em salas de cinema é reduzido - por vezes, inexistente - em relação às obras estrangeiras. Realiza-se a produção com pouco dinheiro e com equipes menores. Mas é neste ambiente adverso que surgem as mentes mais criativas do mercado nacional. A originalidade é tão marcante que os filmes ganham destaque, principalmente, em festivais. Agora, esse universo de reconhecimento e discussão expande ainda mais a partir do "Claquete", que estreia no Canal FDR nesta sexta-feira, 13 de novembro, às 19 horas.
O programa semanal tem duração de meia hora e ganha reprise no sábado, às 15h20min. Seu formato será com uma introdução, a exibição de um curta-metragem e, em seguida, uma conversa com os realizadores. A mediação ficará sob responsabilidade de Arthur Gadelha, repórter do Núcleo de Imagem, e Deísa Garcêz, repórter fotográfica do O POVO. O projeto foi realizado completamente à distância por causa das medidas de isolamento social causadas pela pandemia do coronavírus.
Pôster do filme "A Mulher da Pele Azul", dirigido por Esther Arruda e Pedro Ulee
O primeiro filme exibido será "A Mulher da Pele Azul", dirigido por Esther Arruda e Pedro Ulee. O documentário-ficção aborda o mito fortalezense da "Bailarina Fantasma". De acordo com lendas locais, a figura percorre os corredores do Theatro José de Alencar desde sua fundação, em 1910. Essa transmissão é o resultado da parceria do canal com o 19º Noia - Festival do Audiovisual Universitário. Até a última sexta-feira de dezembro, o "Claquete" irá discutir as produções que passaram pelo evento. "É muito interessante começar com esse recorte, porque vamos colocar nosso olhar onde as ideias mais criativas e mais independentes fervem, que é dentro da universidade. Os filmes universitários são feitos com pouco dinheiro, às vezes, sem nenhum dinheiro. Então, vamos discutir como foi possível essas ideias criarem vida e rodarem o Brasil em festivais", comenta Arthur Gadelha.
O programa tem uma visão sobre o mercado do cinema independente no País, mas está vinculado à essência do canal, que é a educação. "A gente promove a educação com a exibição, com o debate e ao aproximar a produção do espectador. Assim, a gente se distancia daquela imagem de um cinema totalmente intocável para perceber que é um cinema feito por pessoas que enfrentam dificuldades e desafios e que buscam a criatividade para superar essas questões", explica o apresentador.
Para levar conhecimento ao público, entretanto, é necessário que haja uma inquietação com o objetivo de descobrir universos ainda desconhecidos. "Os espectadores podem esperar desconforto, no sentido de ter que lidar com outras realidades, com outros assuntos que, em geral, não conseguimos discutir e entender muito bem. Tratar de assuntos humanos e universais é uma de nossas missões", afirma Deísa Garcêz. Segundo ela, essa partilha de conhecimento acontecerá por meio da diversidade. Vários gêneros, como animação, documentário e ficção, integram a programação semanal.
Para a apresentadora e fotógrafa, uma das maiores importâncias do Claquete é a oportunidade de conhecer o País a partir de sua produção cinematográfica. "Para além da questão artística e estética, é uma maneira de você compreender a pessoa que está ao seu lado, o lugar onde você vive e o meio em que está inserido", indica. Sobretudo em um espaço dominado pelas obras estrangeiras, reconhecer-se no cinema independente brasileiro ganha ainda mais relevância.
Entretanto, o grande destaque do programa é contribuir para a promoção da pluralidade deste mercado. Com várias narrativas, estruturas e discursos, os filmes produzidos de maneira autônoma refletem a realidade de um Brasil diverso e criativo. É uma arte que insiste em permanecer, apesar de seus problemas. E Arthur Gadelha resume bem: "o cinema brasileiro é tão grande que não pode ser definido em poucas palavras. É um cinema pulsante, que não está na maioria das telas".
O Canal FDR estreou na segunda-feira, 9, para substituir a TV O POVO. O projeto surgiu para consolidar os propósitos da Fundação Demócrito Rocha, que incluem aliar a comunicação com a educação.
Claquete
Quando: toda sexta-feira, às 19 horas (reprise aos sábados, às 15h20min)
Onde: em sinal digital aberto, no canal 48.1; em sinal fechado, nos canais 23 (Multiplay), 24 (NET) e 138 (Brisanet); e no canal do Youtube do FDR
Programação da FDR
Sexta-feira, 13
19 horas - Programa "Claquete"
Sábado, 14
15h20min - Reprise do programa "Claquete"
17 horas - Programa "Camarim em Cena"
17h30min - "Mais Telas - Borboletas e Sereias", série dos diretores pernambucanos Paulo Caldas e Bárbara Cunha