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Bate-pronto com Gérsica Vasconcelos Goes
Vida & Arte

Bate-pronto com Gérsica Vasconcelos Goes

Edição Impressa
Tipo Notícia

O POVO: A cidade de Fortaleza sempre teve seus desafios em relação à preservação do patrimônio edificado. Em sua leitura, quais os caminhos possíveis para preservação histórica patrimonial? Tombamento é suficiente ou as políticas devem avançar?

Gérsica Vasconcelos Goes: O instrumento do tombamento mostrou-se insuficiente para garantir a efetiva preservação dos bens patrimoniais. Não é incomum avistarmos bens que são salvaguardados institucionalmente, mas que estão abandonados ou mutilados. Entretanto, por muitas vezes, é através dele que a sociedade reconhece que um bem tem importância para a formação da história do lugar e cessa a sua demolição. Foi assim no caso da Vila Vicentina.
Discutimos muito a importância de inserir outros caminhos para a preservação. Seja através da concessão de benefícios/ incentivos aos proprietários dos imóveis tombados, implementação de instrumentos urbanos que permitam dinamizar e mitigar a perda do capital parte dos proprietários de imóveis tombados (transferência do direito de construir e outorga onerosa do direito de construir), documentação dos bens de valor patrimonial (fotografias, desenhos, levantamentos, pesquisa histórica) e uma política de valorização e reconhecimento do nosso acervo perpassando pelas escolas, universidades etc. para que haja uma maior sensibilidade sobre o tema.

O POVO: Qual é a importância da educação patrimonial?

Gérsica Vasconcelos Goes: Sem educação patrimonial não há a preservação. Precisamos ver, sentir, tocar e reconhecer nossos marcos culturais para que possamos valorizá-los. Quando um bem torna-se símbolo daquela cultura, dificilmente os moradores do lugar irão permitir a sua destruição, pois ele faz parte da memória, do imaginário e das relações daquela sociedade. A cultura faz parte da nossa identidade, ela é importante para nos enxergarmos tanto como indivíduo, quanto como grupo. O patrimônio cultural é a materialização de parte dessa cultura. Quando digo materialização não quer dizer que só devemos preservar o patrimônio material, pois o imaterial também está presente no material e vice-versa. Ambos são necessários para que haja a nossa história e a educação é a mais efetiva ferramenta de preservação dos mesmos.

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