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Festival de video mapping projeta imagens em cartões postais de Fortaleza
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Festival de video mapping projeta imagens em cartões postais de Fortaleza

Luz e imagem se unem para dar ainda mais vida ao Theatro José de Alencar e a Catedral Metropolitana em festival cearense
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Imagem da Virada Cultural 2019, em São Paulo, com projeção da VJ Grazzi (Foto: Bia Ferrer / Divulgação)
Foto: Bia Ferrer / Divulgação Imagem da Virada Cultural 2019, em São Paulo, com projeção da VJ Grazzi

VJ, sigla de video jockey, é uma profissão ainda pouco conhecida. A prática consiste em projetar imagens que buscam despertar diferentes sensações em quem as vê, podendo ou não contar com efeitos sonoros. Sob esse contexto, surge o A.Front - Festival Internacional de Video Mapping, projeto que realiza intervenções audiovisuais que se mesclam e interagem com a arquitetura. Hoje, 16, e sexta-feira, 18, Fortaleza será a sede do festival e patrimônios históricos mudarão suas fachadas temporariamente.

No domingo, 20, às 20 horas, uma programação extra acontece em parceria com o Corredor Cultural do Benfica. O VJ Vitor Grilo fará projeções na fachada da Casa de Cultura Alemã, no cruzamento das avenidas da Universidade e 13 de maio. Durante a projeção, quem faz a trilha sonora é o Maracatu Solar, O A.Front conta com três câmeras fixas e drone para captar e transmitir toda a produção no canal de YouTube do O POVO Online e na conta do evento na mesma rede.

Hoje, 16, o Theatro José de Alencar será tela para a artista Ângela Jomara e para os coletivos United VJs e Darklight Studio. A partir das 19h30min, será possível apreciar a fusão de imagens preparadas na fachada do local ao som do DJ Nego Célio e da banda dronedeus, com participação da artista Lola Garcia com uma performance de dança contemporânea.

Ângela Jomara é cearense e artista visual. Ingressou no meio do audiovisual em 2001, mas não fazia ideia do que era video mapping. Até que, quatro anos depois, um colega mostrou uma projeção de uma bailarina dançando no Parque do Ibirapuera. "Aí eu pirei. Nessa época, até buscar no Google era difícil e eu nem sabia o que era aquilo. Depois que descobri comecei a estudar sobre e não parei mais", compartilha a profissional.

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A VJ conta que sua atuação será baseada na história do Theatro José de Alencar, emblemático cartão postal da capital alencarina com elementos do art nouveau, estilo de arquitetura que mistura formatos ondulares com elementos da natureza, como flores e folhas.

"No momento já vejo bastante abertura para essa atividade, acho que a maior dificuldade é criar uma cena mais feminina. Se você ver, sempre são homens, indicando homens e trabalhando juntos", ainda, Jomara comenta sobre a falta de projetos mais ligados à cultura, uma vez que o meio em que o video mapping está mais inserido é em festas.

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Já no dia 18, sexta-feira, começando às 19h30min, a ação toma forma na Catedral Metropolitana de Fortaleza, onde DJ Nego Célio ditará a música, enquanto os VJs Valentino Cabanillas, Grazzi, VJ Malakai e o organizador Vitor Grilo espelharão seus trabalhos.

Grazzi vem de Brasília e buscou trazer elementos espirituais para sua performance. A VJ buscou inspiração em povos originários. "Muito antes do catolicismo existir, eles já eram firmados em nossa terra, então quero reproduzir uma espécie de cerimônia xamânica", partilha ela. E assim nasce uma narrativa com os desenhos de Ytawanay Alves Fulni-ô, artista metade Fulni-ô e metade Kariri-Xokó, dois povos indígenas que ainda resistem no Nordeste. Os desenhos de Ytawanay foram animados e unidos a outros elementos.

Grazzi tinha acabado de terminar a faculdade de Cinema quando conheceu os VJs de Brasília. "Logo pensei que isso era a síntese do que eu mais gosto de fazer, comecei a estudar sobre e nunca mais parei. Hoje sigo só como VJ e acho que foi a melhor decisão que já tomei na minha vida. Eu sinto essa necessidade de compartilhar a minha arte e de levar arte pra rua".

"Eu sempre falo que o VJ é um cenógrafo digital porque a gente leva a arte por meio da luz e transforma um espaço físico. Além de fazer uma cenografia digital você também coloca a arte na rua. É uma arte democrática", explica ela.

Idealizador da iniciativa #IssoNãoÉPixação, em que performance e instalação interativa se fundiam em ambientes da cidade, Vitor Grilo conta que a ideia do A.front é questionar as narrativas estabelecidas sobre arte e abordar o campo artístico como um ambiente que também pode ser de todos. Diante disso, o video mapping se torna uma forma de expressão a céu aberto.

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Para Grilo, é fundamental divulgar essa expressão artística. "A gente quer dar uma ideia geral, fazer com que as pessoas passem a conhecer, a ter sede de video mapping, experimentem, dialoguem e façam intervenções". Ele ainda aproveita o momento para destacar que Fortaleza foi eleita em 2019 como cidade criativa da Unesco, no quesito de design e a importância de investir no cenário local.

"Uma preocupação com esse trabalho é fazer com que Fortaleza se debruce sobre si em vez de ter esse eterno anseio do retirante. Queremos contemplar nossa cidade, nossa cultura e principalmente nossa história", relata. De acordo com ele, a escolha das locações surgiu a partir da necessidade de propor um diálogo com essas arquiteturas históricas e isso será traduzido nas projeções.

Para isso, a organização contou com o apoio dos profissionais da revista Berro Dani Guerra, jornalista pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e historiadora pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e de Arthur Pires, também jornalista pela UFC e mestre e doutorando em Sociologia pela instituição.

Projeção da artista Ângela Jomara, criadora do projeto Outras Telas, feito para compartilhar mensagens de afeto pela Cidade
Projeção da artista Ângela Jomara, criadora do projeto Outras Telas, feito para compartilhar mensagens de afeto pela Cidade

Espelhando afeto

O projeto Outras Telas, de Ângela Jomara, foi feito para compartilhar afeto. A artista projeta gratuitamente imagens, frases de incentivo e declarações pedidas pelas redes sociais. Além de divulgar novos artistas, espalhando cultura e arte pelos prédios. Com a pandemia, a ação tem sido feita apenas no bairro do Benfica, mas o objetivo é expandir cada vez mais. Entrando em contato pelo Instagram (@projetooutrastelas), é possível solicitar que sua mensagem ou trabalho artístico seja espelhada em um edifício.

Programação

Quarta-feira, 16
Onde: na fachada frontal externa do Theatro Jose de Alencar
19h30min: DJ Nego Célio
20 horas: VJ ngela Jomara
20h20min: DJ Nego Célio
20h40min: dronedeus performance de Lola Garcia
21h20min: DJ Nego Célio
21h40min: Darklight United

Sexta-feira, 18
Onde: na fachada frontal externa da Catedral Metropolitana de Fortaleza
19h30min: DJ Nego Célio
20 horas: VJ Valentino Cabanillas
20h20min: DJ Nego Célio
20h40min: VJ Grazzi
21 horas: VJ Malaki
21h20min: DJ Nego Célio
21h40min: VJ Vitor Grilo

Domingo, 20
Onde: Casa de Cultura Alemã, no cruzamento das avenidas da Uniersidade e 13 de Maio
20 horas: VJ Vitor Grilo e Maracatu Solar

A.Front - Festival Internacional de Video Mapping

Quando: de quarta, 16, a domingo, 20

Onde assistir: No canal do YouTube do O POVO Online ou do A.Front. Programação de domingo será transmitida também pelo Youtube do Corredor do Benfica

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