Depois de uma trajetória de sucesso por premiações como o Festival Internacional de Cinema de Xangai, o Festival de Gramado e o Cine Ceará de 2019, "Pacarrete" chega às plataformas digitais nesta quinta-feira, 7. A história real fala de uma bailarina, vivida por Marcélia Cartaxo, que decide se apresentar no aniversário de Russas, numa festa dominada pelo forró. Em entrevista ao O POVO, o diretor Allan Deberton conta mais sobre a trajetória do longa. (Isabella Von Haydin)
OP - Como foi esse período de exibição nos cinemas e em festivais em plena pandemia?
Deberton - A maior parte da carreira do filme, em festivais, aconteceu antes da pandemia. A première mundial foi no outro lado do mundo, no Festival Internacional de Cinema de Xangai, um dos maiores festivais da Ásia, o Oscar deles. Foi lindo. E, no Brasil, a estreia aconteceu em setembro com uma exibição emocionante no Festival de Cinema de Gramado, onde o filme saiu premiado com oito Kikitos, incluindo Melhor Filme e Melhor Filme Júri Popular. De lá pra cá, fizemos parte dos eventos de cinema mais importantes do Brasil, sempre com uma excelente acolhida.
OP - Como percebe a recepção de filmes nacionais nas plataformas de streaming? Sente que eles têm ganhado mais espaço?
Deberton - O cinema brasileiro é muito rico e múltiplo, elogiado internacionalmente, mas um dos maiores problemas que sofremos é o acesso, a distribuição. É caro distribuir. Os filmes ficam pouco em cartaz. É difícil chegar e competir com blockbusters. Eu observo o crescente interesse do público brasileiro pelas produções nacionais e acho que isso se deve às plataformas, que é um ambiente de fato agregador. Num mesmo acesso, o filme pode ser visto por uma, três, cinco pessoas em uma casa. É possível pausar e tomar um café. E assistir mais de uma vez, se gostar. O cinema, a sala fechada, é incrível, é uma experiência coletiva única, mas o streaming veio pra ficar e fica perto da gente, na palma da mão ou na TV do quarto ou da sala. Encontre a sua forma mais prazerosa de assistir e divulgue. É o cinema brasileiro que dá orgulho.
OP - "Pacarrete" é seu filme de estreia. Como é vê-lo tão difundido?
Deberton - Gosto de pensar na forma como foi feito. É um filme simples, muito sincero e emocionante. O filme veio com este desejo de falar sobre um Brasil, sobre pessoas que conhecemos. É impossível não se identificar e não se envolver com os personagens. Vão rir e vão chorar. O boca a boca do filme é uma torcida de quem vê para que outras pessoas compartilhem esta experiência. Para mim, o maior efeito do cinema é o da transformação. "Pacarrete" transforma. Fará o público respirar fundo e pensar nos sonhos que ainda não realizou. Dará ânimo para acreditar, persistir. Sonhar.
"Pacarrete" nas plataformas de streaming
Quando: nesta quinta-feira, 7
Onde: Now, Vivo Play, iTunes, Google Play, YouTube Filmes e Looke