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Projeto Princesinha de Favela exalta a beleza na periferia de Fortaleza
Vida & Arte

Projeto Princesinha de Favela exalta a beleza na periferia de Fortaleza

A realeza está na favela! Projeto Princesinha de Favela une moda, beleza, fotografia e audiovisual para exaltar as identidades das periferias da Capital cearense
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Campanha "Princesinhas do Barroso" para a marca Onijo é a primeira produção da Princesinha de Favela enquanto agência  (Foto: Flávia Almeida/@projetoprincesinhadefavela)
Foto: Flávia Almeida/@projetoprincesinhadefavela Campanha "Princesinhas do Barroso" para a marca Onijo é a primeira produção da Princesinha de Favela enquanto agência

Exaltar a cultura negra e periférica por meio da moda, da beleza, da fotografia e do audiovisual. Essa é a premissa do projeto Princesinha de Favela, formado por Helen de Sá, Geórgia Pinheiro, Thais Rodrigues e Flávia Almeida. A agência e produtora independente mescla diversas linguagens para empoderar meninas de comunidades e dar visibilidade à cultura das favelas, dos morros e dos asfaltos — do Jangurussu, bairro fortalezense de origem e atuação do coletivo, para o mundo.

Com trabalhos autorais divulgados pelo Instagram desde 2018, o coletivo iniciou uma nova fase recentemente. A Princesinha de Favela lançou, no mês passado, a primeira produção enquanto agência e produtora. A campanha para a marca Onijo, intitulada “Princesinhas do Barroso”, criou uma rede de articulação econômica entre profissionais pretos e da periferia da Capital. O projeto contou com equipe de modelos, produtoras, assistentes, design de moda, artistas da beleza e do audiovisual. Foram dois dias de fotografias em estúdio e externas. O resultado está disponível nas redes sociais.

Até então, os trabalhos eram produzidos com materiais emprestados. As produções, geralmente, eram realizadas nas casas das meninas das comunidades, associações de moradores e praças. “Nós temos um mapeamento de bairros que já fomos e dos que ainda vamos”, diz Helen de Sá, maquiadora profissional e idealizadora da Princesinha de Favela. Além de Jangurussu e Barroso, a produtora já passou por locais como Serrinha, Poço da Draga e Dias Macedo.

Com o auxílio da Lei Aldir Blanc de apoio à cultura, o coletivo conseguiu adquirir a primeira câmera e os acessórios fotográficos para sua atuação, além de remunerar toda a equipe na campanha “Princesinhas do Barroso”. Esse é o primeiro passo para a criação de um estúdio próprio. “Queremos ser uma produtora completa, com moda, dança e audiovisual”, projeta Thais Rodrigues. Flávia Almeida complementa: “Para isso, precisamos de trabalhos para conseguir manter o aluguel de uma casa para o estúdio”. A agenda para novas campanhas está aberta.

Trajetória real

Princesinha de Favela para a marca Onijo
Foto: Flávia Almeida/@projetoprincesinhadefavela
Princesinha de Favela para a marca Onijo

Tudo começou quando a maquiadora Helen de Sá, ao participar de uma entrevista de emprego, ouviu da recrutadora que sua “imagem” passava uma mensagem “agressiva” aos clientes. Daquele dia em diante, ela decidiu “dar um basta” a episódios como esse.

Thais e Geórgia moravam juntas no bairro Serrinha. Quando Helen relatou às amigas o episódio de racismo, elas resolveram se unir para produzir um ensaio fotográfico caseiro. Segundo Helen, a ideia era “retratar a estética da favela como bela e, também, tendência”. Com a força das amizades, não pararam desde então. “No começo, eram só umas fotos, mostrando o quanto a gente tinha orgulho da favela e da nossa beleza, que não era o padrão”, diz Thais.

O nome do coletivo teve inspiração na música “Princesinha da Favela”, da Banda A Loba. Completando o quarteto, a artista visual e fotógrafa Flávia Almeida foi convidada para participar de uma produção e, desde então, segue “no corre”.

O coletivo se inspira nas histórias “das rainhas e princesas afro-brasileiras”, nas vivências de vizinhas, mães, tias, avós e amigas. Nas favelas, há a herança de rainhas, reis, príncipes e princesas do continente africano, que foram símbolos de resistência da escravidão no País. Para Helen, a Princesinha da Favela se posiciona enquanto propagadora das identidades que vivem a realidade das periferias, ocupando um lugar de reconhecimento político da beleza periférica e estimulando a autoestima de diversas meninas.

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Num contexto em que as favelas sofrem diversas fragilidades, como a falta de serviços básicos e altos índices de violência, a canção “AmarElo” — interpretada por Emicida, Majur e Pabllo Vittar — lembra: “Permita que eu fale, não as minhas cicatrizes/ Se isso é sobre vivência, me resumir à sobrevivência/ É roubar o pouco de bom que vivi”.

Conheça quem faz

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Instagram: @projetoprincesinhadefavela

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