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Com exibição gratuita de 36 curtas, 4º CineFestival inicia nesta segunda, 15
Vida & Arte

Com exibição gratuita de 36 curtas, 4º CineFestival inicia nesta segunda, 15

4º CineFestival - Festival de Cinema do Vale do Jaguaribe acontece até sábado, 20, com exibição gratuita de curtas-metragens em plataforma virtual
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Filme 'Noite de Seresta',  de Sávio Fernandes e Muniz Filho, levou os prêmios de Melhor Produção Cearense, Melhor Documentário e Melhor Direção pelo Júri Oficial (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Filme 'Noite de Seresta', de Sávio Fernandes e Muniz Filho, levou os prêmios de Melhor Produção Cearense, Melhor Documentário e Melhor Direção pelo Júri Oficial

Quando ainda era possível aglomerar, o CineFestival - Festival de Cinema do Vale do Jaguaribe, levou à Praça do Estudante, em Russas, uma exibição especial do longa-metragem “Pacarrete” (2020). O premiado filme foi gravado na terra natal do diretor, Allan Deberton — também realizador do evento. Era 2019, ano que antecedeu a necessidade das máscaras e do isolamento social para o enfrentamento à Covid-19. Um tempo em que se podia “respirar” cinema sem as devidas restrições do agora, na sala escura ou à céu aberto. Em sua quarta edição, o CineFestival retorna em 2021. De 15 a 20 de março, a programação conta com exibição gratuita de curtas-metragens, além de premiações, homenagem, debates e oficinas sobre cinema independente, em plataforma virtual exclusiva.

Com curadoria de Pedro Azevedo, programador do Cinema do Dragão, os 36 filmes estão divididos entre as mostras Competitiva Nacional, Mostra Criança, Mostra Negra, Mostra Melhor Idade, Mostra Universitária, Mostra Cearense e Mostra Diversidade (LGBTQIA+). O festival recebeu 300 curtas-metragens brasileiros. “O CineFestival tenta ser uma alternativa de descentralização do circuito de festivais, que é bastante amplo, mas também centralizado nas Capitais”, diz Pedro.

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Para o curador, é necessário um festival no interior do Estado, com o olhar atento ao cinema brasileiro contemporâneo, especialmente aos filmes feitos no Ceará e na região Nordeste do Brasil. A seleção tem como ponto central os filmes com “alto poder de comunicabilidade e recepção” e filmes que “desafiam o espectador, seja por propostas narrativas ou estéticas” — explica Pedro. Com a dinâmica virtual, as produções podem não só dialogar com o público do município de Russas, mas também com o público nacional e até internacional.

PREMIAÇÃO

Os filmes da Competitiva Nacional concorrem — em diversas categorias — ao Troféu Araibu, criado e produzido pela Associação dos Artesãos e Artistas Plásticos de Russas. Com título em homenagem ao Riacho Araibu, patrimônio histórico do município cearense, o prêmio é feito da carnaúba, árvore-símbolo do Estado do Ceará. Para avaliar tal mostra, compõem o Júri Oficial: o diretor de fotografia Daniel Donato, a atriz e diretora Georgina Castro e o roteirista e produtor cultural Rodrigo Passolargo.

Já o Júri da Crítica, formado por Eric Magda, Rafael Vasconcelos e Vinícius Bozzo, concederá o Prêmio da Crítica, uma honraria concedida em parceria com a Associação Cearense de Críticos de Cinema (Aceccine). Em votação aberta na plataforma virtual do CineFestival, o público decidirá o prêmio de Melhor Curta Nacional pelo Júri Popular. Encerramento e anúncio dos vencedores acontece no sábado, 20, às 20 horas, com transmissão online via Instagram (@cinefestivalrussas).

Verônica Guedes, cineasta e diretora do For Rainbow - Festival de Cinema e Cultura da Diversidade Sexual e de Gênero
Verônica Guedes, cineasta e diretora do For Rainbow - Festival de Cinema e Cultura da Diversidade Sexual e de Gênero

HOMENAGEM

Verônica Guedes, cineasta e diretora do For Rainbow - Festival de Cinema e Cultura da Diversidade Sexual e de Gênero, que acontece ininterruptamente há 14 anos, será a homenageada do 4º CineFestival.

Ao O POVO, ela expressou a gratidão pelo reconhecimento: "Eu me sinto muito feliz e lisonjeada. Considero o CineFestival de Russas um dos festivais mais importantes daqui. Creio eu que, guardadas as proporções, é um dos mais importantes do Brasil em termos de conteúdo cinematográfico e oficinas. É feito com muita competência pelo Allan Deberton, um amigo querido, que foi produtor executivo do For Rainbow por muito tempo. Só tenho a agradecer, porque estou ao lado de pessoas muito bacanas, como a Patricia Baia, uma grande produtora homenageada na edição passada. Estou feliz, muito feliz!".

Experiências

O cineasta Sávio Fernandes participou da 3ª edição do CineFestival, com o curta-metragem "Oração ao cadáver desconhecido". Por ter sido inspirado nas viagens que fazia com seu pai ao interior do Ceará, a exibição do filme em Russas teve um significado ainda maior. "Foi incrível! A gente pôde conhecer vários realizadores de diversas partes do Brasil. Teve a exibição incrível de 'Pacarrete'. Um momento que a gente respirava cinema, sabe? Foi muito bacana. Estávamos na sala do cinema, vendo nossos filmes projetados, com as pessoas da cidade interagindo com a gente e o filme dialogando com pessoas da cidade", destaca.

Agora, o curta "Noite de Seresta", de Sávio Fernandes e Muniz Filho, integra a Competitiva Nacional do 4º CineFestival. "O filme está fazendo uma carreira muito bacana. Espero que consiga chegar a novos públicos. Eu tenho muito carinho pelo festival e é um prazer imenso participar mais uma vez", diz Sávio. Outra produção cearense concorre ao Troféu Araibu: "Preces precipitadas de um lugar sagrado que não existe mais", de Rafael Luan e Mike Dutra.

Cineasta Allan Deberton durante o 3º CineFestival, em Russas, no ano de 2019.
Cineasta Allan Deberton durante o 3º CineFestival, em Russas, no ano de 2019.

DESEJO PULSANTE DO CINEMA

Há algumas décadas, o Cine 5 de Junho deixava de existir na cidade de Russas. No mesmo local, agora, funciona uma padaria. Com o desejo do retorno de um cinema por ali, o médico Dr. Zilzo criou uma sala, mas o equipamento não chegou a funcionar. Para Allan Deberton, ele é um "visionário". Quando o cineasta encontrou aquela sala, um estalo veio à mente: "Que lugar incrível para fazer um festival!". Assim nasceu o CineFestival. em 2013. Desde aí, o evento posiciona a região do Vale do Jaguaribe no eixo de circulação e difusão do cinema independente brasileiro.

"Levamos a Russas os realizadores, ministramos oficinas, promovemos debate. Foi um sucesso. Tudo feito na marra, patrocínio quase zero. Fizemos acontecer a segunda e a terceira edição, sem conseguir, entretanto, manter o cronograma anual do evento, meu desejo maior", conta Allan Deberton.

Com recursos da Lei Aldir Blanc de apoio à cultura e apoio do Edital do Audiovisual da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, o evento chega à sua quarta edição em formato online, "com o desejo de ampliar o diálogo com o cinema e formar plateias". Allan Deberton comemora: "Há filmes para todos os gostos. A plataforma é super interativa, de fácil acesso. O usuário pode dar nota aos filmes após assistir. Temos também acontecendo três webinars (videoconferências) incríveis, potencializando a produção dos novos realizadores. Não deixem de aproveitar, é um festival inteiro dentro de casa".

Um ponto de vista

Com a pandemia, diversos setores passaram por dificuldades, incluindo o audiovisual. Entretanto, nunca se precisou tanto de arte e cultura para atravessar tempos tão conturbados. O virtual foi uma alternativa nesse sentido. Ao mesmo tempo, o Brasil se vê num processo de criminalização da arte e dos artistas.

Allan Deberton analisa: "É muito cansativo reclamar da falta de atenção à cultura neste governo. Já entendi que quem está no cargo de presidente da república de fato pouco se importa com as pessoas, com o coletivo, com a arte, com as diferenças. Foi feito um desmonte, um desarranjo em tudo. É proposital! Hoje o artista tem que se virar. O que tínhamos de um cinema brasileiro pulsante, com produção a todo vapor, empregando e promovendo enorme valorização de nossa identidade artística, hoje se resume a um trabalho maçante, de processos judiciais, de projetos parados em busca de aprovação. A Lei Rouanet funcionava, mas deram um jeito de desmoralizá-la. Isso tudo é tão prejudicial... Não é só lazer, sabe? É identidade. É ter orgulho da nossa imagem, do país, de nossa gente e o que fazemos. Em momentos de Covid, percebemos bem como a arte é essencial. Mas quem a faz? Não são os artistas? Lembro bem de quando, em meados do silêncio do lookdown de maio do ano passado, como foi emocionante ouvir uma voz cantante no condomínio, vindo de alguma janela, acompanhado de um piano. Ou quantos filmes incríveis tive oportunidade de descobrir".

Selecionados da Competitiva Nacional

Concorrem ao Troféu Araibu:

- 4 Bilhões de Infinitos, de Marco Antônio Pereira (MG)
- Abjetas 288, de Júlia da Costa e Renata Mourão (SE)
- A Destruição do Planeta Live, de Marcus Curvelo (BA)
- A Morte Branca do Feiticeiro Negro, de Rodrigo Ribeiro (SC)
- Drama Queen, de Gabriela Luíza (MG)
- Estamos Todos na Sarjeta, Mas Alguns de Nós Olham as Estrelas, de João Marcos de Almeida e Sergio Silva (SP)
- Inabitável, de Matheus Farias e Enock Carvalho (PE)
- Noite de Seresta, de Sávio Fernandes e Muniz Filho (CE)
- Pega-se Facção, de Thaís Braga (PE)
- Preces Precipitadas de um Lugar Sagrado que Não Existe Mais, de Rafael Luan e Mike Dutra (CE)
- Rasga Mortalha, de Thiago Martins de Melo (MA)
- Você Tem Olhos Tristes, de Diogo Leite (SP)
- Won’t You Come Out To Play?, de Julia Katharine (SP)

Mais info: lista de selecionados da Mostra Paralela, com filmes divididos em Mostra Cearense, Mostra Universitária, Mostra Negra, Mostra Diversidade (LGBTQIA+), Mostra Criança e Mostra Melhor Idade, disponível em cinefestival.com.br

4º CineFestival - Festival de Cinema do Vale do Jaguaribe

Quando: de 15 a 20 de março

Onde: cinefestival.com.br

Mais info: @cinefestivalrussas

Acompanhe ainda: Sindimuce faz campanha para os músicos cearenses

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