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'Tigre Branco' revela poder e corrupção na Índia moderna
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'Tigre Branco' revela poder e corrupção na Índia moderna

Novo filme da Netflix, O Tigre Branco é drama com protagonista marcado pelo sucesso ao usar métodos não convencionais para enriquecer na Índia
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Filme Tigre Branco (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Filme Tigre Branco

Não faz nenhum sentido começar a escrever sobre O Tigre Branco sem deixar evidente, logo de cara, que a atuação de Adarsh Gourav é absolutamente arrebatadora. Em um trabalho marcante, o ator indiano de 26 anos domina todas as cenas do recente lançamento original da Netflix, que no Brasil já está entre os mais vistos da plataforma após estrear no dia 22 de janeiro.

A história é toda narrada por Balram Halwai, justamente o personagem de Gourav, em seu primeiro papel como protagonista e também em sua primeira aparição em um projeto internacional. Ele já se apresenta como alguém que precisou tomar decisões radicais para sair de uma casta muito inferior na aldeia de Laxmangarh, onde servia aos desejos da bizarra avó, para se tornar um empresário bem sucedido numa Índia cheia de contrastes, muito bem captados pela fotografia de Paolo Carnera.

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Para começar a trajetória, contada em flashbacks e com boa dose de humor ácido, seu primeiro passo é conseguir emprego como motorista do filho de um mafioso com ligações governamentais e capaz de grandes atrocidades. Já na função, seus planos vão tomando forma ou guiados por estratégia ou pelo acaso.

Baseado no premiado livro do jornalista Aravind Adiga, lançado em 2008, e com direção sem furos do norte-americano Ramin Bahrani (99 Homes, Man Push Cart, Fahrenheit 451), O Tigre Branco é um relato de um país repleto de miséria, corrupção e desigualdade, mas também moderno, inteligente e democrata. Tais paradoxos estão presentes o tempo todo, como na fala de Balram logo nos dois primeiros minutos de exibição, enquanto medita: "O empresário indiano tem que ser ético e antiético, crente e descrente, malicioso e sincero, tudo ao mesmo tempo", justificando sua capacidade de empreendedorismo acima de tudo.

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Sermos informados precocemente do sucesso da empreitada de Balram não minimiza em nada o impacto da dualidade moral em que ele é envolvido, até porque o valor está na forma com que a teia de acontecimentos vai sendo moldada, enquanto o motorista serve ao casal de patrões Ashok (Rajkummar Rao) e Pinky (Priyanka Chopra Jonas), sempre tomados por brigas entre ficar na Índia ou voltar aos Estados Unidos, onde moram e se conheceram. Tal construção está rodeada de culpas, traumas e coragem, permitindo que o talento de Adarsh Gourav fique ainda mais notável.

Com brilhantismo, passamos a acompanhar uma figura perdendo a ingenuidade e menosprezando a então lealdade para se deixar levar por ambição, crueldade e um desejo de vingança acumulado desde a infância. Assim, torcer para o sucesso de Balram é irrelevante - ele chegará ao seu objetivo - mas se envolver e compreender, ou não, suas atitudes, é fundamental.

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O Tigre Branco

Co-produção Índia - Estados Unidos
Disponível para assinantes da Netflix
Direção: Ramin Bahrani
Duração: 125 minutos

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