Quando se fala em petisco brasileiro, um salgadinho logo vem à tona: aquela coxinha, símbolo de encontros entre famílias e amigos — em casas, botecos e salões de festas. Popular em todo País, o aperitivo de formato semelhante à coxa de frango é tradicionalmente feito com massa de farinha de trigo e caldo, recheada com carne de galinha desfiada, coberta com farinha de rosca e frita no óleo bem quente. Ao longo do tempo, a receita ganhou diversas adaptações, como as coxinhas vegetarianas e as recheadas com carne de sol, queijos e até brigadeiro. Num momento em que as aglomerações viraram saudade devido à pandemia, o consumo nas residências do petisco pré-pronto e congelado cresceu. O fato é que esse clássico da nossa culinária tem conquistado o mundo, despertando cada vez mais paladares apaixonados.

 

Do Ceará para a Europa

As coxinhas da cearense Maiara Righi fazem sucesso em Portugal, seja por recordar os sabores da terra natal aos brasileiros fora do País ou por revelar um tanto do Brasil para outras culturas. Com a Madre Coxinha, marca de pacotes de congeladas e de revenda para restaurantes, ela vende cerca de 30 mil mini coxinhas por mês. No menu, recheios de frango, carne de sol e vegetariano (de alho poró com queijo emmental). Logo mais, Maiara pretende enviar "o aperitivo brasileiro, com tempero caseiro e bem recheado" para Bélgica, Alemanha e Espanha.

Essa história começa há cerca de sete anos, quando Maiara saiu de Fortaleza (Capital brasileira mais próxima da Europa) para estudar inglês. À época, atuava no mercado de bebidas e de confeitaria. Os planos eram estudar, explorar as belezas do outro lado do Oceano Atlântico e retornar ao Brasil. Morou em Malta por seis meses e fez um mochilão pelo continente asiático, no entanto, resolveu fazer uma pós-graduação em Lisboa, focada em direção comercial e vendas.

Na Bica, um dos bairros mais tradicionais e turísticos da Capital portuguesa, Maiara fez morada. Ali mesmo, na porta de casa, passou a vender coxinhas caseiras para ganhar renda extra. Quem provava, elogiava. Ela já queria empreender em Portugal, mas não tinha descoberto o melhor caminho. Não à toa, diz: "Não foi eu que escolhi a coxinha, ela que me achou". Se aventurou a participar de eventos e, desde então, segue produzindo.

Aprovada num projeto de incentivo a microempreendedores de Portugal, Maiara adquiriu máquinas importadas do Brasil. Logo a cozinha saiu de sua casa. Em 2020, com o calendário cheio de eventos programados, foi pega de surpresa pela pandemia. "Tive que me reinventar", afirma. Começou a deixar as encomendas nas casas dos clientes e, depois, lançou o pacote de congelados da Madre Coxinha. "Esse salgado, o mais famoso do Brasil, remete a tudo que a gente é. A coxinha traz a nossa história, é aconchego em forma de comida. Quando estamos fora, é a possibilidade de fechar o olho e viajar… comer e matar a saudade do nosso canto", diz a empreendedora.

Paixão Nacional

Quando Lia Quinderé fundou a Sucré Patisserie em 2007, não imaginava que uma das suas receitas de maior sucesso seria as tão famosas coxinhas. A chef, formada pela escola francesa Le Cordon Bleu, trouxe da formação a cultura das massas folhadas — mas, cearense que é, sempre adaptando com ingredientes típicos da culinária regional, como a carne de sol e a macaxeira. Com o tempo, os clientes passaram a perguntar: "Não tem coxinha?". Ao escutá-los, a apaixonada por inovação decidiu: "Vou lançar essa coxinha quando eu tiver certeza que é a melhor que já comi na vida".

Lia desenvolveu a receita por um ano e chegou no que considera a "coxinha perfeita": massa de macaxeira com recheio de frango. Em meio às dificuldades econômicas de 2015 no País, percebeu que poderia estar também nas prateleiras dos supermercados. Daí, lançou o pacote de mini coxinhas congeladas da Sucré. "É um produto super prático, que mantém a crocância como se tivesse acabado de sair da fritura ou do forno", diz a chef. As coxinhas ficam prontas em cerca de 10 minutos.

Pouco tempo após o lançamento, as mini coxinhas se tornaram os "produtos estrelas" da Sucré. Em meio à pandemia, três sabores diferentes foram criados. Em março de 2020, foi a vez das coxinhas de queijo (coalho, parmesão e mussarela com toque de orégano) e de carne de sol (com manteiga da terra e queijo coalho). A coxinha de brownie e brigadeiro surgiu em outubro.

Para Lia, a coxinha é o salgado mais brasileiro. "É uma paixão nacional! Diz muito dos brasileiros, desse povo criativo. Quem não é feliz comendo uma coxinha? E a variedade que existe de coxinha? Só um povo alegre, que adora confraternizar e fazer festa, seria capaz de criar tantas versões desse salgadinho maravilhoso", comemora. Com a Sucré, Lia tem o propósito de levar felicidade. Ao olhar para sua trajetória, tem o sentimento de "gratidão a Deus".

Sonho de coxinha

No quiosque Delícias da Cecília, localizado na Parquelândia, Cecília e Isabelle Albuquerque — respectivamente, mãe e filha — compartilham doces e salgados diversos "com amor". Sete tipos de coxinhas integram o cardápio: frango tradicional, frango com cheddar, frango com cream cheese, frango com bacon, carne do sol com queijo, queijo com orégano e camarão com catupiry.

O quiosque funciona há 25 anos, mas a marca nasceu há quatro. Na busca por uma mudança financeira, Cecília decidiu produzir tudo o que revendia no local. Aprendeu a fazer coxinhas sozinha, assistindo vídeos na plataforma digital do YouTube. Fez testes diversos até chegar na receita ideal. Hoje, vende em média 100 coxinhas por dia (fora os salgados de forno). A tradicional, recheada apenas com frango, é a mais pedida. Isabella faz doces e tortas diversas.

Com a pandemia, as vendas diminuíram, mas o Delícias da Cecília segue "firme e forte". A empreendedora considera: "Tenho cinco funcionárias que preciso manter. Além da minha família, me preocupo com mais cinco que precisam de sustento". Para mãe e filha, que recebem diversos pedidos de encomendas, a marca se tornou um "sonho real": "É inexplicável! É prazeroso ter nossas delícias reconhecidas, saber que o cliente comeu, gostou e voltou! Sempre que as comemorações chegam, eles correm logo para encomendar".

Para quem deseja empreender no ramo, Cecília aconselha: "Continuem, não desistam. Tudo passa, essa pandemia vai passar. Vamos vivendo um dia de cada vez com fé que Deus está presente em tudo".

Dica da Chef

Para quem adora coxinha acompanhada de um molho, a chef Lia Quinderé compartilha receita de como fazer seu próprio ketchup. "Esse molho é uma delícia, vai bem com as coxinhas salgadas", sugere a chef. Confira!

Ingredientes

10 tomates italianos
Tomilho fresco
100ml de Vinagre de Alcool
50g de Açúcar refinado
Sal à gosto

Modo de preparo

Corta os tomates, coloca fatias de alho em cima de cada tomate, sal e tomilho
Leva ao forno 150oC por mais ou menos 2h (leve desidratada e caramelizada)
Bate no liquidificador os tomates, açúcar refinado, vinagre e bate

Tem vegana!

No canal no YouTube Larica Vegana, Luísa Motta ensina a preparar uma coxinha vegana de carne de casca de banana com catupiry, sem glúten.

Mais curiosidades

- A coxinha tem o seu próprio dia no calendário brasileiro, comemorado em 18 de maio;

- Uma das versões mais famosas sobre a origem desse aperitivo remonta ao Século XIX. A coxinha teria sido criada em Limeira, município no Centro-Leste do Estado de São Paulo;

- A lenda diz que um menino, que seria filho da princesa Isabel e do Conde D'Eu, vivia numa fazenda em Limeira. Segundo a história, por ser criança com deficiência intelectual, ele era mantido longe da Corte. Por adorar coxas de frango, certo dia, a cozinheira transformou toda a carne de uma galinha em coxas;

- No livro "Cozinheiro moderno, ou nova arte de cozinha" (1780), consta a receita "Coxas de franga, ou galinhas novas ao bazilico", semelhante à coxinha. A obra está disponível no site da Biblioteca Nacional de Portugal.

Rota da coxinha

Sucré
“Acredite na felicidade”
Onde: rua Nunes Valente, 1310 - Aldeota
Instagram: @sucrepatisserie
Contato: (85) 3268 2983
Whatsapp: (85) 99997 8713
*realiza entregas e disponível nos supermercados

Delícias da Cecília
“Delícias compartilhadas com amor”
Onde: rua Bernardo Figueiredo, 2684 - Parquelândia
Instagram: @deliciasdaceciliagourmet
Contato: (85) 3283 1416
Whatsapp: (85) 98791 9178
*pedidos a combinar

Maria Coxinha
Onde: rua Marechal Lott, 20 - Cidade dos Funcionários
Instagram: @mariacoxinhaoficial
Whatsapp: (85) 9878 09531
*realiza entregas

LanLan
“Muito mais que uma coxinha!”
Instagram: @lanlanoficial
Mais info: lanlanoficial.com.br/delivery
*realiza entregas

DuConde
Onde: Reserva Open Mall, Pátio Messejana, Fábrica Messejana e Shooping Eusébio
Instagram: @ducondegourmet
*realiza entregas

Alê Coxinha
Onde: Quintino Cunha e Meirelles
Instagram: @alecoxinhaoficial
Contato: (85) 98848-3212.
* realiza entregas

Coxinha do Seu Vicente
Onde: Lago Jacarey, Cidade dos Funcionários e Bairro de Fátima
Instagram: @coxinhadoseuvicente
Contato: (85) 99664-3102
*realiza entregas

Loucos por Coxinha
Instagram: @loucosporcoxinha
Mais info: https://linktr.ee/loucosporcoxinha
*realiza entregas

Ateliê da Coxinha
Instagram: @ateliedacoxinha_
Contato: (85) 9281-4423
*realiza entregas

Coxinha da Hora Cj. Ceará
Onde: Conjunto Ceará
Instagram: @coxinhadahoracjceara
Contato: (85) 9 8591-7724
*realiza entregas

Coxinha Cream
Instagram: @coxinhacream
*realiza entregas e disponível nos supermercados