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Fernanda Abreu celebra 30 anos de carreira com novo DVD
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Fernanda Abreu celebra 30 anos de carreira com novo DVD

Celebração dos 30 anos de carreira de Fernanda Abreu, "Amor Geral (A)live" foi gravado sem público com repertório que exalta o amor e o respeito
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Fernanda Abreu gravou o show 'Amor geral' no Imperator, Rio de Janeiro, em março de 2020 (Foto: Alexandre Calladinni/ Divulgação)
Foto: Alexandre Calladinni/ Divulgação Fernanda Abreu gravou o show 'Amor geral' no Imperator, Rio de Janeiro, em março de 2020

Dez anos separam os "MTV Ao Vivo" e "Amor geral", último disco de estúdio de Fernanda Abreu. Nesse intervalo, a cantora e compositora enfrentou turbulências pessoais, como uma separação e um coma que sua mãe atravessou por seis anos. O retorno às gravações, em 2016, foi marcado por uma vontade de falar sobre amor, respeito e tolerância para um Brasil que se via cada vez mais dividido. O resultado foi um disco forte que rendeu uma turnê que viajou ao longo de três anos, até chegar 2020, quando a carioca quis celebrar seus 30 anos de carreira com um novo trabalho ao vivo.

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Se "Amor Geral" foi um trabalho pessoal, que fala sobre perdas e superações, "Amor Geral (A)Live" era pra ser de festa, dançante, aglomerado. A gravação foi marcada para o dia 13 de março de 2020, mesmo dia em que o então governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, lançou um decreto proibindo eventos em casas de shows, por conta da pandemia do coronavirus. O público que estava na porta do Imperator teve que voltar pra casa e Fernanda, que estava se concentrando para entrar em cena, teve que repensar. "Eu reuni a equipe e falei: 'gente, tudo bem. O show tá cancelado, mas a gravação do DVD não. A gente vai fazer o show como se tivesse aqui 2 mil pessoas gritando pela gente, adorando o show. No terceiro sinal, a gente começa e, se tiver algum problema de áudio ou de vídeo, a gente fala que vai refletir'", relembra. "E acho que foi a melhor coisa. Pra gente conseguir manter a energia lá em cima, a veracidade, a gente teve que arriscar".

"Amor Geral (A)Live" acabou se tornando um registro de um momento que deixou o Brasil em suspensão. Não por acaso, ele ganhou esse nome "a live", para registrar também um dos produtos que tornou-se alívio em tempos de isolamento. Está tudo no DVD, o decreto, a tensão e o espetáculo que alinha 18 canções em 16 faixas. Vindo desde a estreia solo - "Sla Radical Dance Disco Club" (1990) - até "Amor Geral" (2016), ela resume uma história baseada na busca por uma linguagem pop, dançante e brasileira. Por telefone, Fernanda conta essa história citando referências como DJ Malboro, Memê Mansur, Afrika Bambaataa, Ivo Meirelles e Funk'n'Lata. "Durante minha carreira toda, os DJs e MCs tiveram em mim uma apoiadora. Eles tiraram o funk da marginalidade", defende ela que abraçou essa turma numa época em que o funk vivia a quilômetros do mainstream. "O grande preconceito não era com a música. É por que a elite brasileira tem muita dificuldade de se ver na pobreza. E o que tinha ali é música de preto, pobre e favelado", critica.

Mas o cenário mudou e hoje o funk ocupa espaços nobres da programação. E Fernanda Abreu, ainda nessa busca pelo pop dançante brasileiro, alimenta projetos como um disco de releituras feitas por uma nova geração de DJs - DJ Memê atua como curador. E tem o "Garotas Sangue Bom", disco "feminino e feminista, que tem uma pegada de música eletrônica" gravado ao lado de nomes como Iza, Letrux e Anitta. Ambos os projetos estão bem encaminhados, esperando o momento certo de saírem do papel.

Até lá, a carioca que completa 60 anos em 2021 segue certa de que, sem acreditar num amor geral, o Brasil e o mundo não vão encontrar solução para seus problemas. "Esse título (do disco de 2016) é ainda muito forte. A gente não pode ser totalmente feliz num país que tem ainda uma criança sem comer. O brasileiro se colocou nesse buraco em 2018 e eu acho que a gente tem que viver na resistência. Por que a gente não pode voltar atrás de jeito nenhum. Tem uma galera com um discurso muito fascista", lamenta a compositora de "Rio 40 Graus", que apontava, em 1992, as feridas da cidade "purgatório da beleza e do caos". "Acho que a gente está passando pela pior fase desde que me conheço por gente. O Rio de Janeiro sempre teve muita criatividade. A gente criou maxixe, samba, funk, bossa nova... Mas, alguma coisa desandou em termos de educação, cidadania, compromisso político. O carioca, que acho que é nosso maior tesouro, ele apanhou muito. Está menos atraente, está mais mal educado, mais agressivo. A gente não está sabendo votar. Você imagina que o reduto do Bolsonaro é o Rio de Janeiro, uma cidade cosmopolita. Eu não consigo mais entender, não sei te explicar por que a gente não faz um exercício de cidadania e tira essas pessoas".

Repertório

1. Amor geral

2. Outro sim

3. Eu vou torcer

4. Saber chegar

5. Você pra mim

6. Bidolibido

7. Veneno da lata

8. Garota sangue bom

9. Medley Sla 1 (A Noite/ Kamikazes do amor/ Sla Radical Dance Disco Club)

10. Deliciosamente

11. Kátia Flávia, A Godiva Do Irajá

12. Baile Da Pesada

13. Double Love Amor Em Dose Dupla

14. Tambor

15. Rio 40 Graus

16. Apresentação da banda (Citação: Dê Um Rolê)

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